Six antecipa produção de chips


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O sonho brasileiro de entrar definitivamente no mundo da alta tecnologia deu um passo fundamental. A Six Semicondutores, que ergue uma fábrica de chips em Ribeirão das Neves (MG), fechou a compra de uma empresa francesa do setor e deve anunciar hoje a concretização do negócio.

O controle da LFoundry, que estava em sérias dificuldades financeiras, está sendo transferido por US$ 34 milhões. A aquisição foi estratégica no plano de acelerar o início da produção de semicondutores no Brasil. Com o negócio, a Six ganha acesso à tecnologia de fabricação de chips com 90 a 150 nanômetros, que é a especialidade da LFoundry. "Isso se encaixa perfeitamente no portfólio de produtos que pretendemos comercializar", diz Matías Eurnekián, principal executivo na área de semicondutores da Corporación América, que detém 33,3% de participação na Six.

Um dos maiores grupos multinacionais da Argentina, a Corporación América substituiu o empresário Eike Batista na empresa brasileira e foi quem começou as negociações com os franceses, em um processo no qual os demais sócios - entre eles o BNDES e a IBM - acabaram se juntando.

A absorção de tecnologia e de equipamentos da LFoundry permitirá à Six antecipar o cronograma de início da produção comercial para o primeiro semestre de 2015. Até o fim deste ano, segundo Eurnekián, funcionários da companhia serão enviados para capacitação na França. Em março, se não houver problemas logísticos, chegam os equipamentos que viabilizam a produção. Antes, segundo o executivo, a perspectiva era deixar a linha de produção em fluxo contínuo somente em 2016. "O que fizemos, de certo modo, foi comprar tempo."

A planta da Six, nos arredores de Belo Horizonte, convertirá silício bruto em "wafers". Esse processo requer concentração de tecnologia e condições de processamento únicas. Para fazer isso, era preciso um aprendizado com parceiros tecnológicos ou a compra de alguma empresa, como foi o caso. A aquisição resulta de uma concorrência internacional da qual participaram outros grupos.

A Corporación América, do bilionário argentino Eduardo Eurnekián, também investe em aeroportos no Brasil - divide o controle das operadoras de Brasília (DF) e São Gonçalo do Amarante (RN). Na Argentina, já tem uma fábrica de semicondutores em Chascomús, na Província de Buenos Aires. Com 350 trabalhadores, que se revezam em três turnos e sete dias por semana, a Unitec Blue produz 1 bilhão de chips por ano. Sob o comando de Matías, deve faturar US$ 100 milhões em 2014 e US$ 230 milhões em 2015. Cerca de 60% das vendas são para o mercado argentino e outros 40% para exportação.

Para integrar os negócios, a Six passou a chamar-se Unitec do Brasil. Além da multinacional argentina, o BNDES detém outros 33,3% na sociedade. A IBM participa com uma fatia de 18%. O restante é dividido entre a empresa de engenharia Matec, a WS-Intec e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). A expectativa dos sócios é ter um faturamento de US$ 1 bilhão em 2017.

A produção brasileira se concentrará em chips para cartões de crédito, telefones celulares, transporte inteligente (rastreamento de ônibus e caminhões). Para que se tenha ideia do tamanho dos microprocessadores, eles são equivalentes ao vírus da gripe, que tem cerca de 110 nanômetros. Um nanômetro equivale a um milionésimo de milímetro. Essa escala indica a largura do canal de circulação dos elétrons. Quanto menor for esse canal, maior será a velocidade de processamento dos chips e a economia no consumo de energia.

A Corporación América assumiu o controle da Six, em substituição a Eike Batista, no início deste ano. "Já somos um exemplo de sucesso na integração entre Brasil e Argentina", diz Matías.

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