Oi não vai disputar leilão de 4G

Em reunião do conselho de administração, ontem de manhã, os controladores da Oi bateram o martelo e decidiram ficar de fora do leilão de frequências de 700 MHz, utilizado para a quarta geração da telefonia celular (4G). A decisão foi unânime. Já Vivo, Claro, TIM e Algar entregaram ontem propostas à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

A opção por não participar vinha sendo amadurecida pelo comando da Oi e era esperada na Anatel. A dívida de R$ 46 bilhões é um entrave para o investimento da ordem de R$ 3 bilhões caso disputasse o leilão. Segundo um representante dos acionistas controladores o foco da Oi é "reduzir a alavancagem para participar como protagonista no processo de consolidação em curso".

As ações da Oi fecharam o pregão de ontem entre as maiores altas da bolsa, com avanço de 1,17%, cotadas a R$ 1,73. Para analistas, a decisão dos acionistas vai em linha com o que o mercado da tele: buscar formas de reduzir a dívida.

A decisão da Oi reduz a previsão de arrecadação no leilão, marcado para terça-feira próxima. Cálculos preliminares da Anatel indicavam entre R$ 8,2 bilhões (patamar mínimo) e R$ 10 bilhões, considerando ágio, por conta da disputa entre as teles. Sem Oi, a disputa tende a ser menor.

A opção da Oi de ficar de fora do leilão de 4G foi "coerente", diz Eduardo Tude da consultoria Teleco. Para os analistas Daniel Liberato e Felipe Silveira, da Coinvalores, a Oi tomou a decisão mais racional no curto prazo. Avaliam que a companhia provavelmente não teria condições financeiras de investir na nova faixa, apesar de sua importância estratégica.

Sócio da consultoria de telecomunicações Órion e ex-ministro das Comunicações, Juarez Quadros, diz que foi correto a Oi ficar de fora do leilão, mas argumenta que no médio e longo prazos, a situação precisa ser mais bem avaliada. Observa que a empresa perderá competitividade e valor de mercado. "A situação é muito delicada tanto para a Oi quanto para o setor. O modelo de exploração do serviço de telecomunicações no país fica enfraquecido", disse.

Uma oferta no leilão de 4G custaria ao menos R$ 2,91 bilhões à Oi. Sua dívida chegou a R$ 46,2 bilhões no segundo trimestre, um aumento de 52,8% sobre igual período de 2013. Ocorreu em parte devido à consolidação da dívida líquida de R$ 21,3 bilhões da Portugal Telecom, com quem está em processo de fusão. É o maior patamar do setor.

Eduardo Tude lembra que a Oi precisa, ainda, focar na ampliação das redes 3G e 4G nas frequências que já tem. "A Oi diminuiu (este ano) o investimento anual de R$ 6 bilhões para R$ 5 bilhões, não me parece coerente gastar cerca de R$ 3 bilhões em frequências que só poderão ser utilizadas em cinco anos", disse Tude.

Foi exatamente esse prazo, de cinco anos, que fez com que a área técnica da Oi avaliasse que não valia a pena participar do leilão. Um dos lados negativos apontados é que os 700 MHz começariam a ser usados em 2018 e teriam pleno uso apenas em 2019.

Segundo o laudo dos técnicos da Oi, a frequência de 1.800 MHz que a empresa tem em todo país, pode ser mais usada em serviços de 4G. A de 700 MHz, que vai ser licitada no dia 30, ofereceria a vantagem de cobrir uma área maior com menos infraestrutura, reduzindo custos. A Oi também pode usar as "small cells", antenas de pequeno porte que permitem ampliar a capacidade de sinal. Como 4G é para transmitir dados, seus técnicos avaliaram que a Oi tem um diferencial: 800 mil pontos de acesso WiFi instalados no país.

Fora do leilão do dia 30, a Oi busca alternativas para ganhar fôlego, seja com uma fusão ou compra compartilhada de uma outra tele. A Oi mandatou o BTG para buscar oportunidades e está na mesa a compra da TIM Brasil, que seria fatiada entre Oi, Claro e Telefônica. Para isso, a América Móvil, dona da Claro, já foi contatada e respondeu que tem interesse. A Telefônica, que comprou recentemente a GVT, ainda não se pronunciou oficialmente sobre a TIM.

Como a TIM está entre os ativos mais sadios da Telecom Itália, a sua venda só aconteceria em caso de oferta muito atraente, dizem analistas. O ponto é que a Oi não tem disponibilidade financeira e a América Móvil, ao contrário da Telefônica, não tem histórico de pagar caro pro ativos. Não por acaso, na semana passada, jornais italianos especularam uma fusão entre Oi e Telecom Itália.

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