HTC Magic tem o DNA do Google

Não sei você, mas quando eu vi o Android pela primeira vez, fiquei pensando: “Isso aí numa carcaça com estilão de iPhone faria o maior estrago”. Pois o competente, porém desengonçado, HTC G1 acabou de ganhar um irmão fininho e sem teclado físico para estragar sua elegância. O nome dele é Magic, mas pode chamar de G2. Afinal, a evolução não ficou só no design. Mais rápido e com mudanças sutis na interface, o smartphone com sistema operacional do Google está pronto para desembarcar no Brasil. Ou melhor, quase pronto. Nos últimos três dias, testei uma versão beta nacional sem previsão para chegar às lojas, nem preço definido – esse valor da tabela ao lado é de modelos gringos vendidos no mercado alternativo. Pequenas alterações de hardware e software ainda podem acontecer, mas falta pouco para o aparelho ficar redondinho. Dá uma olhada.

Começando pelo que está na parte de dentro, o celular saltou de 192 para 288 MB de memória RAM. Isso o deixou visivelmente mais rápido que seu antecessor nas atividades como mostrar o menu principal, abrir programas, carregar páginas da web e, principalmente, girar a tela para visualizar aplicativos na vertical. Quando liguei o cronômetro para verificar o tempo de boot, foi batata: um minuto e quatro segundos para o G1 contra 53 segundos para o Magic (e, convenhamos, os dois são tempos altos). Ainda falando em números, pedi para o pessoal do INFOLAB fazer algumas ligações e medir a duração da bateria, que melhorou bastante, passando de 266 para 381 minutos.

Confesso que senti falta do belo QWERTY do G1. Mas, para compensar isso, o teclado virtual do Magic ficou mais espaçoso, com inspiração no iPhone. O método para predição de palavras, do que não sou muito adepto, aqui também ganhou em eficiência. Os cinco botões físicos na base do aparelho continuam fundamentais para a navegação, pois os menus não possuem opção para voltar à tela anterior, por exemplo. Um detalhe curioso é que o design deles é diferente do visto nas fotos do aparelho vendido no exterior – dando força à tese de que a carcaça pode ser modificada antes do lançamento.

Quando bati o olho no aparelho, pensei que a tela dele era idêntica à do seu antecessor. Mas, além de ganhar no brilho e na nitidez, o display do Magic exibe 16 milhões de cores, contra 65 mil do G1. Não vi diferença na sensibilidade, que continua ótima, e as funções também são iguais em ambos. Ou seja, nada de comandos de pinça para dar zoom no navegador ou nas fotos. O tamanho de 3,2 polegadas garante liberdade para arrastar e soltar atalhos na tela – uma coisa que você usa muito quando está personalizando a página principal. Afinal, dá para colocar seus aplicativos preferidos lá e mudar o plano de fundo de um jeito muito prático.

Mais fácil de usar

Infelizmente, o HTC Magic testado não veio com o Android Market na memória. Por isso, não pude baixar e instalar novos programas nele. Porém, percebi que alguns dos aplicativos mais usados no dia a dia, como calendário, agenda e contatos, ficaram mais acessíveis. No G1, era preciso apertar várias vezes um botão físico para abrir os menus contextuais que deslizam sobre a tela. No G2, eles continuam existindo, mas a página principal desses programas já exibe algumas informações, praticamente eliminando a necessidade dos submenus. Um exemplo: a opção “sincronizar contatos do Exchange” fica na página dos contatos, na cara do usuário, e não escondida numa aba.

O aplicativo de e-mail também ganhou um belo upgrade. Agora, além de aceitar contas POP3 e IMAP, ele suporta o Microsoft Exchange, permitindo a sincronização de mensagens e contatos com o Outlook. Ponto para o Android no ambiente corporativo. Outra coisa que faz diferença para esse público é o Quickoffice nativo, para visualizar documentos do Office. Porém, não é possível editar planilhas, documentos de texto e apresentações. A navegação pela web não teve nenhum avanço, mas continua com diversos recursos, como bloqueio de janelas pop-up e cookies. Ah, o browser ainda ignora solenemente as páginas em flash, como o iPhone.

Dando uma olhadinha na lista de software inclusa no HTC Magic, não foi difícil concluir que, definitivamente, essa não será a versão disponível nas lojas brasileiras. Afinal, não estavam incluídos serviços como Google Maps, Street View e GTalk. E o principal chamariz do sistema operacional é justamente a integração fácil com eles, o que se traduz numa tremenda experiência de web 2.0 no bolso. Enfim, para vermos se essas soluções terão novidades na versão abrasileirada do aparelho, só quando a fabricante resolver que está na hora de lançá-lo.

Agora cabe no bolso

Tudo bem, já era possível carregar o G1 no bolso da calça jeans. Mas ele ficava desconfortável. O Magic é mais arredondado e menor que o iPhone, fininho o suficiente para não incomodar. Uma pequena curvatura na base deixa a boca próxima do microfone usado nas chamadas de voz. Certamente não é só por isso, mas a qualidade das chamadas me surpreendeu. Nos testes com um chip da Claro, não ouvi eco excessivo, nem chiado ou ligações cortadas. Outra novidade nessa carcaça é a entrada para cartão microSD (um modelo de 1 GB vem junto) na parte de dentro, e não na lateral. Mesmo assim, o acesso a ele é facílimo, pois basta arrastar a tampa traseira para abri-la.

Terminados os três dias de teste, concluí que a maior limitação do Android continua sendo o quesito multimídia. A câmera de 3,2 megapixels até possui boa qualidade, mas não tem flash. O aparelho também não é capaz de gravar vídeos. Ou seja, ele apenas toca arquivos de música e filmes – e ainda leva um banho doiPhone. Uma boa novidade é que o Bluetooth do Magic suporta AD2P, permitindo ao usuário ouvir música usando um fone sem fio. Para o público que curte MP3 no smartphone, no qual me incluo, o acesso fácil ao YouTube é uma maravilha, mas o Google ainda fica devendo uma interface caprichada para multimídia para ser usada quando o aparelho estiver offline.

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