Como a espionagem dos EUA ajudou a BlackBerry
Nem todos ficaram histéricos com a divulgação de que os
Estados Unidos usam as empresas de comunicação e tecnologia do país para
espionar o mundo todo. Há até quem consiga se beneficiar do assunto,
como a BlackBerry, que tem colhido frutos com a preocupação acerca da
privacidade.
Acontece que desde a época em que era conhecida como
Research in Motion, ou RIM, a BlackBerry é vista como empresa do mercado
corporativo que oferece soluções seguras. A imagem empresarial pode
tê-la afastado do consumidor comum, mas hoje a marca é procurada por
quem teme ações como as que foram denunciadas pelo ex-agente da Agência
de Segurança Nacional dos EUA, Edward Snowden (saiba mais).
Se isso ajudou a companhia? "Sem dúvida", garante o diretor
de canais e desenvolvimento de negócios da empresa no Brasil, Erlei
Guimarães. "A BlackBerry é a única plataforma que há quase 15 anos vem
entregando a segurança que promete", diz. "Com os casos de espionagem,
nós vemos surgir uma preocupação muito maior [com segurança], e há uma
procura muito maior [pela BB] das empresas e dos consumidores finais."
Crise e oportunidade
Crise e oportunidade
Abraçar a situação como oportunidade de negócios pode fazer
com que a empresa se destaque positivamente em meio a uma crise que há
meses corrói suas finanças. Somente no último trimestre, a BB teve prejuízo de US$ 84 milhões. "É uma crise, um momento de reorganização", reconheceu o executivo.
Por causa do péssimo momento, a BB teve de fazer escolhas
difíceis, como desistir do mercado de tablets; 100 mil unidades do
PlayBook foram vendidas no último trimestre, mas os números tentem a
diminuir. A empresa até tentou modernizar o dispositivo colocando nele o
novo sistema operacional BlackBerry 10, mas o próprio CEO, Thorsten
Heins, admitiu que não deu certo.
Há dois anos, a BB decidiu investir na atualização de seu
sistema - talvez a atitude mais importante nesse "momento de
reorganização" -, dando vida ao BB10, a primeira plataforma da marca
compatível com telas sensíveis ao toque. E é justamente o empenho posto
no SO que afasta a BlackBerry de adotar outros sistemas, como Android ou
Windows Phone.
"O caminho mais fácil seria adotar um sistema operacional
de mercado, mas percebemos que isso não nos garantiria nenhum
diferencial e a única coisa que poderíamos fazer seria adotar uma guerra
de preços - o que não é interessante para ninguém", explica Guimarães.
Já o contrário não está descartado; a companhia vê com bons
olhos o interesse alheio nas plataformas que desenvolve, então pode ser
que no futuro vejamos um smartphone de Samsung, LG, Nokia equipado com o
BB10. Um exemplo recente dessa receptividade é a notícia de que o
BlackBerry Messenger em breve estará disponível também para Android e iOS.
Para Guimarães, os concorrentes enfrentarão dificuldades
com as plataformas que têm porque o mundo passará por uma transformação,
em termos de tecnologia, com o desenvolvimento da "internet das coisas"
e a mistura de áreas como a móvel e a automotiva. "Acreditamos que o
BB10 é o único pronto para esse novo mundo (...) Ele não é monolítico",
diz, ao afirmar que seu sistema poderá ser adaptado, dependendo da
necessidade.
No Brasil
No Brasil
Na semana passada, a BB anunciou a chegada ao Brasil do Q10, um dos modelos a contar com o novo SO. Na safra também há o top de linha Z10 (no Brasil por R$ 1,5 mil) e o modesto Q5, mas há notícias sobre a existência de um A10.
Devem surgir mais: ao Olhar Digital, o diretor de negócios garantiu que a empresa preparou dez lançamentos para 2013, e nem todos são telefones. "Temos produtos prontos", comenta. "Smartphones e [dispositivos em] novos segmentos."
Devem surgir mais: ao Olhar Digital, o diretor de negócios garantiu que a empresa preparou dez lançamentos para 2013, e nem todos são telefones. "Temos produtos prontos", comenta. "Smartphones e [dispositivos em] novos segmentos."
E o Brasil é mercado de destaque para a companhia, já que,
enquanto 54% dos celulares daqui são smartphones, 42% do mercado
corporativo local estão nas mãos da BB. Há planos para aumentar essa
fatia, passando inclusive pelo setor governamental. Tanto que
recentemente a empresa renovou um acordo com o BNDES e, por isso, enviou
850 unidades do Z10 para o banco.
De acordo com Guimarães, os problemas da companhia têm favorecido mercados como o brasileiro, porque o foco de crescimento está nesses países. "No segundo semestre veremos um volume de negócios em crescimento por aqui. Todo momento de crise traz novas oportunidades."
De acordo com Guimarães, os problemas da companhia têm favorecido mercados como o brasileiro, porque o foco de crescimento está nesses países. "No segundo semestre veremos um volume de negócios em crescimento por aqui. Todo momento de crise traz novas oportunidades."
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