O Nokia N85 dá um baile no N95
Como nem tudo são sinfonias finlandesas, o aparelho é um pouco mais lento. Mas e aí, somando prós e contras, será que ganha do N95 8GB e do N96? Para verificar isso, ficamos uma semana judiando do celular com fotografia, música, navegação em alta velocidade e tudo o mais que ele proporciona. Nossa conclusão: se você dá um pouquinho de importância ao design dos produtos e não liga para certas limitações meio insignificantes, como tela 0,2 polegada menor, o N85 é mais negócio, embora os 1 899 reais não sejam um valor animador.
Para ficar meio centímetro mais fino que seus irmãos mais velhos, o smartphone adota basicamente duas mudanças estratégicas. Em vez de memória flash interna, ele usa um cartão microSD com os mesmos 8 GB e deixa apenas 78 MB dentro do telefone (infelizmente, não dá para colocar um cartão maior, pois o equipamento não suporta). É exatamente o oposto do que a Nokia havia feito para ganhar em armazenamento na segunda geração do N95. A outra novidade está na tela de 2,6 polegadas, agora com a tecnologia OLED. Além de garantir uma evolução considerável em quesitos como brilho e definição, o material ocupa menos espaço.
Novas soluções e velhos problemas
Se a tela dos smartphones série N da Nokia ainda não é sensível ao toque, pelo menos o botão central do N85 agora é. Ele permite fazer movimentos circulares, como num iPod, ajudando na seleção dos menus. É uma novidade interessante, mas pelas características do sistema operacional, esse controle não é dos mais intuitivos para o usuário. Além disso, a sensibilidade do botão precisa melhorar muito para evitar imprecisões na hora de selecionar as opções desejadas.
No formato, o aparelho mantém uma das características que fez o sucesso do N95: o teclado deslizante, mostrando números de um lado e controles multimídia do outro. Mas se a dificuldade para digitar era um ponto fraco, aqui ficou ainda pior. A base do teclado é lisa, sem a tradicional ondulação, e também não há uma separação notável entre os botões, confundindo até aquele usuário fera em produzir mensagens SMS só pelo tato. O ideal é apelar para a sugestão de caracteres.
Como agora todos os controles multimídia são iluminados e não possuem relevo, eles apagam junto com a tela para economizar energia após algum tempo sem uso e dificultam a identificação das funções. O mesmo vale para alguns botões da parte da frente, que não respondem muito bem na navegação pelos menus. Neste caso, a solução do N95 era melhor, com teclas separadas para cada função. No mais, a única reclamação sobre o hardware fica para o slot microSD, que possui uma tampa frágil e dificulta a retirada do cartão, principalmente para quem tem dedos grandes.
O que continua legal
O grande mérito da fabricante com o N85 foi mexer em todos esses pontos problemáticos e oferecer uma versão light do N95 sem diminuir o arsenal de recursos. As características mais amadas pelos donos do smartphone número um da Nokia estão todas ali – navegação em alta velocidade por redes 3G com HSDPA ou usando uma conexão Wi-Fi, câmera de 5 MP com lente Carl Zeiss e sistema para receber sinais de satélite para GPS.
As fotos clicadas no INFOLAB apresentaram exatamente a mesma qualidade, permitindo impressões até maiores que o tradicional formato em 10 por 15 centímetros. Mas a câmera teve dois avanços importantes: ganhou uma proteção para a lente e um flash mais potente. Ela tem sete modos de foto e opções para ajustar exposição, sensibilidade e controle de branco. O modelo grava filmes em MPEG-4 com resolução de 640 por 480 pixels e 30 quadros por segundo. Um bom diferencial é a conexão P2, que serve tanto para áudio como para vídeo composto. Ou seja, dá para ligar o aparelho na TV e curtir seus vídeos caseiros.
A plataforma do N85 é ótima para quem deseja um co-piloto virtual. Mas ele vem com uma licença de apenas seis meses para o Nokia Maps. Depois disso, se você quiser receber indicações de curvas em tempo real, enquanto estiver dirigindo um carro, será necessário comprar um programa de navegação. Uma mancada é a falta do carregador veicular, importante para quem usa muito o GPS, tradicionalmente um grande comedor de bateria.
O que piorou
Uma grande reclamação dos usuários desses aparelhos série N é quanto à baixa autonomia da bateria. Em relação ao N85, sinto em informar, mas ela está um pouco pior. Nos testes realizados pelo INFOLAB, o aparelho ficou vivo por apenas 417 minutos durante chamadas de voz, enquanto o N95 8GB tinha, ao menos, passado a casa dos 500 minutos. Mas se o assunto são decepções, não é preciso pensar muito para dizer que a maior delas é a lentidão do sistema. Isso é um efeito colateral da memória RAM menor (72 MB em vez de 128 MB) e da substituição do espaço interno para armazenamento por um cartão microSD.
Para quem vai pesar esse aspecto na hora da compra, saiba que a lerdeza não é tão irritante assim. Conseguimos assistir sem travadas ao filme Batman – O Cavaleiro das Trevas, que vem no cartão de memória. Porém, quando você abre várias funções, o sistema operacional mantém todas rodando de fundo, provocando mais atravancadas. Para evitar isso e curtir os recursos multimídia, basta fechas todos os aplicativos antes.
O que mais
É possível notar uma pequena evolução nos alto-falantes do celular, embora ambos fiquem do mesmo lado. Outra melhoria no quesito curtição musical é quanto à posição do conector para fone, agora na parte de cima, e não mais na lateral. Isso é bom para quem ouve música dentro do ônibus ou andando na rua. Nesses casos, geralmente o aparelho está dentro do bolso e na vertical. O problema é que o fone, em si, continua meia boca.
Outra interface que mudou foi a de dados e energia – agora ela é microUSB. Essa alteração garante a finura do smartphone, porém é mais difícil encontrar cabos compatíveis. Para finalizar, há mais um detalhe que quase passa despercebido. A carcaça tem um botão lateral para desbloquear o celular. Antes, era preciso apertar duas teclas ou abrir o slide para isso. E, como você sabe, quanto menos você mexer na tampa em aparelhos desse tipo, maior é a durabilidade.
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