Concorrentes abrem guerra contra Apple na CES 2012


Enquanto o mercado de smartphones ficou em polvorosa, os anúncios de tablets competidores do iPad não foram tantos quanto se esperava. Foto: macmais

Enquanto o mercado de smartphones ficou em polvorosa, os anúncios de tablets competidores do iPad não foram tantos quanto se esperava
Foto: macmais


O iPhone 4S foi um grande sucesso de vendas da Apple em 2011, mesmo sem ter trazido nenhuma mudança visual arrebatadora. Fato. O iPad 2 é o tablet mais vendido do mundo no ano passado, tendo, inclusive, conseguido derrubar grandes concorrentes, como o TouchPad da HP, que saiu de cena depois de poucos meses no mercado. Fato. E o MacBook Air, um dos notebooks mais finos do mundo, também foi um dos grandes sucessos da empresa nesses últimos meses, sendo um dos responsáveis pelo crescimento da plataforma Mac, segundo pesquisa feita em setembro pela IDC. Hoje, a Apple é o terceiro fabricante de computadores nos Estados Unidos, sendo a única fabricante de PCs que continua crescendo (20% no aumento das vendas em 2011), em um mercado que parece definhar, com queda de 6% nas vendas no geral.
SÉRGIO MIRANDA
Direto de Las Vegas

Mas parece que o cenário pode ser muito diferente para a Apple nesse ano que começa. Pelo menos, essa é promessa vista na CES 2012, a principal feira de tecnologia dos Estados Unidos. Durante a semana do evento, que aconteceu em Las Vegas, o que se viu foi um grande avanço na área dos smartphones. Foram mais de 20 lançamentos de smartphones diferentes, aumentando a guerra pela preferência do público na escolha do seu próximo telefone inteligente. Inclusive, nas ruas, é possível perceber o aumento no número de aparelhos Android sacados dos bolsos, em lugares onde o iPhone antes reinava soberano. Além disso, o mercado de tablets começa a reagir contra o domínio do iPad e os novos Ultrabooks estão prontos para tentar arrebatar os corações dos usuários.

Mais espertos e maiores
O mercado de smartphones está em polvorosa. Praticamente todos os aparelhos mostrados durante a CES 2012 já estão preparados para as novas redes 4G LTE, que prometem ser muito mais rápidas que a atual 3G. A operadora AT&T pegou pesado em sua campanha de divulgação do lançamento de sua rede 4G, se associando a diversos fabricantes e conseguindo, inclusive, a exclusividade do mais recente lançamento da Nokia, o Lumia 900, que deve chegar aos EUA ainda no primeiro semestre.

Cada vez mais, os fabricantes optaram por telas maiores e mais brilhantes. O HTC Titan II chega com novidades interessantes, como sua tela de 4,7 polegadas e uma câmera de 16 megapixels, número realmente impressionante para um smartphone. O uso de displays AMOLED também parece se tornar o padrão da indústria de smartphones, com diversos modelos adotando a tecnologia que permite telas que reproduzem cores muito mais vivas. O gigantesco Samsung Galaxy Note, uma mistura de smartphone e tablet, com sua tela de 5,3 polegadas AMOLED (resolução de 1280 x 800 pixels), trouxe de volta a stylus (canetinha) como uma de suas principais atrações (como se sabe, Steve Jobs não gostava desse acessório, dizendo que usar o dedo era muito mais intuitivo).

E no que diz respeito a processadores, as novidades também foram muitas. A Intel anunciou sua entrada oficial nesse mercado, com aparelhos que terão os chips Medfiels, baseados na plataforma Atom. O primeiro da nova série será o Lenovo k800, anunciado na CES 2012. Motorola também já anunciou que usará os novos processadores da Intel, que teria conversado com diversos outros fabricantes de smartphones, inclusive com a Apple, que usa um chip proprietário em seus dispositivos iOS (o A5, baseado no ARM).

Todos esses avanços mostram que o iPhone, apesar do seu inegável sucesso, deverá encontrar uma grande concorrência em 2012. As telas grandes de mais de 4 polegadas caíram no gosto popular e, além do constante crescimento da plataforma Android, agora terá que enfrentar os Windows Phones, que devem se popularizar com a chegada dos novos aparelhos prometidos para este ano, principalmente os da Nokia, que volta com força ao mercado americano depois de ficar um ano longe das prateleiras nos EUA.

Nem tantos tablets assim
Enquanto o mercado de smartphones ficou em polvorosa, anúncios de tablets competidores do iPad não foram tantos quanto se esperava. A enxurrada de promessas da CES 2011 que não vingaram deixou uma marca profunda nos fabricantes: é preciso ser muito mais do que uma tela bonita e um preço baixo para encarar o tablet da Apple.

As vendas baixas dos tablets rodando Android contribuíram para o fraco desempenho na área de lançamentos. Porém, pode-se esperar uma nova corrida contra o iPad, pelo menos é o que promete a Nvidia, que aposta muitas fichas em seu novo processador Tegra 3, com quatro núcleos. Um protótipo criado pela própria Nvidia foi usado durante a apresentação da Microsoft na abertura da CES 2012 para mostrar o uso do futuro Windows 8 em um tablet. Enquanto isso, Toshiba, Asus, Lenovo e Motorola correram também em mostrar protótipos de futuros tablets rodando o Android 4.0, batizado de Ice Cream Sandwich.

Apesar de não haver nenhuma previsão de quando ele chegará ao mercado (inclusive, todos os fabricantes de smartphones se apressaram em dizer que seus lançamentos sairão de fábrica ainda com a versão 2.3, Gingerbread, mas serão compatíveis com o 4.0, quando ele for oficialmente lançado), o novo Android promete ser um grande refinamento da plataforma criada pela Google. Gráficos melhores, integração entre serviços de calendário, e-mail e agenda, acessibilidade entre outras novidades já foram mostradas pela Google, só se espera ver na prática o quanto isso será nocivo para o iOS da Apple.

Em outras palavras, o iPad continuará rei em 2012, se depender do mostrado na CES.

E no planeta Ultra...
Precisamos nos conformar com um fato da vida: os netbooks morreram, vida longa aos Ultrabooks. Com o apoio irrestrito da Intel, a CES 2012 foi um grande palco para o anúncio de diversos protótipos de fabricantes como HP, Lenovo e Asus, todos comprometidos com esse novo modelo de computador portátil. Apresentado em maio do ano passado na Computex, o conceito do Ultrabook é de conseguir uma performance excelente em um notebook pequeno, de até 13 polegadas, fino e leve. Isto é, tudo que o MacBook Air já era em 2008.

A principal diferença é que esses novos Ultrabooks virão com o Windows 8 instalados. Alguns modelos, inclusive, foram usados pela Microsoft em seu discurso de abertura da CES 2012, como o da Portege M930, da Toshiba. A Acer, inclusive, apresentou um modelo, o Aspire S5, considerado o mais fino Ultrabook fabricado e com uma porta Thunderbolt para conexões mais rápidas com periféricos. Como se sabe, a tecnologia Thunderbolt foi desenvolvida pela Intel com parceria da Apple.

No quesito formato, bem, ao que parece os advogados da Apple terão muito trabalho este ano, já que diversos modelos são cópias deslavadas do design criado por Jonathan Ive. Foram cerca de 20 Ultrabooks apresentados nos quatro dias da feira, com alguns destaques muito interessantes. Com preços que vão até US$ 1 mil (o mesmo do MacBook Air de 11 polegadas), os Ultrabooks prometem ser a sensação do ano de 2012. E no que depender da Intel, eles serão muito mais do que uma febre passageira, como os netbooks.

E a Apple nisso tudo?
O que se viu durante a CES 2012 parece ser o mundo contra a Apple. Smartphones, tablets, Ultrabooks, todos eles tentando tirar o primeiro lugar do iPhone, do iPad e do MacBook Air. Enquanto na seara dos tablets a Apple parece ter uma luta mais tranquila, no campo dos smartphones e notebooks, parece que a guerra será sangrenta e longa.

O lançamento do iPhone 4S foi um grande sucesso, os números de vendas mostram isso, mas o fato de não haver grandes mudanças visuais (algo que desagradou muitos usuários) e poucas grandes novidades (câmera de 8 megapixels não é necessariamente algo revolucionário e o Siri ainda está em fase beta), acabou abrindo espaço para um contra-ataque dos concorrentes. E eles, desta vez, souberam aproveitar a brecha.

Ao que tudo indica, o padrão de telas com 4 polegadas e maiores já pegou entre os usuários. O Galaxy S da Samsung é uma prova viva disso. Para cada iPhone visto nos arredores do Las Vegas Convention Center, havia um outro Galaxy com tela de 4 polegadas por perto. Com a volta da Nokia para os Estados Unidos, em parceria com a AT&T, a batalha ganha mais um grande competidor, que trouxe promessas bastante interessantes e que conseguiram ganhar a atenção de todos. Não foi por acaso que o Lumia 900 arrebatou praticamente todos os prêmios oferecidos durante o evento.

Além disso, ficou claro e evidente que as redes 4G LTE vieram para ficar (pelo menos nos EUA, já que não há sequer uma previsão de que elas cheguem ao Brasil). AT&T e Verizon já anunciaram diversos modelos de smartphones compatíveis com a nova tecnologia. A Apple não fala nada sobre se terá suporte ou não para rede de dados mais rápida, mas os concorrentes já mostraram suas garras. E elas estão mais velozes que as da Apple.

E não podemos esquecer do apoio mostrado por dois dos principais parceiros da empresa a outras iniciativas que não vem dos seus laboratórios em Cupertino. A exclusividade do Lumia 900 na AT&T, rodando o Windows Phone, e o comprometimento da Intel com os Ultrabooks, mostram que os relacionamentos da Apple podem estar estremecidos. Com o final da exclusividade do iPhone na AT&T, a operadora americana passou a procurar novos parceiros e parece estar bastante comprometida com a Microsoft para 2012, tendo inclusive participado do lançamento do Lumia 900 na coletiva da Nokia, que também contou com a presença de Steve Balmer, CEO da Microsoft.

A Intel lançou o conceito de Ultrabooks, portanto, nada mais lógico do que seu apoio irrestrito ao projeto. Os boatos de que a Apple poderia trocar a Intel pela AMD também não devem ter ajudado no relacionamento entre as duas empresas. O fato é que no começo da parceria, a Apple conseguiu apresentar produtos com novos processadores da Intel antes da concorrência (os Core 2 Duo, por exemplo, chegaram primeiro aos Macs do que nos PCs comuns). Mas ao que tudo indica, isso não deve acontecer mais.

Como a Apple não participa mais da Macworld, que sempre acontece em janeiro e durante a primeira década do novo milênio foi o palco para os principais lançamentos da empresa, não se tem nenhuma idéia de que armas a companhia tem para mostrar aos seus fiéis usuários. É claro que podemos imaginar que o iPhone 5 remodelado e o iPad 3, que deverá ser apenas um pouco mais fino que o iPad 2 e com Tela Retina, e novos MacBooks Air, inclusive um modelo de 15 polegadas, podem estar chegando. São apenas rumores, é verdade, mas é muito provável que eles sejam lançados rapidamente no primeiro semestre deste ano. Afinal, a Apple não pode deixar a concorrência ter uma vantagem tão grande, para não correr o risco de acabar ficando para trás nessa corrida.

Sérgio Miranda é editor da revista macmais e participa da CES 2012 e Macworld e iWorld 2012 a convite da Mac Access Brasil/Suonare


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