Com feriados, teles preveem perda de receita na Copa





Para Paulo César Teixeira, diretor-geral da Vivo: "os feriados Afeta a economia como um todo quando muitos feriados são decretados"

Um dos setores que mais investiram em infraestrutura para a Copa do Mundo, o de telecomunicações, espera que o torneio de futebol traga impacto negativo para as empresas da área. Ao menos no curto prazo. As teles fizeram investimentos milionários na instalação da rede de quarta geração (4G) e na expansão da rede de terceira geração (3G) nas cidades-sede da Copa. Agora, reclamam que os feriados nos dias de jogos vão tirar parcela importante da receita nas principais capitais.

Juntas, TIM, Vivo, Claro, Oi e Nextel investiram mais de R$ 330 milhões apenas em infraestrutura para telecomunicações nos estádios, aeroportos e arredores.

A expectativa é que o aumento da demanda por serviços de telecomunicações dos cerca de 600 mil turistas estrangeiros esperados promova um crescimento de 30% a 50% nos serviços de roaming internacional no próximo mês. Entretanto, esse fluxo de visitantes não vai compensar o número de clientes habituais, muito maior, que reduzirá o uso de voz e dados devido aos feriados.

Só poderão usar 4G no Brasil os visitantes de países que usam a mesma faixa de frequência local

Para base comparativa, a Claro indica que nos fins de semana a média de tráfego de dados do setor cai em 25% a 30%. No caso da Telefônica Vivo, a queda do tráfego é de 20% aos domingos. Impacto semelhante pode ser registrado nos feriados. "Quando há um feriado, sofremos muito na utilização tanto de voz quanto de dados, o que afeta nossa receita", disse Roger Solé, diretor de marketing da TIM. "Temos 72 milhões de clientes no Brasil que darão um efeito negativo [ao longo do mês] e os 600 mil turistas não compensarão esse efeito."

No Rio, haverá feriado nas datas dos jogos que ocorrerão na cidade, além dos dias das partidas da seleção brasileira. "Isso preocupa porque se outras cidades seguirem esse exemplo teremos uma situação semelhante à de um domingo", disse o diretor-geral da Telefônica Vivo, Paulo Cesar Teixeira. "Há queda no tráfego porque as pessoas não estão trabalhando". O risco de receita menor é compartilhado com outros setores, como o comércio e a indústria, disse o executivo. "[A decisão] afeta a economia como um todo", afirmou.

A Telefônica Vivo tem a maior base de celulares no país, com 78,4 milhões de linhas e 28,68% de participação de mercado.

A demanda por serviços 4G também deverá ser pequena. Segundo números da Anatel, apenas 2 milhões de pessoas têm celulares com chip 4G no Brasil. Fruto da pressão do governo, a instalação da frequência de 2,5 gigahertz não é compatível com a maior parte dos aparelhos do exterior.

Segundo o presidente da TIM, Rodrigo Abreu, a incompatibilidade deve afetar grande parte dos visitantes vindos dos Estados Unidos, da Ásia e da Europa: "O 4G vai funcionar muito bem, mas o número de usuários é relativamente limitado."

No Brasil, o 4G opera na faixa de 2,5 GHz, incompatível, portanto, com os Estados Unidos, que adotou de 700 MHz a 2,1 GHz. Na Europa e Ásia é usada a faixa de 2,5 GHz a 2,6 GHz, como ocorre na Colômbia e no Chile, similares ao Brasil. Segundo a Fifa e a Embratur, já foram vendidos ao público em geral 1,7 milhão de ingressos, mas o total quando somados outros canais chega a 2,57 milhões. Os brasileiros ficaram com 61,9% do lote e os estrangeiros, 38,1%. O Brasil permanece como o país com mais ingressos adquiridos (1,07 milhão até agora), seguido pelos EUA (172,8 mil), Alemanha (53,5 mil), Inglaterra (53,3 mil), Argentina (50,4 mil) e Colômbia (33.126). Portanto, a rede 4G terá usuários de alguns países com smartphones na mesma frequência do Brasil. Quem vier com espectro diferente poderá usar o celular, mas tanto o serviço de voz quanto de internet terá de ser em 2G ou 3G.

Sobre a infraestrutura montada para a Copa, Abreu, da TIM, disse que as operadoras, juntas, fizeram um esforço "enorme". "Tudo o que as operadoras podem fazer, dado o ambiente que nos deram para trabalhar, está sendo feito", afirmou.

Para o executivo, a demora na construção de estádios e aeroportos - que atrasou a instalação das redes de telecomunicações - e a elevação dos custos de aluguel dos locais para a instalação de antenas e sistemas de radiação de frequência foram obstáculos que atrasaram a implantação da infraestrutura. "O desempenho poderia ser melhor se tivéssemos mais tempo", afirmou. A opinião é compartilhada por gestores de outras teles, que reclamaram do curto período que tiveram para fazer os testes e a implantação dos sistemas.

Para atrair os estrangeiros, as operadoras apostaram na negociação de contratos de roaming 3G com teles de todo o mundo e na venda de chips pré-pagos para turistas. No caso dos chips pré-pagos, tanto a TIM quanto a Claro veem a Copa como um teste para produtos que poderão permanecer no mercado.

A TIM tem acordos de roaming 3G com cerca de 300 operadoras, em mais de 150 países. Além disso, colocou na rua o chip pré-pago "TIM Visitors", focado no público estrangeiro, que custará R$ 50 em crédito. Solé disse que os usuários poderão acrescentar créditos pelo cartão. Para usar a internet, o custo será de R$ 25 para uma velocidade de 1,5 gigabit por segundo (Gbps), por uma semana.

Segundo a TIM, um bom resultado seria a venda de 50 mil a 100 mil "TIM Visitors" durante a Copa. Está sendo estudada a abertura de cerca de 1,2 mil pontos de venda extra para o chip, que podem se somar aos atuais 300 mil. Os novos locais poderão ser hotéis, casas de câmbio e locadoras de veículos.

A Claro fechou 18 acordos para roaming 4G com operadoras estrangeiras. A empresa se concentra nos mercados dos EUA, da Europa e da América Latina, principais centros de origem de turistas para a Copa.

Para chips pré-pagos, a aposta da Claro é o "Claro Vistos". O chip será vendido nas cidades-sede da Copa com carga de R$ 60 para 300 megabytes de internet. O esforço de venda incluirá a expansão em mais de 7 mil pontos de venda. A expectativa é vender 100 mil chips na Copa.

A Vivo oferece aos visitantes a possibilidade de roaming 4G para seis países, na primeira fase. Até o fim do mês, outros sete serão acrescentados. Para atender à demanda de dados nas redes de 3G e 4G, a empresa planeja elevar em 15% os investimentos neste ano em relação aos R$ 6 bilhões aplicados em 2013, disse o diretor de finanças da operadora, Alberto Horcajo. O investimento médio em infraestrutura tem sido de 18% a 19% da receita líquida, que atingiu R$ 34,72 bilhões no ano passado.

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