Altice oferece € 7 bi por PT para a Oi


  
Após semanas de negociações intensas, o grupo francês Altice colocou na mesa sua proposta formal de compra de ativos da Portugal Telecom, que tem como principal acionista a brasileira Oi. O montante oferecido é de € 7,025 bilhões, valor no topo da faixa do que vinha sendo estimado pelos mercados e considerado, por analistas portugueses, como "razoável" e até mesmo "irrecusável".

O conselho de administração da Oi já está avaliando a proposta da Altice. De acordo com o comunicado da Altice divulgado na madrugada de ontem (no horário europeu), a oferta exclui os ativos da PT fora de Portugal (na África) e a dívida de € 897 milhões que a Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo à beira da falência, contraiu em abril junto à PT e não pagou.


Em Portugal, a oferta lançada pela Altice tem provocado críticas. O sindicato dos trabalhadores da companhia pediu a intervenção do governo para impedir a venda da PT, segundo um comunicado. A oposição socialista também lançou um apelo ao governo de centro-direita para proteger uma empresa que representa "interesses estratégicos" para o país.

Alguns acusam a Altice, que tem crescido por meio de fusões e aquisições, de realizar operações especulativas. "Somos investidores de longo prazo. Não vendemos nenhum negócio nos últimos 12 anos", rebate Dexter Goei, presidente-executivo da Altice.

"Temos um verdadeiro projeto industrial em Portugal e vamos investir em inovação", diz a fonte ligada ao grupo francês.

A oferta da Altice é a única, até agora, formalmente apresentada à Oi, mas a empresa francesa pode enfrentar concorrência já que os Correios de Portugal está se movimentando para fazer uma proposta, assim como fundos de private equity Apax e Bain Capital.

As ações da PT, que vinham despencando, subiram 4,13% ontem. As da Oi tiveram alta de 3,08%.

A oferta da Altice, que não leva em conta o caixa e dívida da tele, também não inclui ações em tesouraria da Oi e estruturas de financiamento da PT. O valor da proposta considera o pagamento diferido de € 400 milhões dependendo da geração de receitas da PT e mais € 400 milhões atrelados à geração futura de fluxo de caixa livre.

Para a Altice, esta aquisição é estratégica. A holding da Numéricable, maior operador francês a cabo, já tem duas empresas em Portugal, com serviços semelhantes aos existentes na França: a Cabovisão e a Oni, de banda larga com serviços voltados para empresas, que foram compradas nos últimos dois anos. O objetivo que vem sendo destacado pela Altice é o de consolidar sua presença nas telecomunicações na Europa, reforçando as atividades nos mercados onde já atua.

O grupo do bilionário franco - israelense Patrick Drahi, com sede em Luxemburgo, informa que se a oferta de compra dos ativos domésticos da PT for aceita, os recursos serão financiados pela emissão de nova dívida e pelo caixa da Altice. Cinco bancos devem participar da operação, entre eles JP Morgan, Morgan Stanley e Deutsche Bank.

A imprensa francesa, no entanto, ressalta que o grande apetite de Drahi tem resultado no aumento do endividamento da companhia. O grupo já contraiu empréstimos recentemente para financiar uma operação importante, anunciada em abril: a compra, pela filial Numéricable, da SFR, segunda maior operadora de celulares da França, por € 17 bilhões, sendo € 13,5 bilhões em dinheiro. Essa transação deve ser finalizada neste mês. Além do financiamento de € 8 bilhões, a Altice lançou um aumento de capital de € 4,7 bilhões para completar a aquisição.

"Nosso nível de endividamento é bastante razoável e as dívidas são de muito longo prazo", disse ao Valor uma fonte ligada ao grupo francês. "Ele é de cerca de 4 vezes nosso Ebidta - lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. No caso de outras companhias do setor, o endividamento é de cinco vezes o Ebidta", diz a fonte. A dívida total do grupo Altice é de € 19 bilhões, segundo a fonte. O faturamento do grupo, que valeria de € 11 a € 12 bilhões na bolsa, foi de € 25 bilhões em 2013.

Analistas também afirmam que apesar de a Portugal Telecom representar um ativo interessante, a operação para a Altice pode não ser tão proveitosa, já que Portugal é um mercado maduro onde haveria pouco potencial de crescimento e que também está em crise econômica. Para alguns, a Altice deveria focar-se na França.

"Eles estão absorvendo a SFR e deveriam finalizar isso antes de se lançar na conquista da Europa. Em Portugal, eles querem engolir o equivalente da France Télécom", disse um especialista do mercado ao jornal "Le Monde". Outros apontam que as sinergias, entre Altice e PT, podem não ser tão significativas. Para o analista João Lampreia, do banco BIG, "é uma proposta irrecusável para a Oi, enquanto a Altice marca uma posição muito forte". (Colaborou Heloisa Magalhães, do Rio)

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