Cresce número de adeptos do Islã no Brasil; saiba como isto acontece
O Islã, religião que aportou no Brasil
pelas mãos de mouriscos (muçulmanos convertidos ao cristianismo) de
Portugal no século XVI, vem crescendo no Brasil e especialistas já
tratam como fenômeno religioso o fato de um grande número de brasileiros
ascenderem ao topo da hierarquia de entidades muçulmanas.
“Em algumas cidades, como Salvador e
Recife, centros islâmicos que historicamente eram presididos por
muçulmanos de origem árabe hoje têm brasileiros ocupando o posto”,
afirma o sheik sírio Jihad Hassan Hammadeh, que preside o conselho de
ética da União Nacional Islâmica (Uni).
O soteropolitano Wilton José de Carvalho
é um exemplo desse novo cenário, católico praticante ele foi
apresentado ao islã por um amigo em 1990. Desde então, já como Yussuf,
junto com o amigo e outros quatro brasileiros e três africanos, passaram
a se reunir e fazer orações em uma pequena sala alugada no centro de
Salvador. Em 1994 o grupo se mudou para um imóvel comercial e fundaram o
Centro Cultural Islâmico da Bahia. Na instituição, o baiano foi diretor
patrimonial, passou pela vice-presidência e é, desde 2010, o primeiro
brasileiro a comandá-la.
Segundo dados da Uni, em aproximadamente
dez anos o número de mesquitas saltou de 70 para 115. Nesse mesmo
intervalo, triplicou a quantidade de sheiks que falam português. E não é
só isso, os brasileiros não só ascenderam ao topo da hierarquia de
instituições já estabelecidas como têm erguido novos espaços religiosos.
“No Nordeste, entidades islâmicas estão
sendo criadas por brasileiros cuja adesão à religião não vem de berço”,
afirma o antropólogo Paulo Hilu, que dirige o Núcleo de Estudos do
Oriente Médio da Universidade Federal Fluminense (UFF).
A propagação de templos islâmicos também
tem adeptos em São Paulo, onde o ex-evangélico Cesar Mateus Rosalino,
hoje muçulmano sob o nome de Kaab Al Qadir, construiu uma mussala (sala
de reuniões) na favela Cultura Física, em Embu das Artes. No local, que
ganhou o nome de mussala Rahmah, Kaab exibe uma barba comprida digna de
um muçulmano padrão e conta que recebe aproximadamente 20 pessoas em
algumas reuniões. O local já contou, inclusive, com a presença de um
sheik moçambicano.
Para a coordenadora do Grupo de
Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes, Francirosy Ferreira, um
dos principais fatores que impulsionam o avanço da religião no país é a
maior frequência do uso do português no dia a dia de mesquitas,
entidades islâmicas e mussalas.
“Há mais líderes falando e ensinando o
islã em português. Isso ajuda no entendimento e divulgação da religião”,
afirma a professora de antropologia do departamento de psicologia
social da Universidade de São Paulo (USP).
O sheik Jihad, 48 anos, que dá
expediente em São Bernardo do Campo (SP), onde está uma das maiores
comunidades islâmicas do Brasil, é um dos 15 líderes religiosos que
falam fluentemente o português. Em entrevista à IstoÉ, ele diz que
antigamente o idioma era pouco adotado porque os sheiks desembarcavam
vindos de um país islâmico já com a vontade de retornar à sua terra
natal.
“Isso não os encorajava a se dedicar ao
português. Atualmente, a aproximação ao idioma é maior porque grande
parte dos que chegam ao Brasil pretende se estabelecer aqui”, diz ele.
Veja o infográfico sobre o Islã no Brasil e deixe seu comentário no Verdade Gospel.
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