Microsoft anuncia conclusão da compra da Nokia

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Cerca de um mês depois do que estava originalmente previsto, a Microsoft anunciou a conclusão do processo de compra do setor de celulares da Nokia. O negócio tem valor estimado em US$ 7,2 bilhões e prevê a aquisição de toda a parte de produção de equipamentos da marca finlandesa, bem como o portfólio de patentes da companhia relacionados a esse setor.
Os valores da transação podem ser alterados levemente, segundo a Nokia, e serão revelados nos próximos dias, quando a empresa liberar seu relatório financeiro já detalhando os ganhos oriundos da venda e suas estratégias para o futuro. É curioso notar que o valor pago pela Microsoft, segundo o site The Verge, é menor que o pago pelo Skype, que custou US$ 8,5 bilhões em 2011.
O movimento representa uma grande transformação para as duas companhias. Com a aquisição, a Microsoft se transforma também em uma fabricante de produtos e se torna responsável por 90% de todos os celulares com Windows Phone disponíveis no mundo, além da linha Asha de aparelhos com sistema operacional Android. Ao todo, são 200 milhões de dispositivos por ano, além de 25 mil novos funcionários que passam a fazer parte do quadro da empresa.
Apesar de todo esse fluxo de novos empregados, são poucos os que efetivamente passarão a trabalhar em Redmond, sede da empresa nos Estados Unidos. O que causará bastante mudança, porém, será a alteração no nome dos aparelhos, que deixarão de usar a marca Nokia para se chamarem Microsoft Mobile.

Surface

Enquanto isso, a fabricante finlandesa continuará a utilizar o nome ao qual todos estamos acostumados e focará em três áreas: infraestrutura dedicada a clientes empresariais; seus softwares, com destaque para o serviço de mapas e localização HERE (que, inclusive, continuará presente nos celulares da Microsoft); e um setor chamado “tecnologias avançadas”, de onde saem boa parte das patentes – e também dos ganhos – da companhia.

Transição complicada

O processo de mudança, porém, não foi nada fácil. Após anunciar a aquisição no final do ano passado, a Microsoft tentou pressionar governos e órgãos regulatórios para que ela fosse concluída até janeiro, de forma a já começar o primeiro semestre deste ano com o novo segmento. O prazo, porém, acabou sendo estendido para março e, mais tarde, abril, já que o tamanho das companhias e a presença internacional acabou dificultando os processos de aprovação.
Além disso, enroscos fiscais impediram que a empresa de Redmond ficasse com duas fábricas finlandesas. No acordo original, a Microsoft passaria a ser responsável por uma planta de produção na Coreia do Sul e outra na Índia, mas ambas passam agora a operar sob regime de contrato, ainda fazendo parte dos bens da Nokia.
Para facilitar a transição, as empresas também fizeram acordos relacionados às próprias marcas. A Nokia, por exemplo, está proibida de usar esse nome em dispositivos móveis até o final de 2015, enquanto um acordo de licenciamento entre as partes pode permitir essa utilização ao longo dos dez anos seguintes. A Microsoft pretende mudar a marca dos celulares com Windows Phone o mais rápido possível, de forma a fixar sua presença no mercado de produção de aparelhos.
Outra parte do negócio que merece atenção é o segmento de celulares com Android da fabricante finlandesa. Hoje, a marca tem celulares que rodam o sistema operacional do Google sob uma interface modificada, semelhante à do Windows Phone, e sem acesso aos serviços da rival. Seria a chance de entrar em um tipo de mercado completamente novo, garantindo a venda de aparelhos de baixo custo, ou então, pode ser um aspecto a ser completamente descartado pela empresa de Redmond no futuro.
Essa segunda hipótese é pouco provável, afirmam os especialistas. Com a estratégia de incentivar seus produtos de computação nas nuvens, a Microsoft pode ver em tais dispositivos uma chance de propagar ainda mais serviços como o Bing, Skype e OneDrive, que também podem servir como a ponte que levará usuários até os aparelhos mais caros e com Windows Phone.
A estratégia com tablets também se transforma em outro grande ponto de interrogação para a empresa. A responsabilidade, aqui, é de Stephen Elop, que deixa a presidência da Nokia para se tornar diretor de dispositivos da Microsoft, sendo responsável pelas marcas Lumia, Xbox e Surface. E é nesta última que está o grande desafio, já que a empresa não possui um histórico muito positivo nesse segmento.

Fabricante e parceira

windows phone

Agora, todos devem concordar que o desafio maior será o de combinar os serviços de fabricação e desenvolvimento de software próprio com os de licenciamento de sua plataforma para parceiros comerciais. E é aí que se encontra um gargalo que, como bem cita o The Verge, não foi resolvido de maneira positiva por nenhuma das empresas que tentaram se envolver em tal empreitada.
Mais recentemente, por exemplo, o esforço do Google em trabalhar seus próprios aparelhos com Android, apesar de ter rendido bons celulares, culminou na venda da Morotola para a Lenovo menos de dois anos depois da aquisição. O mesmo vale para companhias como Apple e HTC, que suaram para fazer com que seus sistemas operacionais vingassem nas mãos de parceiros que, na mesma medida, lutavam para competir com os fabricantes originais dos produtos. É uma equação que amedronta qualquer empresa.
A Microsoft parece estar dando passos nesse sentido, começando a agir antes mesmo do fim da aquisição da Nokia. É o caso, por exemplo, do fim da cobrança de taxas de licenciamento como forma de incentivar o uso do Windows Phone por parceiros. Resta saber se tal estratégia, por si só, será suficiente para tornar o sistema operacional em um dos grandes players do mercado mobile.

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