Tim avalia vender suas operações no brasil
Após meses negando o interesse em vender a TIM, a
Telecom Italia admitiu que vai avaliar ofertas pela operadora móvel brasileira,
caso elas apareçam. "Serei como tenho sido minha vida toda:
racional", afirmou Marco Patuano, presidente da Telecom Italia, durante
teleconferência com analistas realizada sexta-feira. "Se uma boa oferta
aparecer, nós vamos avaliar, sim."
Patuano voltou a afirmar que a TIM é um "ativo
estratégico" e que o grupo pretende continuar no Brasil, aproveitando
oportunidades de crescimento. A venda da TIM seria uma opção para a Telecom
Italia reduzir o endividamento. Na sexta-feira, o grupo informou ter fechado
2013 com um endividamento líquido de € 26,81 bilhões, abaixo da meta para o ano
de € 27 bilhões.
Este ano, o grupo planeja vender torres de telefonia
no Brasil e na Itália e vender salas de cinema no mercado italiano para
levantar mais de € 2 bilhões, disse Piergiorgio Peluso, diretor financeiro da
Telecom Italia. O grupo quer ainda fazer uma emissão de bônus conversíveis em
ações no total de € 1,3 bilhão. A meta é chegar a 2016 com um endividamento
líquido equivalente a 2,1 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização (Ebitda) até 2016. Em 2013, a relação foi de 2,49.
No Brasil, além da venda de torres, o grupo planeja
reforçar investimentos na tecnologia de quarta geração (4G), incluindo a
participação no leilão da faixa de frequência de 700 megahertz (MHz). Entre
2013 e 2016, a Telecom Italia estima crescimento anual próximo de 5% na receita
líquida da TIM, em euros. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização (Ebitda, na sigla em inglês) deve apresentar avanço semelhante.
Em 2013, a receita líquida da Telecom Italia no Brasil
caiu 7,1%, para € 6,95 bilhões. A desvalorização do real gerou uma perda de €
935 milhões na receita - sem o efeito cambial, haveria alta de 6,2%. No mundo,
a Telecom Italia fechou o ano com prejuízo líquido de € 674 milhões, queda de
58,6% em relação a 2012. A receita líquida caiu 9,1%, para € 23,41 bilhões.
Patuano afirmou que prevê uma recuperação dos negócios
na Itália, com a melhora da economia e a oferta de novos serviços nas áreas de
TV e oferta de conteúdo para dispositivos móveis. Uma melhora no desempenho
italiano torna menos urgente para a companhia se desfazer da TIM. Mas a
previsão não convenceu analistas. Economistas do UBS e da Bernstein Research
consideraram em relatórios que a melhora dos resultados na Itália apenas adiará
temporariamente a venda da TIM. Os analistas apostam no fatiamento da operadora
entre as Telefônica, a Oi e a Claro. Mas a operação não deve avançar antes da
conclusão da fusão entre Oi e Portugal Telecom, prevista para ser concluída no
segundo trimestre deste ano.
Patuano, disse que considera positiva uma
união da TIM com a GVT - controlada pela francesa Vivendi -, embora não haja
negociações entre os grupos. Mas a fusão é vista como improvável por analistas,
pelo fato de a Vivendi estar se desfazendo de negócios na área de telefonia e
porque a fusão não resolveria o problema de liquidez da Telecom Italia.
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