Sonho de ser exportador de celular para os paizes da america latina é deixado para trás

Gregg Newton/Bloomberg / Gregg Newton/BloombergAssim como o Brasil, países vizinhos e até os EUA trataram de fomentar a produção local de celulares e importar da China: foco no mercado doméstico
Sonho acalentado pelo governo brasileiro e por fabricantes de celulares há mais de dez anos, a transformação do Brasil em um centro de exportação de telefones para a América Latina - e até a América do Norte - entrou para a lista de iniciativas que não foram adiante.
Com o aquecimento do mercado interno e, principalmente, por conta de barreiras e incentivos criados pelos países vizinhos, exportar celulares tornou-se uma atividade pouco relevante para as companhias que se instalaram no país nos últimos anos.
No pico das exportações, em 2008, o número de aparelhos vendidos ao exterior chegou a 22,5 milhões de unidades, com receita de US$ 2 bilhões. Um percentual - cerca de 30% - bastante significativo para um mercado que produzia 73 milhões de unidades.
Cinco anos depois, o cenário ficou bastante diferente. No fim de 2013, o número de celulares exportados não chegou a 2 milhões - queda de mais de 90% em relação ao volume de cinco anos atrás. Uma fração insignificante de um mercado que teve uma produção de 50 milhões de unidades no ano passado. A receita foi de meros US$ 153,7 milhões.
Segundo dados da empresa de pesquisa IDC, informados pela Associação Brasileira da Industria Eletro Eletrônica (Abinee), no ano passado, dos 61 milhões de celulares vendidos pelos fabricantes no Brasil, 11 milhões (18%) foram importados. Para 2014, a expectativa é que sejam vendidas 67,6 milhões de unidades, sendo 12 milhões (17%) importadas.
Hoje, cerca de 80% da demanda local é atendida por aparelhos produzidos por 15 companhias como Samsung, Nokia, LG, Sony, Positivo Informática. Até a Apple - que tem uma política de centralizar sua produção na China - monta celulares no país.
Quando construíram suas bases de exportação, os fabricantes instalados no Brasil elegeram como principais mercados os seguintes países: Argentina, Venezuela, Equador, Colômbia, Peru e Chile. Quando essas nações adotaram medidas para estimular a produção dentro de seus próprios territórios - houve também redução de tarifas de importação para produtos chineses-, o impacto foi imediato para o Brasil, lembrou Humberto Barbato, presidente da Abinee.
A Argentina, que já foi o maior mercado para os telefones brasileiros, criou incentivos para fabricantes instalarem fábricas na região da Terra do Fogo, no sul do país. Resultado disso foi que no ano passado, o volume de exportações para o país foi zero.
Na Venezuela, que já foi o segundo maior destino de exportações - com 400 mil unidades em 2008 -, medidas do então presidente Hugo Chávez também estimularam a implantação de fábricas locais e atraiu indústrias chinesas. No ano passado, o Brasil também não exportou nenhum celular para a Venezuela.
Já os Estados Unidos, que chegaram a ser um importante comprador, reforçaram as compras feitas na China e também passaram a investir na produção dentro do próprio país. No ano passado foram 307 mil celulares exportados para o país, queda de 20% em relação a 2012.
Com esse cenário, a Colômbia passou a privilegiar as compras feitas nos EUA, enquanto os países do Pacto Andino buscaram telefones celulares no leste asiático onde os custos são menores que os dos brasileiros, principalmente por conta dos custos logísticos.
Quando se instalaram no Brasil, algumas companhias fizeram planejamento baseados na demanda extra da exportação. Mas com o novo cenário, tiveram de se adaptar. "Poderíamos ter melhores custos e ser mais competitivos com esse volume extra", disse um executivo que não quis ter seu nome divulgado. Para Marcus Daniel, presidente da chinesa Alcatel One Touch, não é possível culpar apenas o governo brasileiro pelas dificuldades enfrentadas com as exportações. "O cenário interno de cada país não colaborou".
Na Sony Mobile, de toda a produção local, 10% são exportados para países como Chile e México, segundo Ricardo Junqueira, presidente da companhia. A fabricação, que era feita por uma empresa terceirizada, agora passará a ser feita por duas, por conta da estratégia da Sony de dobrar sua participação no mercado brasileiro. De acordo com o executivo, o percentual já foi maior, mas, por conta do aumento da demanda interna, a companhia reduziu o volume vendido para outros países.
Segundo Junqueira, o percentual de 10% ainda é mantido como uma forma de atender requisitos do programa de incentivo à produção local do governo federal, o Processo Produtivo Básico (PPB). De acordo com Junqueira, o percentual de exportação para 2014 ainda não está definido.
Se não foram suficientes para transformar o Brasil em um polo exportador, as medidas de atração de empresas pelo menos tiveram um impacto relevante para o abastecimento do mercado interno.
Nos últimos três anos, houve uma mudança no perfil das importações. Com o mercado ainda se acostumando a usar esse tipo de aparelho e o dólar desvalorizado (cerca de R$ 1,60 em 2011), valia a pena importar esse tipo de aparelho. Hoje, o cenário é completamente diferente.
Com os smartphones passando a representar a maior parte dos aparelhos vendidos no país (podem chegar a 65% do total até o fim do ano) e os incentivos fiscais do governo federal dirigidos para a montagem local de aparelhos mais sofisticados, são os celulares mais simples, os chamados 'feature phones', que têm engrossado a lista de importação dos fabricantes.
"São produtos muito baratos, que não compensam o investimento em fabricação local por conta do baixo volume de produção. É mais fácil importar", diz Bruno Freitas, analista da empresa de pesquisa IDC. Apesar da alta demanda pelos smartphones, praticamente todos os fabricantes ainda mantêm pelo menos um aparelho mais básico em sua linha de produtos - as exceções são a Sony e a Motorola.
Na avaliação de Daniel, da Alcatel One Touch, apesar de ser uma categoria que está perdendo participação, os 'feature phones' ainda representam uma fatia considerável do mercado. "São 20 milhões de aparelhos por ano", disse o executivo

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