Índia caminha para o Boom dos Smartphones



  Ex-Apple e dono da Obi Mobiles: "Índia cresce incrivelmente rápido"
John Sculley conhece bem o mercado de telefonia móvel, tendo lançado várias empresas do setor desde que deixou de ser o executivo-chefe da Apple em 1993. Ele não tem dúvidas sobre qual será a próxima grande novidade na área: os smartphones na Índia.

"Giro em torno aos celulares há muitos anos e esta é a oportunidade mais animadora globalmente", diz. "A Índia cresce incrivelmente rápido com os smartphones vai ser imenso".

Em abril, sua mais nova empresa, a Obi Mobiles, somou-se à onda de fabricantes de aparelhos sendo criadas ou se expandindo a passos largos, na esperança de aproveitar um mercado que, segundo analistas, deverá dobrar neste ano.

Taxas de crescimento como essa se tornaram incomuns em outros mercados, o que atrai fabricantes ansiosos em trabalhar em um dos poucos países emergentes de grande escala onde até agora relativamente poucos consumidores trocaram seus telefones básicos.

Neste mês, chegou a Xiaomi, uma badalada fabricante chinesa que se guia pela antiga empregadora de Sculley.

Em setembro, será a vez do Google, que vai lançar o Android One - um conjunto de especificações pensadas para ajudar os fabricantes a produzir aparelhos baratos para mercados de baixa renda e, em particular, para a Índia.

As recém-chegadas juntam-se à HTC, de Taiwan, e à ZTE, da China, que vem tentando estabelecer-se em um mercado dominado pela Samsung e por empresas locais.

A onda sustenta-se em dois fatores. Cerca de 650 milhões de indianos têm telefones celulares, o que torna o país o segundo maior mercado do mundo em vendas. Em 2013, no entanto, apenas 40 milhões compraram smartphones.

Sob esse ponto de vista, o mercado é pequeno perto da China, onde as vendas são quase dez vezes maiores. Isso, no entanto, também é o que torna o país tão animador, segundo Jayanth Kolla analista de telecomunicações da Convergence Catalyst.

"A China está ficando saturada", diz. "A maioria das pessoas já tem smartphones, assim como nos Estados Unidos, mas centenas de milhões na Índia estão por trocar para seu primeiro, então, os fabricantes estão se amontoando".

A Índia tornou-se o mercado de smartphones de maior crescimento da Ásia no primeiro trimestre de 2014, com as vendas quase quadruplicando na comparação anual, segundo pesquisadores do IDC. O crescimento anual será de pelo menos 40% em cada um dos próximos cinco anos, prevê o grupo de pesquisas.

A sul-coreana Samsung deverá ser a maior beneficiada. A maior fabricante de smartphone controla cerca de 30% do mercado indiano, em vendas, embora sua liderança venha diminuindo em meio ao aumento da concorrência.

A pressão vem, em parte, da Apple. A maior concorrência, no entanto, vem de três marcas domésticas, boas e baratas, Micromax, Karbonn e Lava, que conquistaram cerca de 30% das vendas em 2013 com seus telefones de fabricação chinesa.

Como na China, os aparelhos não são subsidiados, portanto os clientes têm de pagar o preço integral, adiantado. Empresas como a Micromax cresceram por oferecer telefones Android, com especificações similares às do iPhone, por preços bem menores. Isso obrigou a Apple e a Samsung a oferecer descontos pesados, de acordo com Anshul Gupta, do grupo de pesquisas Gartner.

Já nomes como a Lava também oferecem aparelhos para consumidores que gastam ainda menos, muitos dos quais não têm como arcar com conexões 3G.

As empresas indianas também se sobressaem na distribuição. Algumas das recém-chegadas ao mercado, como a Xiaomi, planejam vender aparelhos apenas pela internet. O vice-presidente da Samsung na Índia, Asim Warsi, no entanto, diz que qualquer empresa com aspirações de conquistar o grande mercado primeiro precisa passar pela "dura caminhada" de lidar com dezenas de milhares de lojas de esquina, nas quais a maioria dos indianos escolhe seus aparelhos.

Mesmo assim, entrar no mercado não é fácil. A infraestrutura de telecomunicações é fraca, com serviços de 3G caros ou - fora das grandes cidades - pouco confiáveis.

O idioma pode ser um problema: apenas 10% dos indianos falam inglês. Poucas empresas resolveram o problema de tornar a web sem fio ou as mídias de relacionamento social atraentes em uma Índia que fala dezenas de línguas.

Apesar do crescimento, é improvável que a Índia supera a China como maior mercado mundial de smartphones. O país é mais pobre: 20% dos consumidores chineses tem renda anual superior a US$ 40 mil, segundo a Gartner, em comparação a apenas 1,5% na Índia. IPhones são um luxo para a elite.

No fim das contas, o que vai incentivar o crescimento é a queda dos preços, não uma maior velocidade nas conexões ou traduções mais hábeis. O Android One, do Google, deverá ser usado como base para os aparelhos feitos por Micromax, Karbonn e outros fabricantes que vão vendê-los por preços a partir de US$ 100.

Hari Om Rai, presidente do conselho de administração da Lava, quarta maior fabricante da Índia, em vendas, prevê o lançamento de aparelhos pela metade desse valor nos próximos meses.

"A US$ 40 ou US$ 50, quase todo indiano vai ter um: o estudante, o trabalhador de fábrica, o agricultor", diz Rai. "Posso prever um crescimento muito, muito grande. O que aconteceu na China há cerca de dois anos está por acontecer aqui [...] vai ser um big-bang."

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