GPS Smartphones tiram o sono dos fabricnates

 Concorrência do celular faz GPS perder o rumo no país

Poucos anos depois de desembarcar no Brasil os sistemas de localização por satélite (GPS, na sigla em inglês) passam por uma transformação significativa no país.

De janeiro a abril, as vendas de aparelhos caíram 63,6%, para 85 mil unidades, em comparação com igual período de 2014. Em valores, a retração foi de 61%, para R$ 25 milhões.

O resultado foi um banho de água fria para a indústria. Desde 2008, as vendas desses aparelhos evoluíram

continuamente no país até atingir seu ápice, em 2013, quando foram quase dez vezes maiores que cinco anos antes.

A mudança de rumo aconteceu apenas um ano depois,

As vendas recuaram 57,5% em 2014 em relação a um ano antes, para 493 mil unidades. Em valores, a redução foi de 55%, para R$ 141 milhões. Esse cenário engloba o desempenho dos aparelhos portáteis, que podem ser carregados pelo usuário e representam 98% do mercado, e os embarcados em veículos. São, ao todo, 25 marcas e 145 modelos. Os celulares com função de GPS não estão incluídos nesses números.

Os usuário não quer mais saber simplesmente como chegar do ponto A ao B, mas quanto tempo levará para isso e como desviar dos congestionamentos.

Para o executivo, não há dúvidas de que celulares e aplicativos causaram impacto nos fornecedores de GPS.

O crescente número de celulares com GPS embarcado e aplicativos de localização grátis são os principais vilões para os aparelhos de localização dedicados. Google Maps e Waze, por exemplo, fornecem informações de trânsito em tempo real, com atualização de mapa on-line. Já a maioria dos aparelhos GPS requer uma taxa anual para essa atualização, que pode variar de R$ 15 a R$ 60, e cobra pelo serviço de trânsito.

Para o presidente de uma operadora de telecomunicações, que prefere não ser identificado, o celular "matou" o GPS.

Roni Wajnberg, diretor de tecnologia da informação para B2B da Oi, complementa: "O celular matou o aparelho GPS, sim. Mais de 95% das pessoas que usavam GPS agora usam celular." Gfk, discorda. "As empresas [tradicionais] têm que se reinventar para concorrer com essa convergência digital. Há nichos específicos em que podem trabalhar, mas de forma diferenciada", disse. "Não posso dizer que a câmara digital vai acabar por causa do celular. Há oportunidades nesse mercado." Como um canivete suíço da era digital, o smartphone absorve cada vez mais funções, ocupando o espaço de câmeras

digitais, filmadoras, gravadores, tocadores de MP3, tablets, TV portátil, sistema de navegação etc.

Além de concorrer com os celulares, os fabricantes de GPS dedicados enfrentam uma competição feroz entre si. Não há fabricação local e os dispositivos são importados da China e de Taiwan, sem cobrança de imposto, diz Claudio Ohashi, gerente-geral da Garmin Brasil. Criada nos EUA em 1989, com meia dúzia de empregados, a Garmin tem hoje mais de 9,5 mil colaboradores no mundo e atingiu receita de US$ 2,8 bilhões em 2014.

As quatro maiores marcas são Multilaser, Aquarius, Garmin e TomTom, nessa ordem, que respondem por 86% do faturamento do mercado brasileiro, diz Ohashi, com base em estudo da Gfk, com dados de fevereiro de 2014 a janeiro de 2015. Marcas com vendas eventuais estão deixando o país.

A predominância local tem sido de aparelhos de preço baixo. Mas a situação está mudando, segundo o responsável pelas operações da Garmin. Para se destacar, algumas empresas estão adicionando valor aos seus produtos, elevando o patamar de preços. O produto de entrada da Garmin custa R$ 499 e o da TomTom, R$ 899. "Deixamos de trabalhar com produtos de entrada porque a competitividade é complicada", diz Ohashi. Segundo o executivo, aparelhos com o mesmo tamanho de tela são vendido por rivais por um terço de seu preço. Em sua opinião, o cliente que segue esse apelo não analisa cobertura geográfica do mapa nem diferenciais.

Com seu mercado invadido, a Garmin lançou seu próprio aplicativo para uso em qualquer aparelho. Não deu certo. O Waze, por exemplo, uma espécie de rede social de trânsito grátis no celular, conta com 40 milhões de pessoas compartilhando informações no mundo, e contabiliza 3 milhões de downloads no Brasil.

Os carros com GPS embarcado também abocanharam uma fatia dos aparelhos portáteis. "Não sei quem roubou mais mercado", diz o executivo da Garmin. A empresa acelerou o passo e começou a vender para montadoras, como Honda (no Brasil), Toyota e Volvo.

Com receita de € 950 milhões no ano passado e queda de 19% na linha automotiva, de sistemas embarcados, a holandesa TomTom também correu em busca de destaque. Para fazer frente aos serviços grátis, decidiu dar flexibilidade ao seu aplicativo e lançou uma versão "fremium" (opção paga e gratuita) para smartphones com sistema operacional Android, do Google, e iOS, da Apple. Por esse modelo, oferece 75 km de navegação grátis por mês. Quem ultrapassa, paga a taxa anual de R$ 65. O aplicativo tem mais de 1 milhão de downloads em 36 países.

Segundo Julio Quintela, gerente de vendas e responsável pela operação da TomTom no Brasil, o usuário decide pagar porque não precisa de conectividade para navegar e dispõe de informações do trânsito, fornecidas pela empresa.

No Brasil, a TomTom atua com as linhas de consumo, que representam a maior parte das vendas da empresa no país, e licenciamento de conteúdos digitais de mapas. Nesse caso, um dos maiores clientes globais é a Apple e, no Brasil, os grupos Fiat e Castrol, disse Quintela. A TomTom está recrutando equipes para aumentar a fatia de licenciamento, que mundialmente representa 65% da receita. O objetivo é inverter a participação, o que não deve ocorrer em menos de dois anos.

O executivo disse que os resultados no Brasil continuam em linha com as expectativas. "Estamos atentos, mas ainda não sentimos os impactos da recessão", disse. Ele afirma que os aparelhos GPS da marca continuam em crescimento porque há modelos que se conectam com internet, via smartphone, para entregar informações do trânsito em tempo real.

Com vendas no Brasil desde o ano passado, a Navitel ainda não teve tempo de sentir os efeitos da crise econômica ou da concorrência com o celular. Por e-mail, o diretor de operações, Tomá Kalenský disse considerar o mercado "promissor".

A área de software está distribuída em países da Europa Ocidental, e a de dispositivos, na Rússia e China. A empresa vende tanto os aparelhos de GPS quanto o sistema de navegação para outros fabricantes.

Segundo Kalenský, que vive em Praga, o download do navegador da marca cresceu 30% no ano passado, frente a 2013, e a expectativa é de avançar mais 15% neste ano. Não houve declínio no mercado geral de navegação para a empresa, que atua em 70 países, pela diversidade de serviços associados aos aplicativos, disse o executivo.

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