A revolução da mobilidade inaugurou o mercado de software para aparelhos móveis - e os pioneiros enxergam uma oportunidade semelhante à dos primeiros




Na década de 1980, quando a computação pessoal dava seus primeiros passos, alguns empreendedores começaram a construir uma das indústrias mais dinâmicas e lucrativas que o mundo dos negócios já conheceu: a indústria do software. Os computadores ainda eram uma raridade fora do mundo das empresas, mas aqueles pioneiros acreditavam na massificação do mundo digital. Um deles chegou a proclamar que haveria um computador em cada mesa e em cada casa. Seu nome? Bill Gates. Avance o filme uns 20 anos.

Uma nova leva de visionários acredita que uma janela de oportunidade semelhante está se descortinando agora. São os pioneiros do mundo do software para celulares. Mais especificamente os smartphones, aparelhos que têm telas maiores e recursos computacionais mais avançados. No ano passado foram vendidas 115 milhões de unidades. A estimativa é que esse número chegue a meio bilhão em 2012. No mundo da tecnologia, não há mais dúvida: a próxima grande fronteira vai acontecer na tela dos celulares.Mas não é preciso esperar o futuro para entender o potencial do mercado de programas para smartphones. Apenas seis meses depois do lançamento da App Store, o serviço que centraliza os softwares criados para o iPhone, mais de 300 milhões de aplicativos foram baixados - de graça ou mediante pagamento - por usuários do telefone da Apple.

O conjunto de ferramentas que permitem aos desenvolvedores criar os programas para o iPhone foi copiado mais de 100 000 vezes na primeira semana em que foi colocado à disposição no site da Apple. Depois do êxito da Apple, outras empresas criaram estratégias semelhantes. Em outubro, Nokia - sócia majoritária do sistema operacional Symbian -, RIM, criadora do BlackBerry, e Sony Ericsson lançaram suas lojas online de aplicativos e serviços de download.

Na esteira da popularidade desses sistemas, algumas empresas estão se dedicando a escrever programas só para celulares. A MTM Tecnologia, de Salvador, concentra os esforços em programas para profissionais da área médica e hospitalar. "O celular servia para telefonar. Depois, passou a servir também como ferramenta de e-mail. Agora, estamos entrando em uma nova etapa da tecnologia", diz Gustavo Perez.
A Evermobile, de São Paulo, faz sistemas de operações bancárias e quadruplicou de tamanho em dois anos: passou de dez para 40 programadores. Mas uma oportunidade ainda maior pode existir no mercado de consumidores finais. "Enquanto a internet chega a 40 milhões de pessoas, os celulares pertencem a 140 milhões de brasileiros", diz Raul Pavão, diretor de marketing e alianças da EverMobile.

Muitas companhias especializadas em criar programas para uso corporativo estão mudando de estratégia diante do crescimento do mercado consumidor. "Estamos prestes a assistir a uma virada", acredita Cesar S. Cesar, diretor de estratégia e marketing da Hands, que adapta sites da internet para smartphones. No primeiro semestre de 2008, os aplicativos de entretenimento e jogos aumentaram em número de downloads. Segundo a Handango, provedora de sistemas para smartphone, esse tipo de aplicativo representou 42% das unidades vendidas. Em contrapartida, os sistemas corporativos ficaram em 15%, ante 13% em 2007.

O mercado de software para celulares é promissor, mas ainda restam muitas questões a responder. Uma das mais importantes é sobre a variedade de sistemas existentes. Hoje, quatro sistemas competem pela liderança. A Nokia e seu sistema Symbian detêm a maior fatia do mercado, mas vem perdendo espaço rapidamente para Apple e RIM. Na prática, isso significa que as empresas que criam programas para celulares têm um dilema: ou apostam em uma tecnologia ou então são obrigadas a adaptar seus produtos a todos os sistemas.A revolução da mobilidade inaugurou o mercado de software para aparelhos móveis - e os pioneiros enxergam uma oportunidade semelhante à dos primeiros computadores

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Essa é uma questão que não existe no mundo dos PCs, pelo menos por enquanto. Como o Windows detém 90% do mercado, é praticamente obrigatório desenvolver para a plataforma da Microsoft - e eventualmente se fazem também versões para o mundo Macintosh ou Linux. Outro ponto em discussão é o poder que os donos das plataformas têm sobre os desenvolvedores.

No modelo que está se consolidando, a Apple ou a RIM submetem os softwares a um processo de aprovação e têm inclusive o controle sobre o sistema de distribuição. A empresa de Steve Jobs, por exemplo, cobra 30% do valor da venda dos aplicativos a título de prestação de serviço. Estima-se que só com esse "pedágio" a Apple tenha faturado entre 50 milhões e 100 milhões de dólares.

Jogo aberto
Mas nenhuma dessas incertezas deve barrar o desenvolvimento da nascente indústria do software móvel. Numa apresentação recente, a analista Mary Meeker, do banco Morgan Stanley, previu uma aceleração dramática dos negócios ligados à mobilidade, ao passo que as empresas de internet, até pouco tempo atrás as estrelas do mundo digital, vão ser duramente atingidas pela crise financeira mundial e por uma eventual redução em investimentos de publicidade. Se Bill Gates amealhou uma fortuna com a previsão de um computador por mesa, o que esperar do dia em que houver um smartphone no bolso de cada habitante do planeta?

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