O Project Shield ainda não convenceu

O mundo dos consoles portáteis vive uma relação estável entre as duas únicas empresas fabricantes de hardware para esse segmento – a Nintendo, mantendo a liderança histórica no mercado com o 3DS, e a Sony, tentando emplacar o seu PS Vita. A última vez que vimos uma empresa diferente entrando neste mercado foi no finzinho dos anos 1990, quando a SNK lançou o seu Neo Geo Pocket.

Outras empresas até tentaram, mas desistiram no meio do caminho. Elas perceberam que a luta contra as marcas já estabelecidas seria extremamente desigual.  Aqueles com melhor memória lembrarão deste fiasco da Panasonic, o chamado Jungle. O Jungle era (talvez o termo mais apropriado seja "seria") um console portátil voltado para jogatina online e MMOs que a Panasonic matou poucos meses após o anúncio. E o motivo é tão evidente hoje quando era no dia em que anunciaram o console: disputar contra a Sony e a Nintendo não valeria a pena.

Pois bem, uma nova empresa decidiu comprar a briga. A NVidia anunciou recentemente  o Project Shield, um console portátil baseado em Android (um combinação relativamente comum no mundo de consoles chineses obscuros voltados para emulação e homebrew).

Esse é Shield

Esse é Shield

E aí está o aparelho: uma combinação que se assemelha a um controle de Xbox 360 que pegou emprestado a posição dos analógicos de um Dualshock, adicionando uma tela HD em cima. MicroSD, saída HDMI, uma bateria que promete entre 5 e 10 horas de jogatina, e uma porta USB completam o pacote. Dentro do console, o recém-anunciado chip Tegra 4. Além de servir como console portátil (um termo que em minha opinião perde o significado quando o console jamais caberia num bolso), o Shield poderá se comunicar com seu computador via LAN (numa espécie de gambiarra que me lembra programas de VNC) e assim rodar a sua biblioteca da Steam.

O que faz aproximadamente zero sentido, porque não consigo entender o que faria um gamer optar por jogar na telinha pequena o mesmo game que se encontra no seu computador a alguns metros de distância (ou abandonar o mouse e o teclado que indiscutivelmente representam um esquema de controle melhor para um FPS).

O console tá relativamente próximo do lançamento, prometido para o segundo trimestre de 2013, mas estranhamente ainda não há um preço. Isso geralmente não é um bom sinal — silêncio em relação ao preço às vezes significa que a empresa ainda não acertou o supply chain do aparelho; com um lançamento tão próximo, isso pode significar preço alto. E como o PS Vita tem mostrado, qualquer coisa acima dos 200 dólares não convence os gamers a adotar uma nova plataforma (especialmente quando um dos carros chaves é "jogar aquilo que você já tem no seu PC"). Há estimativas de que o Shield sairá por 170 dólares (aprox. R$ 335), mas eu pessoalmente não colocaria a mão no fogo por estes números. Parecem-me otimistas demais.

Particularmente, eu sou fã de inovações e de hardware portátil – ainda mais quando vem de empresas como a Nvidia, com histórico de bom relacionamento com a comunidade gamer e de desenvolvedores. Entretanto, este Project Shield ainda não me convenceu. A falta de um preço me parece estranha considerando quando ele será lançado (será que vai rolar um atraso…?), e a função de rodar jogos do Steam quando você está dentro de casa quase parece uma paródia de serviço inútil.

Eu pessoalmente sou um entusiasta dessa promessa com gostinho de "estamos quase chegando lá" que são esses consoles que se baseiam num sistema operacional aberto como Android; eu penso que a flexibilidade e o alto nível de adesão da plataforma são um adubo para uma explosão de desenvolvimento. Penso que o próximo grande fenômeno gamer a la Angry Birds sairá duma dessas máquinas Android com controles.

Entretanto, nesse aspecto, o GameStick e o Ouya me parecem mais atraentes.

Nota do editor: O Project Shield estava em demonstração na CES. O Rafael Silva e eu tentamos com os representantes da Nvidia brincar com a tecnologia. Porém, havia uma fila de espera tão grande e um controle maior ainda em torno do gadget que desistimos da análise. Quem sabe em outra ocasião? (Thássius Veloso)

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