Nokia em risco de entrar no time da RIM e Palm
Stephen Elop durante o Nokia World 2011 apresentando o Lumia 800
Elop e o CEO da Microsoft, Steve Ballmer, durante o anúncio da parceria entre as fabricantes
As mudanças organizacionais anunciadas pela Nokia marca a enésima tentativa da companhia em revigorar a flacidez do negócio de smartphones. Elas provavelmente não serão as ultimas mudanças estratégicas adotadas pela Nokia, uma companhia lutando desesperadamente para afastar o agente funerário.
A pior parte sobre os anúncios vindos de Espoo, Finlândia, não são sobre a demissão de 10 mil pessoas, não são as plantas fabris fechadas e nem as redefinições para as unidades de negócios, pois isso nós já ouvimos anteriormente. Uma vez a cada oito meses, mais ou menos, a Nokia ressurge com mudanças organizacionais, mudanças no time executivo e transferências de instalações. Eu me sinto como se tivesse escrito essa história quase uma dúzia de vezes desde 2008, e cada vez se torna mais deprimente.
Então o que realmente está mudando?
A Nokia reduzirá seus colaboradores mais uma vez, dessa vez cortando cerca de 20% de sua força de trabalho. Vai fechar várias plantas na Europa e Ásia, e reorganizará várias das fábricas para lidar com diferentes tarefas. Também irá eliminar alguma gordura corporativa localizada e promete dar mais foco ao seu negócio de smartphone, mais do que já tem feito até agora. Alguns executivos de longa data estão deixando a companhia ainda este mês e serão trocados por novos. A fabricante também promete investir em tecnologias que farão seus celulares se destacar e os esforços de renovação será bem-sucedida em mercados emergentes.
"Nós estamos aumentando nosso foco em produtos e serviços de valor para nossos clientes enquanto continuaremos investindo na inovação que sempre definiu a Nokia", disse Stephen Elop, CEO e presidente da companhia finlandesa. "Temos a intenção de dar ainda mais atenção ao Lumia, continuar em inovar em telefonia, enquanto colocamos maior ênfase em nossos serviços de localização. No entanto, devemos remodelar nosso modelo de operações e assegurar que nos criaremos uma estrutura que possa suportar e ser competitivos em nossas ambições".
Blah, blah, blah. Me desculpe se não acredito em uma palavra de tudo isso
A Nokia precisa fazer uma coisa: vender mais smartphones. Vamos repetir isso. A Nokia Precisa Vender Mais Smartphones. Qualquer esforço que não leve a isso será perda de tempo.
A fabricante apostou alto com o Windows Phone, a plataforma da Microsoft. Até então, ainda não valeu a pena. Em fevereiro de 2011, a Nokia anunciou o fim do Symbian como sua principal plataforma de smartphone e que apostaria no Windows Phone. O resultado foi um mergulho quase imediato das vendas de smartphones Symbian, que esmagou a receita da Nokia ao longo do último ano. A empresa colocou seus primeiros smartphones Windows no mercado, o Lumia 800 e 710, no final de 2011, e seguiu com os lançamentos do Lumia 900 e 610.
As vendas foram bem, mas não espetaculares. A Nokia ainda não disse quantos aparelhos da linha Lumia foram vendos naquela época. Nós sabemos apenas uma coisa sobre as vendas do Lumia: eles não estão nem um pouco próximos aos dispositivos Android ou dos iPhones da Apple.
O perigo que a Nokia enfrenta é que as vendas dos smartphones não vão sustentar as finanças em longo prazo. A companhia tem economizado em suas unidades de negócios, mas continua queimando dinheiro. As finanças da fabricante estão para encarar dois ataques já projetados. Primeiro, a transição do Symbian para o Windows requer um significante capital de investimentos. E em nada ajuda o fato da companhia ter se reorganizado diversas vezes repetidamente durante os últimos anos e limpado a casa em alguns níveis executivos. Em segundo lugar, o mergulho de nariz das vendas de smartphones Symbian esmagou a receita da Nokia, colocando um caixa em posição ainda pior.
O que está chateando os investidores da Nokia tem duas conexões que podem colocar tudo em modo padrão. Seus títulos já estão em sucata. Os primeiros montantes de 1,25 bilhões de euros serão 5,5% em 2014. Isso representa mais de um quarto das reversas em dinheiro da companhia hoje. O segundo lote, dos 500 milhões de euros ou 6,25%, não vão maturar até 2019.Muitos analistas da Reuters acreditam que a Nokia não terá dinheiro para pagar nenhum dos dois.
Nós já lemos sobre problemas como estes antes. Estou falando da Palm e RIM. A Palm tentou muito relançar ela mesma como uma fabricante premier com o WebOS e o Pre, Pixi, Veer e outros smartphones. As vendas daqueles devices, por mais inovadores que pudessem ser, não foram o suficiente para salvar do naufrágio. Mesmo com o fato da compra da Palm pela HP, isso não a fez voltar a ter saltos financeiros e toda a companhia eventualmente se perdeu.
A RIM está em posição similar. Ela está lutando para relançar uma nova plataforma e um novo hardware, mas o tempo está acabando. A empresa contratou banqueiros para explorar opções estratégicas (que frequentemente significa uma venda) e os negócios com seus smartphones BlackBerry têm se tornado piadas graças ao Android e iPhone.
A Nokia e a RIM estão inteiramente em perigo quanto a concorrência com o Android e iPhone. Há ainda questões quanto sobre o motivo da Nokia não ter escolhido o Android ao invés do Windows Phone. Se tivesse, não há dúvidas de que estaria vendendo mais dispositivos – embora custasse sua alma.
Eu não quero ver a Nokia tomar o caminho da Palm, mas cada vez mais isso parece ser o que irá acontecer. Podemos apenas esperar que a última mudança organizacional da Nokia é a única que pode de fato trazer mudanças para a companhia.
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