Clonagem de celulares: informações que você precisa saber

As operadoras dizem que seu número está seguro, mas ainda existem brechas facilitando a vida de criminosos

Por Marcelo Valladão de Sousa em 26/Dez/2011

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Você já recebeu uma ligação em seu celular de alguém que pergunta por outra pessoa como sendo a proprietária do seu número? Se isso já aconteceu mais de uma vez nos últimos dias... Atenção! Seu celular pode ter sido clonado.

Foi com uma dessas situações que a "novela" vivida pelo advogado Francisco Roberto da Silva começou. Ele teve seu celular clonado não só uma, mas duas vezes e levou mais de 2 anos para resolver a questão. Aliás, a resolução só se deu através de ação judicial em que a operadora Vivo, foi condenada a lhe ressarcir parte dos prejuízos.

"A Vivo foi condenada a me pagar cerca de R$ 5 mil reais na época, mas isso não chegou nem perto dos negócios que eu perdi por causa da clonagem do meu aparelho", explica o advogado. O fato aconteceu há alguns anos, antes das regras da portabilidade e da chegada da tecnologia GSM, na ocasião a operadora Vivo, que fornecia o serviço para o advogado, trabalhava com a tecnologia CDMA.

O advogado Francisco Roberto enfrentou muitos problemas com clonagem

O advogado conta que às vezes conseguia interceptar as conversas e ouvia coisas estranhas. "Escutava alguém dizer 'olha a encomenda já está em tal lugar', essas coisas". O pior para Francisco foi perceber que a conta de telefone, que em média custava de R$ 80,00 a R$ 100,00, saltou para R$ 3 mil. "Foi um susto receber uma conta tão alta".

Em seguida, teve início a disputa com a operadora, que inicialmente lhe informara que faria testes nas linhas, lhe ofereceu um outro número, o que atrapalhou os negócios do advogado, já que sem ter amparo da lei da portabilidade ele aceitou um outro número. Mas, para sua infelicidade, o novo contato também foi clonado.

"Foi um absurdo, só consegui resolver a situação depois de muito brigar com a Vivo. Cada ligação para reclamar eu ficava uma, duas horas pendurado na linha e nada". Francisco só foi ter o caso resolvido depois que entrou com uma ação na Justiça.

Tecnologias disponíveis

Atualmente, existem três tecnologias sendo utilizadas no Brasil: TDMA, GSM e CDMA. "A TDMA (Time Division Multiple Access), considerada a 2ª geração, criada nos Estados Unidos, está presente em todo o Brasil e possui a maior cobertura digital, quando começou a ser usada", explica Denny Roger, membro do Comitê Brasileiro sobre as normas de gestão de segurança da informação (série 27000), e  especialista em análise de risco, projetos de redes seguras.

 

O GSM é a tecnologia mais usada do mundo

Ele explica que o GSM (Global System for Mobile Telecommunications) foi desenvolvido a partir do TDMA. "O GSM é a tecnologia mais usada do mundo: mais de 580 operadoras de mais de 200 países diferentes usam o sistema". Já a tecnologia CDMA, considerada a 3ª geração, possui melhor desempenho que a tecnologia TDMA e GSM. Como ponto forte, apresenta alta velocidade na transmissão de dados e oferece suporte para os avanços tecnológicos.

Livres dos hackers?

O especialista contrariou todas as operadoras ouvidas pela reportagem ao afirmar que nenhuma das três tecnologias (TDMA, GSM e CDMA) em uso no Brasil estão livres das ações dos hackers.

"Para o atacante conseguir as informações necessárias para realizar a clonagem de um aparelho, será necessária a utilização de um scanner de freqüência ou um receptor de rádio de alta freqüência. O segundo passo é identificar um ponto vulnerável para começar a caçada virtual de aparelhos celulares desprotegidos", afirma Denny.

Um dos momentos mais vulneráveis é quando o assinante de uma operadora precisa realizar uma viagem, o seu celular irá operar fora da sua área de cobertura, ou seja, em roaming. Quando o celular passa a operar em roaming, será utilizada, em alguns lugares, a rede AMPS. Essa rede AMPS opera no modo analógico epossui uma segurança fraca. Apenas os aparelhos que utilizam a tecnologia TDMA e CDMA, utilizam a rede AMPS quando estão fora da área de cobertura.

Alguns cuidados previnem que seu celular seja clonado

 Os celulares possuem uma senha única, composta pelo número da linha somada a mais um código do aparelho. Essa combinação é chamada de ESN. Quando o celular é ligado, a senha é transmitida para autenticar o celular na rede. Dessa forma, o celular saberá qual a ERB (estação radiobase - antena) será utilizada para se comunicar. Utilizando o scanner de freqüência, o atacante começa uma busca por aparelhos que estejam utilizando a rede AMPS.

Dessa forma, o atacante irá conseguir a senha única (ESN) do aparelho e irá transferir os dados para um aparelho celular (geralmente roubado) para completar o ataque. "Os aeroportos são um prato cheio para o atacante. Isso ocorre porque a maioria das pessoas que estão no aeroporto, utilizam seus aparelhos no modo roaming", afirma o especialista.

Nossa reportagem ouviu as operadoras TIM, que informou que atualmente utiliza as tecnologias GSM e WCDMA que, devido a seus algoritmos de cifragem, não permitem a clonagem do acesso. "Até o momento, a operadora não registrou histórico de clonagem com uso dessas tecnologias", afirmou através de sua assessoria de imprensa.

A Vivo e a Claro também responderam de forma semelhante, afirmando que a tecnologia GSM está "livre" de clonagens e que as suas redes em CDMA, já reduzidas, não registram nenhum caso de clonagem há mais de um ano. Mas, segundo Denny a tecnologia GSM não está livre da ação dos hackers.

Ele explica que a tecnologia digital, utilizada nos três sistemas (TDMA, GSM e CDMA), possui mais recursos para garantir a privacidade do usuário. "Os recursos de segurança disponíveis para a tecnologia digital minimizam problemas relacionados a clonagem ou escuta no celular. Na tecnologia digital, a voz é codificada em um sinal digital para ser transmitida, sendo depois decodificada na outra ponta da linha", esclarece.

Evitando ataques ao aparelho celular

Para minimizar o risco nos aparelhos que utilizam a tecnologia TDMA e CDMA, o assinante deverá acessar o menu de configuração de rede do celular e configurá-lo para operar em modo digital. É importante observar que nem todos os aparelhos permitem este tipo de configuração e que o assinante terá problemas quando estiver fora da sua localidade (roaming).

  • Evite utilizar o aparelho celular próximo ao aeroporto e rodoviárias. Estes locais são os preferidos dos atacantes, pois existe um grande número de assinantes trabalhando em modo analógico, facilitando assim o ataque.
  • Nunca deixe o seu aparelho celular em lojas não credenciadas pelo fabricante, existe o risco do técnico clonar o seu aparelho.
  • Nunca compre aparelho celular de uma loja não credenciada pelo fabricante.
  • Ao receber muitas ligações erradas, entre em contato imediatamente com a operadora.
  • Caso o seu celular tenha sido roubado ou desapareceu por alguns instantes, comunique imediatamente a sua operadora. O seu celular pode ter sido clonado.

Em contato com nossa reportagem a Anatel foi categórica ao afirmar que os custos de uma possível clonagem são de inteira responsabilidade da operadora em questão: "O usuário de celulares não pode ser onerado em decorrência de  fraudes no serviço, devendo a prestadora buscar os meios para minimizar seus impactos, seja de cobranças indevidas ou a necessidade de novo terminal.

O usuário, caso entenda ter sido vítima de fraude ou de clonagem, especificamente, deve entrar em contato o quanto antes com sua prestadora para as devidas providências e saneamentos necessários". Acesse agora, na página da Anatel um roteiro para saber se o seu celular foi clonado.


Fonte: http://www.superdownloads.com.br/materias/clonagem-de-celulares-informacoes-que-precisa-saber.html#ixzz1iKqlldtj


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