Fusão da oi com Portugal Telecom - Ultimas noticias do dia-13:40

Para HSBC, poderá haver atraso na consolidação do setor no Brasil

A consolidação do setor de telefonia brasileiro pode não se concretizar em 2014, diz o HSBC. A equipe de análise acredita que a Telefónica vai preferir convencer as autoridades concorrenciais de que sua influência na Telecom Italia diminuiu e insistir em um acordo complexo para a venda da TIM, adiando a possível venda da principal concorrente da Vivo.

O HSBC cita três principais motivos para justificar a expectativa de uma consolidação mais demorada no setor de telefonia.

A primeira delas é uma emissão de bônus de € 750 milhões pela Telefónica, que serão obrigatoriamente conversíveis em ações ordinárias da Telecom Italia, com vencimento em três anos. A operação permitirá à tele espanhola reduzir sua participação na italiana dos atuais 15% para um intervalo entre 8,3% e 9,4%.

A redução da fatia da Telefónica na Telecom Italia tende a amenizar as preocupações dos reguladores brasileiros. A possibilidade de a Telefónica se tornar a principal acionista da Telecom Italia e, consequentemente, controladora indireta da TIM, foi vetada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que não permite a uma única empresa ter o controle de duas concorrentes no país. Com a emissão, a Telefónica pode argumentar que diminuiu sua influência nas decisões da Telecom Italia.

As eleições presidenciais programadas para outubro no Brasil também tendem a atrasar o processo de consolidação no setor de telefonia, diz o HSBC.

"Acreditamos que esses fatores, juntamente com a incerteza recente sobre a fusão entre Oi e Portugal Telecom, podem ter convencido a Telefónica de que é mais prudente persuadir o Cade sobre a diminuição de sua influência na Telecom Italia a esperar por um acordo cada vez mais complexo e difícil envolvendo a TIM", escrevem os analistas Sunil Rajgopal e Luigi Minerva, em relatório.

Calote na PT afeta Oi e abre caminho para união de TIM e GVT





Situação com Rioforte já leva TIM a admitir "novos protagonistas" para definição de seu futuro no Brasil



O rombo de € 897 milhões da Rioforte na Portugal Telecom pode alterar não apenas o destino da Oi, como da TIM e, indiretamente, o da GVT. Esta empresa, controlada pela francesa Vivendi e que nasceu no Paraná como espelho da Brasil Telecom, acaba de conquistar um passe para voltar a conversar com os italianos donos da TIM para uma potencial fusão. E se prepara para aproveitá-lo ao máximo.

O negócio poderia criar uma companhia de R$ 50 bilhões de valor. Juntas, sem contar as sinergias que poderiam ser obtidas, as empresas teriam receita líquida superior a R$ 25 bilhões.

A compra da TIM estava praticamente estruturada. A Oi, auxiliada pelo BTG Pactual, levaria a empresa. O mercado avaliava a companhia em, no mínimo, € 10 bilhões - prêmio pequeno frente ao valor de mercado atual de R$ 29 bilhões. Há especulações, porém, de que só a fatia da Telecom Italia poderia ser avaliada em R$ 20 bilhões.

O negócio poderia ser anunciado nos próximos meses, a depender da superação das discussões na Italia sobre a venda. Mas a perda repentina de quase R$ 3 bilhões em caixa pela Oi e ainda o impacto na credibilidade prejudicam muito o sucesso da empreitada.

O desenho era a aquisição integral pela Oi e a venda futura de pedaços da companhia para Telefônica (Vivo) e grupo América Móvi l - que já teriam opção de compra.

O próprio grupo espanhol - que também está no controle da Telecom Italia - foi o grande incentivador da transação, segundo o Valor apurou. A Telefónica foi quem levou a ideia à Oi, ainda no ano passado - antes até do anúncio da reorganização para junção com a Portugal Telecom.

Mas tornou-se muito difícil, no curto prazo, a Oi fazer um negócio do tamanho da TIM. Ainda que, em contrapartida ao investimento, adicionasse o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) de mais de R$ 5 bilhões da empresa.

Em termos financeiros, a TIM tem atualmente maior saúde que a Oi. Em 2013, por exemplo, o fluxo de caixa da operadora de controle italiano ficou positivo em R$ 858 milhões - após investimentos e financiamentos. Na Oi, essa conta ficou negativa em R$ 1,98 bilhão

A Oi atual é ainda mais alavancada do que antes da fusão com Portugal Telecom - e a situação ficou ainda pior após a Rioforte. Dos R$ 8,2 bilhões captados em dinheiro na oferta de ações, mais de 90% compensam a dívida dos controladores brasileiros - de Telemar Participações e acionistas - e agora do Grupo Espírito Santos (GES).

O fluxo de caixa da TIM ajuda a entender porque a perspectiva de compra foi um trunfo nas apresentações que Zeinal Bava, presidente da Oi, fez aos investidores durante os esforços de captação no mercado internacional. O executivo tratava o negócio como altamente provável.

A transação, porém, não cabe mais no balanço da Oi e menos ainda na sua credibilidade para levantar mais recursos, tanto crédito como capital. A dívida líquida da companhia sobe para R$ 45,5 bilhões, ou 4,25 vezes seu Ebitda. A operadora sofreu rebaixamento da nota de crédito pela Fitch.

A situação desafiadora da Oi prejudica até a defesa das flexibilidades regulatórias e concorrenciais que seriam necessárias para que a TIM fosse comprada pelas três demais companhias do setor.

Há espaço, portanto, para a retomada de um posicionamento pró-consumidor, com o fortalecimento de TIM e GVT. Trata-se das duas metades operacionais do setor. Não surpreende que empresas já tenham laços comerciais de compartilhamento de rede.

Em 2012, a Vivendi tentou vender a GVT. Pedia entre € 7 bilhões e € 9 bilhões. Mas a maior proposta vinculante foi de R$ 11 bilhões - afetada em especial pela dificuldades da companhia de crescer em grandes e importantes centros muito verticalizados, como São Paulo e Rio de Janeiro.

A Vivendi, na França, passa por uma grande modificação de sua gestão com a chegada do empresário - e maior acionista - Vicent Bollore à presidência do conselho de administração. Ele assumiu o posto em 24 de junho. A GVT ganha novo sentido no grupo, que havia escolhido o negócio de entretenimento para focar esforços.

Para a GVT, a TIM é um ativo altamente estratégico. A empresa tem pensado soluções para a falta de uma operação em telefonia móvel.

Para a Telecom Italia, especialmente a porção italiana da gestão, a GVT seria a parceira ideal. Além de trazer os ativos que faltam - rede fixa, de fibra, e TV - seria um caminho para que o grupo mantivesse a TIM e, com isso, uma forte presença no Brasil.

O escândalo da Rioforte não poderia ter chegado num momento pior para a Oi - e, portanto, melhor para a GVT.

Paralelamente à estruturação da compra da TIM pela Oi, a Telefónica desenhou uma saída da Telecom Italia - o grupo espanhol é seu maior acionista. A Telco, holding controladora na Itália e veículo pelo qual a Telefónica tinha forte influência, será desfeita. Era por estar na holding, que somava 22% da Telecom Italia, que a espanhola tinha grande influência.

A Telefónica anunciou ontem a decisão de reduzir sua fatia em ações da Telecom Italia - que era de 14,7% para até 8,3%. Este movimento termina de compor o cenário ideal para a GVT buscar uma retomada do diálogo. E no grupo italiano já se admite o surgimento de novos protagonistas para o futuro da TIM no Brasil.

Ao eleger o Brasil como seu principal mercado fora da Espanha, a Telefónica não quer ver a GVT ganhar força. Por isso, era contra a operação. Agora, embora continue sendo um obstáculo para uma fusão - poderia fazer um grande estrago no mercado se saísse rapidamente de toda sua posição na empresa italiana- não é mais um impeditivo soberano.

Entre os analistas, não há certeza de que a Oi seja carta fora do baralho para a compra da TIM - embora se admita que no curto prazo o negócio se tornou difícil. A expectativa é que ele tente ser defendido e postergado. Já há rumores de que o BTG Pactual, estruturador do negócio com a Oi, poderia comprar os bônus que a Telefónica venderá.


CVM vai analisar acordo entre Oi e PT




Para Luiz Leonardo Cantidiano, ex-presidente da CVM, a operação poderá ser analisada como uma recompra



O acordo fechado entre Oi e Portugal Telecom para resolver o problema causado pela perda de € 897 milhões do caixa da tele portuguesa será submetido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A autarquia terá de abrir uma exceção e permitir que a Oi negocie suas ações de forma privada e mantenha em tesouraria quantidade de papéis superior ao limite de 10% de seu capital. O mercado acredita que a CVM dará aval, mas não descarta uma discussão que envolva esclarecimentos adicionais ou ajustes em alguns pontos da operação.

Qualquer autorização necessária para processos de reestruturação societária é analisada pelas áreas técnicas da CVM e, se for o caso, submetida ao colegiado.

Hoje, a Oi possui 2,94% das ações ordinárias (ON) e 1,27% das preferenciais (PN) em tesouraria. Pelo acordo, os acionistas da PT entregarão para a Oi ações da tele brasileira equivalentes a 16,6% das ONs e das PNs. Em troca, eles receberão os títulos da Rioforte, holding em dificuldades do Grupo Espírito Santo (GES), que venceram dia 15 e não foram pagos, além de uma opção de compra de ações da Oi, com prazo de seis anos. A lógica é permitir que os acionistas da tele portuguesa possam retomar a fatia de 37,4% inicialmente pretendida na empresa que surgirá da fusão entre Oi e PT. Ao entregar as ações para a tesouraria, eles ficarão com apenas 25,6% na nova empresa em mãos.

Os títulos da Rioforte e as opções não são vinculados. Ou seja, independentemente de pagamentos da Rioforte, à medida que os acionistas da PT tiverem recursos, poderão usá-los para reaver os papéis. O Valor apurou que ficou acertado que a prioridade dos portugueses será retirar as ações da tesouraria, a partir de qualquer dinheiro novo que recebam.

A operação é descrita como de permuta. Luiz Leonardo Cantidiano, ex-presidente da CVM, explica que isso pode ser interpretado como se a Oi estivesse recomprando, em negociação privada, as ações de seu grupo de controle. "Toda operação de recompra precisa ser feita no mercado. A empresa tem de aprovar o programa e divulgar, inclusive, qual corretora fará as compras. Não pode ser feito privadamente", disse, com base na Instrução CVM 10. Existe a vedação à negociação com controlador para afastar qualquer possibilidade de favorecimento na operação.

A norma limita as recompras a 10% do capital da empresa. Por essas razões, a CVM precisará liberar a operação. Outro ponto que a autarquia terá de observar é se a Oi tem reservas de lucros em valor correspondente ao custo de entrada das ações na tesouraria. As reservas precisam ser suficientes para completar o capital social da empresa, uma vez que as ações ficarão fora de circulação. Em tesouraria, as ações perdem direitos políticos e econômicos; ou seja, entre outros pontos, não recebem dividendos nem votam em assembleias. Nessa proporção, deverão impactar a liquidez das ações da Oi, que depois da fusão não terá controlador.

O preço de exercício definido para as opções está acima das cotações atuais das PNs e ONs. O valor foi negociado entre os sócios e é mais próximo do preço em que as ações estavam antes das turbulências geradas pela Rioforte. As opções serão corrigidas anualmente. Em teoria, depois do prazo de seis anos de vigência, os acionistas da PT poderão não ter comprado todas as ações que entregaram para a tesouraria. Inclusive porque se no momento em que tiverem dinheiro para o exercício, as ações estiverem mais baratas na bolsa, não será para eles uma operação economicamente vantajosa.

Se ao fim do prazo sobrarem ações em tesouraria, elas poderão ser canceladas, o que elevará, proporcionalmente, as fatias de todos os acionistas na empresa. Ou ainda poderão ser vendidas numa oferta de ações, com entrada de dinheiro no caixa da Oi.


PT e Vodafone fazem acordo





A Portugal Telecom assinou ontem acordo com a britânica Vodafone para utilizar sua rede de fibra óptica em território português. O contrato permite que o grupo de telefonia atinja cerca de 450 mil domicílios e os termos serão válidos durante 25 anos.

Os segmentos que serão mais beneficiados pelo compartilhamento, diz a tele portuguesa, serão os de serviços fixos para residências e empresas. As áreas em que a empresa pretende focar são as de internet em banda larga e TV paga.

A Portugal Telecom encontra-se em processo de fusão com a Oi e foi envolvida em um imbróglio com seu maior acionista, o Banco Espírito Santo (BES). Problemas financeiros fizeram com que a holding que controla o grupo, a Espirito Santo International, pedisse recuperação judicial em Luxemburgo.

As ações da Portugal Telecom fecharam ontem em alta de 4,51%, para € 1,81 na bolsa de Lisboa.

Donos brasileiros da Oi vão manter participação





O grupo de brasileiros que controlava a Oi continuará a ser o mais influente na companhia mesmo após a criação da CorpCo, último passo da fusão com a Portugal Telecom (PT). Esse é o resultado do ajuste na reestruturação, que estava em marcha desde outubro do ano passado, após a perda de € 897 milhões aplicados pela companhia portuguesa em papéis de uma holding do Grupo Espírito Santo (GES), a Rioforte. O Banco Espírito Santo (BES), braço financeiro do grupo, é o maior e mais influente acionista da PT.

Chama atenção que a participação que os brasileiros originais da privatização da Oi - grupos La Fonte (família Jereissati) e Andrade Gutierrez, mais BNDES e fundos de pensão - terão na CorpCo ficará praticamente inalterada, em termos econômicos. Eles ficarão, junto com o BTG Pactual, por meio do fundo Caravelas, com 18,5% da nova Oi, conforme cálculos de analistas com base em dados públicos da empresa, descontadas as ações em tesouraria.

Antes da reorganização para fusão com a PT e ida da empresa ao Novo Mercado, os brasileiros controladores tinham 51% do capital votante da Oi. Mas a participação no capital total - ou do interesse econômico da empresa - era de apenas 19%.

Ontario Teachers Pension Fund, do Canadá, será maior acionista individual, com a 5% a 6,2% da CorpCo

Na prática, há até mesmo um aumento. No grupo controlador da Oi estava a própria a PT, desde o acordo selado em 2010. Agora serão 18,5% só com os brasileiros.

Considerando os papéis detidos pela própria Oi em tesouraria, o percentual dos brasileiros cai para 14,7%. Mesmo assim representa o dobro do poder político que a PT (ou seu bloco de acionistas originais) terá na CorpCo.

Após os ajustes por conta da perda financeira, a participação da PT ficará entre 18,5% e 22,9%, considerando ou não as ações em tesouraria. Além disso, o poder de voto ficará limitado a 7,5% do capital. Antes da Rioforte, os acionistas da PT teriam entre 35,8% e 44,2% da nova Oi.

Apesar de inicialmente ter sido previsto o limite de voto a todos os acionistas e grupos, o comunicado divulgado em 16 de julho não fala sobre corte no poder político dos brasileiros. De qualquer forma, a perda de força da PT será, no mínimo, refletida numa nova composição do conselho de administração da CorpCo.

Uma das novidades do ajuste com o GES é o surgimento, numa empresa de capital pulverizado como será a CorpCo, de um investidor de mercado significativo. Após a compra na oferta pública de ações de R$ 8,2 bilhões, o fundo de pensão dos professores canadenses, Ontario Teachers Pension Fund, terá de 5% a 6,2% da CorpCo - considerando-se ou não os papéis em tesouraria, respectivamente. Será o maior sócio isolado.

Não foram só os brasileiros do grupo de controle da Oi que foram beneficiados - ou compensados - pelos prejuízos da Rioforte, com uma fatia maior das ações. Os minoritários da Oi também, em igualdade de condições.

A frustração dos investidores é que antes eles teriam uma participação menor, mas de uma empresa com R$ 3 bilhões a mais de caixa e com perspectiva de governança melhor.

A percepção predominante é que os controladores brasileiros - especialmente os grandes empresários - já não consideravam a Oi um ativo estratégico e relevante. Ao contrário, avaliavam que era um desafio maior do que eles poderiam atender.

Assim, a chegada do grupo português era vista como uma evolução da governança da Oi. O cenário se inverteu duplamente.

O grupo de acionistas vindos da PT será substancialmente menor que o previsto inicialmente e com poder político limitado - o que mantém o grupo de brasileiros ainda predominante na gestão.

Para completar, a credibilidade nesses investidores ficou profundamente abalada pela situação com a Rioforte. Há um incômodo com a falta de apresentação de responsáveis pelo investimento nos títulos da Rioforte, que se mostrou insolvente.

Aos poucos, a cobertura da própria imprensa portuguesa começa a indicar que Henrique Granadeiro, presidente da PT desde que Zeinal Bava assumiu a Oi, em julho passado, e o diretor financeiro, Luis Pacheco de Melo, seriam os principais atores do episódio. Contudo, não foi uma iniciativa dura e enérgica da companhia apontar e responsabilizar os culpados. São eles que assinam o primeiro comunicado público da PT sobre o tema. Os comunicados legais da companhia portuguesa, em geral, são assinados só por Nuno Vieira, diretor de relações com investidores.

No acordo fechado após a perda com a Rioforte, a PT poderá recomprar ações da Oi caso receba os € 897 milhões de volta - ou parte deles. O preço de recompra, contudo, é inferior ao da oferta de ações.

No aumento de capital de R$ 13,9 bilhões, as ações ordinárias da Oi foram emitidas a R$ 2,17 e as preferenciais, a R$ 2,00.

A PT terá o direito de pagar R$ 2,00 por ordinária e R$ 1,85 por preferencial. Esses valores serão corrigidos por CDI mais 1,5% ao ano. As opções podem ser exercidas por um prazo de seis anos - a quantidade de direitos, porém, diminui gradualmente conforme o passar do tempo.

Para a PT, que continuará a existir como uma holding vazia, apenas com os direitos de Rioforte e opções da Oi, será uma corrida contra o tempo. Ela tem um recurso a receber com rendimento anual de 3,6%, mas o direito a comprar um ativo que ficará mais caro muito mais rapidamente.

A mensagem implícita, portanto, é de que a expectativa da Oi é baixa quanto a uma rápida recuperação dos valores perdidos. Caso contrário, a PT poderia comprar mais ações do que no aumento de capital.

Outra preocupação que surge no front é a manutenção da PT - sem os ativos operacionais, apenas a casca já mencionada - listada na bolsa de Lisboa, diferentemente do que estava previsto no início da reestruturação.

As opções sobre as ações da Oi são da PT, e não de seus acionistas individualmente. Como a companhia também não possui um controlador definido, há espaço para um investidor comprar essa holding, com objetivo de exercer as opções sobre a nova Oi. Há 16,6% do capital da empresa em risco. A atratividade da aplicação dependerá do preço de mercado. Quando mais o valor em bolsa se recuperar, mais interessante será a opção.

Desde o escândalo, aumentou a troca de mãos das ações da PT. A partir de maio, até ontem, fundos como Pictet, Blackrock, Barclays e Ontario reduziram em maior ou menor proporção as posições detidas na holding portuguesa.


Presidente da PT perde poder na CorpCo





Henrique Granadeiro, presidente da PT, não explicou o empréstimo ao GES

Após a alardeada surpresa com o empréstimo da Portugal Telecom (PT) de € 897 milhões à endividada Rioforte, do grupo Espírito Santo, a estratégia do comando da Oi é deixar claro ao mercado que a companhia ficará o mais protegida possível de eventuais percalços causados pela tele portuguesa.

Entre os caminhos adotados, está o de deixar Henrique Granadeiro, presidente da PT, fora do conselho de administração da CorpCo, empresa que nasce da fusão da Oi com a PT. Ao menos por enquanto, ele não será mais o vice-chairman. Zeinal Bava, que comandou a PT por cinco anos, até junho de 2013, continua como presidente da Oi e futuro CEO da CorpCo.

A decisão de tirar Granadeiro do conselho da CorpCo foi patrocinada pelos sócios brasileiros da Oi, que, agora, tentam dissipar a nova nódoa na governança da empresa.

Para chegar ao memorando de entendimentos com a PT, assinado na madrugada de ontem, a Oi tinha dois sócios em Lisboa: Otavio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, e Fernando Magalhães Portella, presidente do Grupo Jereissati. Bayard Gontijo, diretor financeiro da Oi também estava na capital portuguesa, assim como advogados do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão, representando a Oi, e do Esquenazi & Lacerda, respondendo pelos sócios brasileiros. Outros acionistas da tele brasileira, como fundos de pensão de estatais e a BNDESPar, ficaram no Brasil e eram informados à medida que as negociações avançavam.

O eixo da proposta da Oi, que defendia manter o risco do calote da Rioforte na PT isolado em Portugal e realizar o ajuste das participações acionárias na CorpCo, foi mantido.

A Oi inicialmente queria resolver o passivo - originalmente da PT, que não conseguiu receber a maior parte do empréstimo feito ao Grupo Espírito Santo ontem, mas que acabou caindo no colo da CorpCo - em um ano. Mas concordou em um prazo médio de três anos e meio. A PT, por sua vez, não queria ter sua fatia na CorpCo reduzida, argumentando que os € 897 milhões entregues ao GES tratava-se de um "risco normal de tesouraria". Também cedeu.

Os termos do acordo começaram a ser montados por Bava e pelas áreas jurídica e financeira da Oi, assim que Azevedo e Portella deixaram o conselho de administração da PT, há duas semanas.

Granadeiro, embora tenha sido afastado do conselho da CorpCo e ainda não ter explicado ao mercado o substancial apoio da PT à Rioforte, é considerado um executivo influente e com uma trajetória de sucesso em Portugal. Ele, de 71 anos, atua não só na área empresarial como no mundo acadêmico e das artes. Tem assento no conselho geral da Universidade de Lisboa, com influência na definição de linhas mestras na academia e no processo seletivo de reitores.

Granadeiro e os Espírito Santo se conhecem de longa data. Ex-seminarista, o executivo e empresário estudou economia na cidade de Évora, quando conheceu então jovens herdeiros de uma das famílias mais ricas de Portugal.

O presidente da PT iniciou a carreira como funcionário público. Foi embaixador e representante permanente de Portugal na OCDE e chefe da Casa Civil do presidente da República (general Ramalho) até 1979, quando transferiu-se para o setor privado.

Em 2003 foi escolhido para presidir a PT. Em 2008, Zeinal Bava assumiu o comando da companhia e Granadeiro passou a presidir o conselho de administração. Após Bava transferir-se para a Oi, Granadeiro voltou à presidência da PT.

Ele foi um dos que ajudaram organizar a produção de vinhos na região de Évora. Reuniu pequenos produtores em cooperativas. O sucesso internacional do vinho Cartuxa e dos produtos da Fundação Eugenio de Almeida são resultado da profissionalização.

Em 2001, o executivo criou a Granadeiro Vinhos, com o rótulo Monte dos Perdigões. Foi ele que deu ao filho do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a Portugal, um vinho da região com o rótulo gravado com seu nome - Fábio Luiz. Na época, diante da polêmica, procurado pelo Valor, Granadeiro disse que ações nessa linha eram totalmente usuais para presentear visitantes ilustres.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

4 celulares para curtir TV digital

Android Pie chega ao LG G7 ThinQ.

Driver leadership 0091 - Receptor de TV Digital.zip