Jolla aposta no mercado de smartphones com o Sailfish OS

Stefano Mosconi, fundador e CTO da Jolla: "a forma moderna de construir algo ótimo e significativo é dar poder às pessoas"
São Paulo - Em um mercado onde predominam sistemas operacionais móveis patrocinados por grandes empresas como Apple e Google, plataformas independentes precisam se diversificar para obter seu espaço entre os consumidores.
Mas a recém-lançada plataforma Sailfish OS pretende entrar na briga entre esses players, com a oferta de um sistema intuitivo e aberto e contando com a experiência de mercado dos seus fundadores.
O projeto do sistema Sailfish OS começou dentro da Nokia, ainda sob o nome MeeGo. Mas após a empresa abandonar a plataforma e optar pelo Windows Phone, um grupo de funcionários resolveu dar continuidade ao projeto e fundar a startup Jolla.
Atualmente a Jolla conta com uma equipe de 80 pessoas e deu início à pré-venda de seu primeiro smartphone homônimo com o sistema Sailfish OS embarcado na última semana.
Para saber quais os objetivos da empresa, que lançará seu primeiro smartphone ao final deste ano, INFO conversou com Stefano Mosconi, fundador e CTO da Jolla e também um dos responsáveis pelo desenvolvimento do MeeGo na Nokia.
O que fez você decidir sair de uma grande empresa como a Nokia para fundar uma startup que de certa forma é agora uma concorrente? O programa do sistema MeeGo foi descontinuado na Nokia, quando a empresa decidiu apoiar o Windows Phone como sua plataforma de dispositivos móveis. Mas um grupo de nós acreditava que um sistema operacional aberto e construído sobre o patrimônio do MeeGo, além de um incrível hardware, ofereceria uma nova, interessante e intuitiva opção para os consumidores.
E vocês acreditam em um modelo aberto? Pergunto isso, pois as operadoras desejam um modelo fechado, com possibilidade de personalizar o sistema. Como acredita que este tipo de modelo fará sucesso no mercado? A forma moderna de construir algo ótimo e significativo é dar poder às pessoas. Co-criações, sistemas abertos e mútuo poder são realmente as únicas formas de realizar algo assim. Não é um “faça você mesmo”, mas sim “faça-o junto”. Sem a comunidade Jolla nós não estaríamos aqui hoje!
Falando sobre desenvolvimento, quais seriam as diferenças do Sailfish OS para o Ubuntu Mobile e o Firefox OS? Você acredita que todos possam coexistir no ecossistema móvel? Primeiramente, acreditamos que escolha é geralmente bom para as operadoras e consumidores. Neste momento, eles podem escolher basicamente entre Android, Windows e iOS. E a recente introdução de novos players independentes como Jolla, Ubuntu, Tizen, Firefox e BB10 será muito bem-vinda ao mercado.
O MeeGo é o antecessor do Sailfish OS e, portanto, há muitas similaridades técnicas. No entanto, o desenvolvimento do MeeGo foi descontinuado há dois anos, e o Sailfish evoluiu a partir deste ponto.
O Firefox é baseado em um núcleo de sistema operacional chamado de Gonk, que é essencialmente uma versão simplificada do Android e sobre tudo isso ainda colocaram a engine Gecko HTML5. Embora tenham realizado diversas melhorias na performance, a interface de usuário (UI) ainda é baseada em HTML5 que ainda não é uma linguagem completa, além disso o Gecko requer muitos recursos para rodar.
Nossa UI, a framework (Qt), por outro lado, é desenhada para dispositivos móveis e oferece boas performances entre diferentes engines e diferentes faixas de preços. E sobre o Sailfish OS está um completo sistema desenvolvido inteiramente pela Jolla.
O Ubuntu é similar e é baseado na mesma framework de interface (Qt). Há similaridades, mas estamos nos aproximando do mercado a partir de dois ângulos diferentes. Nós acreditamos que para realizar um sistema operacional nós precisamos entregar um produto ao mercado e deixar o SO crescer a partir daí; enquanto o Ubuntu está focado exclusivamente no sistema no momento. A Jolla tem o prazer de colaborar com todos os projetos que trabalham em framework (Qt).
Embora todos esses projetos dependam do poder do kernel do Linux, as arquiteturas são diferentes. MeeGo e o Sailfish usam o framework (Qt), Tizen e Firefox OS usam o HTML5 e o Android aposta no Java. E a leve arquitetura do Sailfish permite que o SO seja rapidamente portado para diferentes configurações HW em um curto espaço de tempo.
E qual é a principal característica do Sailfish OS e que você acredita ser o diferencial entre os sistemas móveis abertos? A tecnologia é uma das grandes vantagens que temos. Nós escolhemos uma base de tecnologia comprovada, que vem sendo usada em produtos comerciais e desenvolvemos inovações avançadas sobre tudo isso. [O SO] Foi construído com as demandas atuais em mente como, por exemplo, interfaces sem botões e multitarefas. Nós também contamos com uma grande comunidade, ou um movimento por assim dizer, que nos apoia na criação dessa nova plataforma aberta. E, finalmente, nós somos uma pequena, eficiente e rápida empresa trabalhando em conjunto com a comunidade!
E com relação aos aplicativos. Este é um dos principais diferenciais que fazem com que os consumidores optem por comprar um smartphone. Como a Jolla pretende lidar com isso? Adaptar apps do Android é uma boa solução? A maioria dos aplicativos Android irá rodar em dispositivos Jolla sem modificações. Mas se o desenvolvedor quiser tirar proveito de toda nossa UI e outras funcionalidades do Sailfish OS e rapidamente produzir um app para nossa plataforma, ele pode portar suas aplicações para linguagens nativas Qt/QML. Temos guias disponíveis em nosso site para auxiliar em como fazer isso.
Que especificações do smartphone Jolla você destacaria e que levariam o consumidor a escolher seu aparelho? Bom, o que podemos adiantar é o seguinte: no núcleo do Jolla está o Sailfish OS e sua eficiente plataforma aberta. O dispositivo é uma ótima porta de entrada para suas aplicações, incluindo aquelas para Android, com integração com mídias sociais e com um dos melhores multitarefas do mundo. Nosso primeiro aparelho apresenta uma ampla tela de 4,5’’, processador dual-core, 16GB de memória interna e expansível por microSD, câmera de 8 megapixels e suporte ao 4G. A rede LTE, inclusive, ainda iremos definir a disponibilidade para diferentes frequências até o momento do lançamento. O preço de pré-venda do smartphone é de 399 euros e os primeiros modelos devem ser entregues no início do 4º trimestre deste ano.
E qual será a estratégia de Mercado para o smartphone Jolla? Vocês pretendem lançar o dispositivo em mercados emergentes, como o Brasil, e como um feature phone (aparelho de entrada)? Nós iremos lançar o primeiro dispositivo na China e Europa. E conforme nossos negócios progredirem, nós pensaremos em entrar em novos mercados. O mesmo se aplica à segmentação. O Sailfish OS é um ativo escalável e pode ser utilizado em diversas categorias e em várias faixas de preço. Estamos começando com a faixa de preço média para alta e olharemos para outras oportunidades mais para frente.
E a estratégia para o Sailfish OS. Vocês pretendem vender licenças para outros fabricantes? O modelo para o Sailfish é inclusive e aberto para parceiros. Neste modelo, os parceiros podem desenvolver sua própria UI para criar produtos únicos e diferenciados. Estamos conversando com diversos fabricantes neste momento, mas não podemos passar detalhes das negociações. Mas podemos dizer que houve um aumento no interesse pelo sistema desde que nós publicamos a iniciativa Sailfish em outubro de 2012.
Até o lançamento do smartphone Jolla, no final deste ano, vocês estarão focados apenas nisso ou também estão tocando projetos paralelamente? Quais são os planos futuros para a empresa? O primeiro Jolla será vendido a partir do 4º trimestre. E esta é, obviamente, nossa prioridade para o momento. Mas naturalmente nós temos outros projetos rodando paralelamente. Nosso objetivo é oferecer uma excelente opção aberta para os consumidores ao redor do mundo e progredir, passo a passo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

4 celulares para curtir TV digital

Android Pie chega ao LG G7 ThinQ.

Driver leadership 0091 - Receptor de TV Digital.zip