A HP comprou um pangaré, dizem analistas


Sede da Palm em Sunnyvale, Califórnia

Sede da Palm em Sunnyvale, Califórnia: a pioneira dos PDAs naufragou na era dos smartphones

Um estudo da empresa dinamarquesa Strand Consulting conclui que a compra da Palm pela HP por 1,2 bilhão de dólares foi um péssimo negócio.

A notícia de que a HP havia comprado a Palm por 1,2 bilhão de dólares me surpreendeu. Mas não me parece que haja salvação para a Palm. Um estudo da empresa dinamarquesa Strand Consult também aponta isso. Apesar de ser pouco conhecida no Brasil, a Strand é respeitada pelas análises que faz do mercado de celulares. Perguntando por que a HP comprou a Palm, os autores do estudo concluem: "Parece que a HP viu quanto dinheiro a Apple ganha com o iPhone e concluiu que precisava de um produto como aquele. Mas eles compraram um pangaré e acham que podem enganar os acionistas dizendo que se trata de um puro-sangue". As palavras (que traduzi livremente) são duras, mas corretas.

Tive três PDAs da Palm no passado. O primeiro deles foi um Palm III, que comprei em 1998. Tinha tela monocromática e usava pilhas descartáveis. Depois vieram outros com tela colorida, conector para cartão de memória e câmera embutida. Com sua simplicidade, a Palm popularizou a tela sensível ao toque, a sincronização de dados com o PC e o próprio conceito de PDA. O Palm abriu caminho para o iPhone, o Blackberry e todos os outros smartphones atuais.

Foi com certa tristeza que acompanhei a decadência da empresa. Alguns dos últimos produtos dela que chegaram ao Brasil – como o Treo 680 – tinham problemas sérios de qualidade. E seus smartphones mais recentes – o Pre e o Pixi – nunca foram vendidos oficialmente aqui. Também não tiveram o sucesso esperado em outros países. Assim, aposentei meu derradeiro Palm em 2008. Considerando a situação atual da Palm, é difícil acreditar que a HP tenha pago 1,2 bilhão de dólares por ela. Vejamos por que:

1. WebOS
Se o plano da HP é ganhar dinheiro licenciando o WebOS, as chances de sucesso são remotas. Tecnicamente, o WebOS, que roda no Pre e no Pixi, é um ótimo sistema operacional. Mas ele só está presente nesses dois celulares da Palm. Não há uma quantidade significativa de aplicativos para ele. Além disso, é pobre em ferramentas de desenvolvimento, o que desencoraja as empresas a criar mais programas. Resumindo, o WebOS não tem condições de enfrentar Android, Windows Phone e Symbian – os três disponíveis para licenciamento e bastante mais maduros.

2. Hardware
A HP pode estar planejando lucrar com o hardware da Palm. Poderia até lançar um novo Palm com Windows Phone ou Android, aproveitando o suposto prestígio da marca. Mas o fato é que a marca Palm só continua forte nos Estados Unidos. Na maior parte do mundo, ela está praticamente extinta. E não há nenhum diferencial competitivo importante nos aparelhos da empresa. Seria uma briga dura contra gigantes como Samsung, LG, Nokia, Apple e Blackberry.

3. Consumidor
A Palm não tem boas relações com as operadoras de telefonia, algo estratégico nesse negócio. A HP também não tem um bom esquema para vender smartphones. Sua linha iPAQ tem presença fraca nos países onde é vendida. Para expandir os negócios, a HP terá de montar uma estrutura de distribuição específica para celulares, fazendo, inclusive, acordos com operadoras. Não é uma tarefa simples e nem rápida, mesmo para um gigante dos computadores.

4. Usuários corporativos
Com seus computadores, impressoras e serviços, a HP tem trânsito livre nas grandes empresas. Mas as corporações são conservadoras. Vai ser difícil convencê-las a usar o imaturo WebOS. No mundo corporativo, as plataformas de smartphone predominantes são Blackberry e Windows Mobile. Se a HP quiser ter sucesso nessa área, talvez tenha de apostar num Palm com Windows Mobile.

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