Com GVT, Vivo terá combos em todo o país

Julio Bittencourt/Valor 
 
Valente, da Telefônica: "Pode haver necessidade de devolução de licença em São Paulo, mas é importante separar o que são ativos, licenças e clientes"
Demorou cinco anos, mas a Telefônica Vivo finalmente conseguiu a assinatura do contrato que unirá a GVT aos seus negócios. Com isso, não apenas impediu que a TIM levasse a GVT e se tornasse uma rival mais forte, como ganhou musculatura para sua própria expansão nacional por meio da oferta de multisserviços.
Ao integrar a GVT, a Vivo incluirá em seu portfólio nacional ofertas combinadas de voz fixa, móvel, acesso em banda larga de alta velocidade e TV paga - o chamado "quadriplay" -, disse ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, o presidente da Telefônica Brasil, Antônio Carlos Valente. Isso reforça o posicionamento competitivo da empresa. A companhia concentrou-se fortemente no Estado de São Paulo, sua área de concessão de telefonia fixa, e ainda constrói sua rede nacional.
A rede da GVT cobre 10,4 milhões de lares em 152 cidades de 21 Estados. A rede de fibras ópticas da Telefónica foi estendida na cidade paulista. A GVT tem mais de 2,5 milhões de clientes de banda larga, sendo que 86% deles contratam velocidade acima de 10 megabits por segundo. Do total, 92% estão fora do Estado de São Paulo. "Os benefícios fora do Estado sobre os ativos não se restringem ao mercado massivo [consumidor], mas também se estendem ao corporativo e ao atendimento de estações radiobase com tecnologias de maior velocidade", afirmou Valente.
No segmento móvel, a Vivo poderá agrupar serviços e dar suporte à implantação da tecnologia LTE, de quarta geração (4G). No fixo, em São Paulo, vai otimizar a instalação de fibras ópticas. Na área empresarial e de pequenas e médias empresas vai melhorar a rentabilidade, a competição, a qualidade e ainda migrar de redes alugadas para infraestrutura própria. Além disso, com maior escala haverá queda de custos.
Quanto ao receio de usuários de que a qualidade de serviços da GVT se degrade sob o controle da Telefônica, Valente foi enfático: "O valor que a Telefônica se dispõe a pagar pela GVT é importante. Sua equipe, processos e procedimentos de trabalho são o seu grande ativo. Vamos preservá-los. Não há motivos para preocupação."
A Telefônica também conseguiu desatar o nó regulatório e concorrencial no Brasil, envolvendo suas participações na Vivo e, indiretamente, na TIM. Com a formalização da compra da GVT, na quinta-feira, sua controladora, a francesa Vivendi, concordou em adquirir as ações que a Telefónica S.A., da Espanha, tem da Telecom Italia, dona da TIM.
Para chegar a essa solução, a Telefónica atuou em várias frentes, inclusive com duas operações envolvendo suas ações. A primeira foi o lançamento de debêntures conversíveis em ações da Telecom Italia, e a segunda, a entrega de ações à Vivendi como parte do pagamento pela compra da GVT. A Telefônica Brasil pagará à vista e em dinheiro € 4,663 bilhões e, no fechamento do negócio, 12% de ações ordinárias e 12% de preferenciais emitidas após a incorporação da GVTPar.
As operações estão entrelaçadas. Primeiro, a Telefónica saiu da Telco - holding da qual era majoritária e que está em fase de liquidação. A Telco detinha 22,4% da Telecom Italia. Com o fim da Telco, a Telefónica passa a ser acionista direta da empresa italiana.
O processo depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Concorrencial (Cade) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Ambos já foram informados da operação pela Telefônica.
A Vivendi concordou em adquirir 1,11 bilhão de ações ordinárias da Telecom Italia, que representam uma participação de 8,3% no capital com direito a voto (equivalente a 5,7% do capital social). Em troca, a Vivendi receberá 4,5% da sociedade resultante da combinação da Telefônica Brasil e GVT, em ações ordinárias e parte das preferenciais (representativa de 0,7% dessa classe de ações).
"Quando isso acontecer [a fusão da Telco], essas ações serão de propriedade da Telefónica, e as duas operações poderão ser concluídas: as debêntures conversíveis em ações e a entrega das ações da Telecom Italia para a Vivendi", disse Valente. "Daí não haverá mais participação da Telefónica na Telecom Italia e deixarão de existir os questionamentos do passado", disse o executivo, referindo-se às exigências do Cade para que a empresa espanhola não sobreponha sua participação na TIM e na Vivo. A autarquia já havia exigido uma escolha.
O problema regulatório, na verdade, foi repassado para a Vivendi, que terá de se explicar aos órgãos brasileiros e fazer as mudanças que venham a ser exigidas.
Outro ponto de atenção é a combinação de negócios entre Vivo e GVT, que poderá resultar em devolução de licenças de serviços para a Anatel, principalmente do Estado de São Paulo. A concentração de negócios nessa região é em torno de 95%. O valor das sinergias começa em € 4,7 bilhões, líquido dos custos de integração.
"A superposição [de licenças] que existe onde nós somos os únicos concorrentes da GVT é mínima", disse Valente, referindo-se a regiões fora do Estado. "Isso simplifica de maneira importante toda a avaliação regulatória. Pode haver necessidade de alguma devolução de licença em São Paulo, mas é importante separar o que são ativos, licenças e clientes."

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