Vodafone quer ir além da telefonia móvel




Daniel Acker/Bloomberg / Daniel Acker/Bloomberg

Novas aquisições poderão acontecer

Vittorio Colao, CEO da Vodafone, diz que a companhia passou por uma transformação nos últimos dois anos, deixando de ser uma operadora de telefonia móvel pura para atuar nos mercados de banda larga e televisão.

Analistas alertam que alguns acionistas podem não estar felizes com o rápido e caro ritmo das mudanças, mas a aquisição da Ono da Espanha pela Vodafone por € 7,3 bilhões, confirmada ontem, deixa poucas dúvidas sobre a intenção de Colao de continuar perseguindo a estratégia de fornecimento de "comunicações unificadas" para seus clientes.

Isto significa de fato o fornecimento de serviços de telecomunicações com a tecnologia mais eficiente disponível, seja ela cabo, fibra ótica ou telefonia móvel. Para fazer isso, a Vodafone precisava forjar uma parceria ou comprar grupos de telefonia fixa, ou ainda construir suas próprias redes. A Ono é a terceira aquisição em dois anos, depois da compra da Cable & Wireless Worldwide, no Reino Unido, e da Kabel Deutschland, na Alemanha. A Vodafone também está construindo suas redes próprias na Itália, Espanha e Portugal.

Colao admite que novas aquisições poderão ocorrer enquanto a Vodafone escreve "o próximo capítulo". Ele acrescenta que os acionistas aprovam essa estratégia, respondendo às preocupações de analistas em relação às aquisições, que custaram até agora 14 bilhões de libras, em um mercado de comunicações via cabo potencialmente inflado. A Vodafone também comprometeu-se a investir mais 7 bilhões de libras em uma "explosão de projetos" para reforçar os serviços de telefonia fixa e móvel de próxima geração.

"Estamos evoluindo rapidamente. Estou satisfeito com a velocidade das mudanças na Vodafone. Ela é uma companhia diferente da de dois anos atrás", diz ele. "As reações dos acionistas estão sendo positivas em relação a todos os negócios."

Nick Read, o novo diretor de finanças da Vodafone, diz que o negócio com a Ono elevará o endividamento líquido de 12 bilhões de libras no terceiro trimestre para 18 bilhões de libras. Com a ajuda da venda de sua participação na Verizon Wireless, o endividamento continuará dentro da meta de médio prazo de 2 vezes os lucros. Read diz acreditar que a Vodafone poderá, de qualquer maneira, exceder esse patamar.

Para a Vodafone, os dois países europeus que obviamente exigem mais atenção são Itália e Reino Unido. Fontes a par da situação dizem que a Fastweb, um dos alvos mais prováveis da Vodafone, em razão de sua necessidade de incrementar seus negócios italianos, tornou-se menos importante em razão das expectativas de preços irreais da controladora Swisscom.

O Reino Unido parece cada vez mais separado da estratégia do grupo, por ter um negócio quase que totalmente móvel. Colao descarta alguns dos rumores mais bizarros, como as propostas pela ITV ou pelo Channel 5, mas sinaliza com uma possível união com a Sky, afirmando que a companhia está negociando oportunidades comerciais com parceiros.

Os acordos comerciais são mais baratos que as aquisições. Analistas afirmam que a Ono, comprada por 7,2 bilhões de libras, não foi nenhuma barganha, mesmo com as sinergias esperadas reduzindo o valor anunciado do negócio de 10,5 vezes o valor da empresa em 2013 em relação ao lucro antes dos impostos, juros, depreciação e amortização - "um múltiplo excelente mesmo no setor de comunicações a cabo", segundo Berenberg, para 7,5 vezes após os ajustes aos custos e gastos de capital.

Colao conquistou a boa vontade dos investidores ao negociar um valor elevado para a venda da participação de 45% em suas operações nos Estados Unidos, devolvendo aos investidores um dividendo de 54 bilhões de libras.

Seu histórico de fusões e aquisições tem sido aplaudido por seu conservadorismo após o império construído pela administração anterior. No entanto, alguns analistas alertam que a volta às fusões e aquisições poderá ser impopular.

Robin Bienenstock, analista da Bernstein, descreve a aquisição da Ono como "absurdamente cara", a 10,5 vezes os lucros. "O dinheiro da Verizon pode estar fazendo um buraco no bolso da Vodafone, mas é mais provável que a Vodafone queira completar uma estratégia impopular rapidamente."

Com um balanço reforçado pelos US$ 130 bilhões da venda da participação na Verizon, os controladores de grupos parecidos da Europa não deverão aceitar da Vodafone nada menos que muito dinheiro por seus negócios.

Mas Colao diz que os investidores continuam engajados, observando que a Vodafone está simplesmente se movimentando com o mercado, dada a proposta de compra da SFR feita pela companhia de comunicação a cabo francesa Numericable. De fato, alguns analistas veem as movimentações da Vodafone como estrategicamente sólidas, ainda que caras para uma companhia que não quer se ater a ser apenas uma provadora de serviços de telefonia móvel, enquanto concorrentes roubam seus clientes com uma linha ampla de serviços.

Na Espanha, a aquisição da Ono vai conter a estratégia da Fusion, da Telefónica, de integrar serviços de telefonia móvel, fixa, TV voz e on-demand.

A maior preocupação para alguns investidores não deverá ser o preço ou a razão estratégica por trás das aquisições, e sim o temor de que essas muitas aquisições tornem a Vodafone intragável para a AT&T, que tem um interesse claro em adquirir uma operadora de telefonia móvel europeia.

Não se sabe se esse interesse chegará ao ponto de criação de um provedor europeu de "comunicações unificadas" - e isso significa que o dinheiro fácil para alguns investidores de curto prazo pode estar sendo tirado da mesa, mesmo que a Vodafone coloque mais dinheiro próprio. (Tradução de Mario Zamarian)



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