Fusão de Oi e PT prevê uma oferta de ações de R$ 8 bilhões


O processo de fusão da Oi com a Portugal Telecom sob a CorpCo, consolidando um grupo global de telecomunicações com mais de 101 milhões de clientes, avançou mais uma etapa ontem, quando o conselho de administração da Oi aprovou o pedido de oferta pública de ações (OPA). O fato relevante foi entregue às 4h47 da manhã na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), um dia após a divulgação dos balanços das duas empresas.
Os primeiros detalhes da transação tiveram impacto na BM&FBovespa e na Bolsa de Lisboa. As ações preferenciais da Oi fecharam o pregão em queda de 0,79%, cotadas a R$ 3,75, após atingirem a maior queda do Ibovespa, com recuo de 5,55% no meio do dia. A ação da PT encerrou o pregão em queda de 2,71%, cotada a € 3,23. O papel chegou a recuar 5,1% na mínima do pregão, após o anúncio dos detalhes sobre a fusão.

 
 
Os acionistas do grupo português receberão € 1,998 em ações da CorpCo para cada papel que possuírem. Os investidores também terão direito a 0,633 ação adicional, além de um dividendo de € 0,10 por ativo
Por meio da CVM, as companhias procuraram responder a algumas das questões levantadas pelo mercado, que esperava que as informações tivessem sido divulgadas junto com os resultados financeiros. O documento revelou, finalmente, os 14 bancos que vão participar da coordenação da oferta pública primária de ações ordinárias e preferenciais da Oi, com garantia firme de colocação.
O BTG Pactual será o coordenador líder, seguido do Bank of America Merrill Lynch (BofA), Barclays, Credit Suisse e BES Investimento como coordenadores globais. Também fazem parte da coordenação o BB Investimento, Bradesco BBI, Caixa Geral, Citi, Goldman Sachs, HSBC, Itaú BBA, Morgan Stanley e Santander.
Segundo o prospecto preliminar da operação, o montante máximo da garantia firme de colocação é de R$ 6 bilhões e o número total de ações que podem ser subscritas não excederá um terço dos ativos da oferta, sem considerar os lotes adicional e suplementar. A garantia firme será válida até a conclusão do procedimento de 'bookbuilding' (procedimento para montar o livro de ofertas da transação), com a coleta de intenção dos investidores. Considerando os aportes a serem feitos pelos controladores brasileiros da Oi e por um fundo do BTG - no valor de R$ 2 bilhões - a OPA pode chegar a R$ 8 bilhões.
Ontem, o anúncio da OPA alimentou dúvidas entre analistas em relação à participação acionária que os controladores terão após a conclusão da oferta e qual será a influência que os grupos Andrade Gutierrez e La Fonte, da família Jereissati, exercerão na nova CorpCo.
Mas há também analistas que não duvidam do interesse dos investidores. Para a corretora Ativa, por exemplo, o investidor vê a garantia de bancos de primeira linha como uma segurança para colocar seu dinheiro. A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, também mostra-se animada. "Nós estamos muito otimistas com a possibilidade de combinar os negócios [com a Portugal Telecom] porque oferece oportunidade de transformar a Oi numa companhia global", disse Marco Geovanne, diretor executivo da Previ, à Bloomberg.
O aumento de capital é estimado em cerca de R$ 14 bilhões. A PT assumiu compromisso de fazer subscrição em bens e uma parcela em dinheiro de no mínimo R$ 7 bilhões. Os bens da empresa portuguesa foram avaliados em € 1,75 bilhão em laudo do Santander.
O valor desses bens é considerado superestimado por analistas ouvidos pelo Valor - e também por minoritários da Oi. Para os analistas, seria preciso somar os cerca de € 1,3 bilhão que a Portugal Telecom usará para subscrever debêntures dos outros controladores da Oi à avaliação de cerca de € 1,8 bilhão divulgada pela empresa a partir da auditoria do Santander. Pela conta que fazem, a PT estaria custando aos acionistas da Oi cerca de € 3,1 bilhões. A dívida da PT é estimada em cerca de R$ 4,5 bilhões, enquanto o ativo de AG Telecom, LF Tel e Telemar Participações é de cerca de R$ 3 bilhões.
O endividamento dos sócios da CorpCo é alvo de discussões tensas entre os próprios acionistas e especialistas. Alguns analistas ontem reafirmavam a avaliação de que a OPA servirá para eliminar o endividamento dos controladores da Oi. Segundo esta visão, AG Telecom e La Fonte, que integram o bloco de controle da Oi, têm, juntas, dívidas de R$ 1,3 bilhão com o BNDES. Já o endividamento da Telemar Participações (holding da Oi) alcança R$ 3,2 bilhões com BNDES, Itaú e Votorantim. Como a participação na Oi de AG Telecom, La Fonte e Telemar Participações é calculada - considerando o valor das ações na bolsa - em cerca de R$ 1,5 bilhão, há quem considere que estas empresas estão em situação difícil. E a OPA resolveria, então, a questão do alto endividamento.
Um analista ouvido pelo Valor avalia que o montante declarado como necessário para a equalização das dívidas de Telemar Participações e de suas controladoras só seria financiável se a operadora de telefonia mantivesse o nível de pagamento de dividendos que adotava no passado, o que já informou que não fará mais. Até o ano passado, a Oi distribuía o equivalente a 100% de seu lucro aos acionistas. Neste ano, o montante caiu para cerca de 30% do lucro.

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