Coreana Samsung sofre com competição chinesa

A deterioração abrupta do negócio de telefonia móvel da Samsung Electronics levanta a questão: Será que as fabricantes chinesas logo dominarão o mercado de smartphones?

A maior fabricante mundial de smartphones em receita anunciou, ontem, que seu lucro líquido caiu 49% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2013, em um momento no qual aparelhos mais baratos, principalmente da China, vêm tomando seu mercado. Três empresas que monitoram o mercado confirmaram que a empresa sul-coreana de tecnologia está perdendo terreno ainda mais rapidamente do que muitos analistas previam.

Embora os fabricantes chineses de celulares estejam entrando na área de smartphones há vários anos, o ritmo da sua ascensão - e do declínio da Samsung - no último semestre foi impressionante.


Desde o início do ano, as vendas mundiais de smartphones de fabricantes chinesas - incluindo Xiaomi, Lenovo e Huawei Technologies - dispararam. Os aparelhos de fabricação chinesa já representam 38% do mercado global, mais que os da Samsung e da Apple somados, segundo a empresa de pesquisas Strategy Analytics. A Xiaomi saltou para o terceiro lugar no mercado mundial, atrás da Samsung e da Apple, com 5,6% no terceiro trimestre. Sua participação no primeiro trimestre foi de 3,9%.

A fatia de mercado dos smartphones da Samsung caiu de 31% no primeiro trimestre para 25% no terceiro, de acordo com a Strategy Analytics. A margem de lucro dos dispositivos móveis da empresa despencou de 20% para 7%. A Samsung atribui o declínio, em parte, ao aumento dos custos de marketing para se desfazer do excesso de smartphones não vendidos que se acumularam na China e em outros países.

O iPhone, da Apple, ficou com 12% do mercado no terceiro trimestre, ante 15% no primeiro.

A Samsung não é a única empresa sul-coreana que está sofrendo com a ascensão das rivais chinesas de baixo custo. O Instituto de Economia Industrial e Comércio da Coreia estimou recentemente que as fabricantes chinesas provavelmente vão alcançar ou superar suas rivais coreanas dentro de cinco anos em áreas que incluem navios, petroquímica, aço e têxteis. No setor de smartphones de preço médio e baixo, o grupo de pesquisas do governo prevê que a China vá superar a Coreia dentro de dois anos.

Na verdade, aumentar a fatia de mercado não garante o crescimento dos lucros e pode corroer os ganhos de todos. Não está claro o quanto a Xiaomi ou a Huawei, ambas de capital fechado, lucram com seus smartphones, se é que lucram alguma coisa.

Mas a Samsung afirma que está decidida a reagir. Executivos da empresa disseram, ontem, que vão competir mais diretamente com as rivais em aparelhos de médio e baixo preços, faixa em que a Xiaomi, a Huawei e a Lenovo vendem smartphones por cerca de US$ 300. Um modelo equivalente da Samsung pode custar até o dobro.

Kim Hyun-joon, vice-presidente sênior da divisão de aparelhos móveis da Samsung, disse que a empresa vai modificar o design e a interface com o usuário dos seus dispositivos de menor preço, para se diferenciar das concorrentes.

A Samsung também vai procurar fabricar os aparelhos de maneira mais econômica. "A chave é a eficiência, aumentar o número de componentes usados em todos os modelos de médio e baixo custo para podermos alavancar melhor as economias de escala", disse Kim.

A expectativa é que a Samsung também reorganize a equipe executiva da divisão de aparelhos móveis, como costuma fazer perto do fim do ano.

"Com a ajuda, em parte, de mudanças na administração, esperamos que a Samsung trabalhe agressivamente para retomar o mercado perdido para a Xiaomi e outras na China", escreveu Sundeep Bajikar, analista da empresa de investimento Jefferies, em nota aos clientes.

Após os resultados fracos no início do ano, centenas de gerentes seniores da divisão de aparelhos móveis da Samsung tiveram um corte de 25% nos seus bônus do primeiro semestre, segundo pessoas a par do assunto. Executivos e gerentes seniores estão se preparando para mais cortes nos bônus, disse uma pessoa a par da situação.

Mesmo com a nova estratégia da Samsung para lidar com suas concorrentes de baixo custo, a empresa indicou que o auge da sua divisão de smartphones talvez já tenha ficado para trás. A margem de lucro da divisão de aparelhos móveis da Samsung no terceiro trimestre, 7%, foi a menor desde o início de 2009. Ela veio depois de dez trimestres consecutivos em que a margem da divisão ultrapassou 15%. Kim disse que a nova meta da divisão é simplesmente manter uma margem de dois dígitos.

A Samsung continua forte nos semicondutores, fonte de lucro constante desde antes do sucesso dos últimos anos com smartphones. As divisões de chips e componentes contribuíram com 57% dos lucros no terceiro trimestre - resultado bem diferente de seis meses atrás, quando a divisão de celulares representou 76% dos lucros da Samsung.

Os negócios de chips de memória da Samsung estão registrando uma forte demanda, e a empresa espera que as vendas de processadores se acelerem com a abertura de uma fábrica de alta tecnologia, que deve iniciar a produção em massa até o fim do ano.

Os investidores parecem otimistas. A ação da Samsung subiu 4,5%, ontem, na bolsa de Seul, sua maior alta diária em mais de um ano. Mesmo assim, a ação recuou 14% no acumulado do ano, com uma queda acentuada desde o início de junho.

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