Polêmico lá fora, aplicativo de caronas Uber desembarca no Rio


A empresa iniciante americana Uber, que negocia um aporte com investidores e pode ser avaliada em US$ 12 bilhões, tem esperanças de evitar polêmicas no Brasil e se expandir no país a partir do lançamento de seu serviço no Rio.

O Uber é um aplicativo para smartphones que permite que motoristas independentes ofereçam serviços de transporte de carro e limusine aos usuários. Por meio do sistema, qualquer pessoa pode oferecer "carona" em troca de um pagamento.

Assim, um estudante ou dona de casa que usa pouco seu carro e tem algum tempo livre pode fornecer o serviço para ganhar um dinheiro extra. Uma boa parte dos operadores do Uber é motorista em tempo parcial.

O aplicativo mostra um mapa com veículos nas proximidades e a estimativa de seu tempo de chegada. Graças a um algoritmo desenvolvido pela companhia, o preço pode ser fixado antes da corrida em função da quilometragem ou da demanda. O custo é debitado automaticamente no cartão de crédito. A empresa embolsa 20% de cada "carona".

O Uber foi fundado em 2009 em São Francisco, tem escritórios em 115 cidades em 36 países e 900 funcionários. A mais recente cidade onde abriu o serviço foi o Rio. Na América Latina, opera também em Bogotá, Lima, Cidade do Panamá, Cali e Santiago do Chile.

"Há uma semana estamos operando no Rio de Janeiro, antecedendo a Copa do Mundo, e damos grande importância à segurança", disse Corey Owens, chefe global de política pública da companhia.

O serviço no Rio tem poucos carros disponíveis, basicamente de maior conforto e mais caros. Uma corrida entre a área metropolitana e o aeroporto do Galeão fica em R$ 120 reais. Até agora, o serviço parece suficientemente modesto para não causar polêmicas com o sistema tradicional de táxis. Mas a ideia é mesmo oferecer logo as opções baratas também no Rio, à medida em que puder usar motoristas locais confiáveis com carros mais populares.

Para investidores, parte da atração do Uber é sua ambição de ser mais do que um serviço de carros por demanda. Pode se transformar numa rede de logística, tanto para o transporte de pessoas como para bens e serviços no futuro.

Na semana passada, "The Wall Street Journal" publicou que a companhia negocia com alguns fundos atrair investimentos que podem levá-la a ser avaliada em US$ 12 bilhões, colocando-a na elite das "startups" tecnológicas. No ano passado, o Uber tinha sido avaliado em US$ 3,5 bilhões.

Indagado sobre a receita anual, Owens respondeu que a empresa não publica a informação, mas que "estamos bem, considerando o pouco tempo no mercado".

Mas Owens admite que a expansão internacional do Uber não ocorre como a empresa gostaria, devido a reações de grandes companhias de táxi e de reguladores na Europa, Ásia e também em algumas cidades americanas.

Até agora, muitos protestos têm sido bem-sucedidos. "A discussão tem sido sobre se somos um serviço de taxi ou não. Na verdade, a discussão deveria ser sobre o que é bom para o consumidor."

Nas últimas semanas, a companhia sofreu vários reveses. Um tribunal de Bruxelas, espécie de capital da Europa, advertiu que o motorista que pegar passageiros por meio de aplicativos será multado em € 10 mil. O ataque visou claramente o serviço lançado pelo Uber em fevereiro. Desta vez, até a comissária europeia da área digital, Neelie Kroes, reagiu, acusando o tribunal belga de ter enviado "uma mensagem anti-tecnologia" para proteger o cartel de táxis. Para taxistas, porém, somente quem tem licença de chofer de táxi garante a segurança dos clientes.

Na Alemanha, um tribunal de Berlim igualmente baniu alguns dos serviços do Uber, como a conexão direta entre cliente e motorista, alegando que a empresa não cumpre as exigências locais.

Na Austrália, o governo de Melbourne começou a multar em US$ 1,7 mil motoristas sem licença de taxi que recebem dinheiro para transportar passageiros intermediados pelo aplicativo. O Uber promete que vai pagar a multa. Os australianos duvidam disso.

Na França, associações de taxi organizam protestos para 11 de junho. Alegam que pagam uma pequena fortuna para obter a licença para táxi e não suportam a nova concorrência.

As polêmicas perseguem o Uber também nos Estados Unidos. No fim de 2013, a empresa foi acusada de deslealdade ao aumentar enormemente os preços das corridas em Nova York em plena nevasca de neve. Uma corrida que antes custava US$ 20 passou para US$ 100. E alguns motoristas americanos acusam a companhia de ter "roubado" suas gorjetas.

Owens minimiza tudo isso e diz que, na verdade, a política da empresa é de reduzir o preço das corridas. "Vamos querer ser sempre o mais barato. Em Boston, reduzimos nossa comissão e pedimos para os motoristas baixarem o preço da corrida em 20%. O resultado foi aumento de 30% nos negócios."

Para o executivo e também para vários analistas presentes no Fórum Internacional de Transportes, em Leipzig, na Alemanha, o futuro do setor será impulsionado pelo meio digital e os governos vão ter de encorajar o uso mais eficiente dos veículos e das infraestruturas.

Para esses analistas, o futuro do sistema tradicional de táxi está com os dias contados. E para o Uber, a concorrência tende a aumentar. Somente em Pequim, o governo deu aval para quatro aplicativos de táxi operarem na capital chinesa. Um deles é o Didi Dacha, que recentemente conseguiu US$ 100 milhões de investidores para crescer mais rapidamente.

Na Suíça, onde o cartel dos táxis é fortíssimo, um aplicativo apoiado pelo Touring Clube Suisse oferecerá em breve o contato por smartphone entre o motorista e o cliente. Este pagará 99 centavos de franco por quilômetro, dos quais 45 centavos ficam com o motorista e o resto cobrirá custo de gestão do aplicativo.

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