Oi anuncia venda de torres por R$ 1,17 bi




Infraestrutura já não é considerada ativo estratégico para as operadoras

A Oi anunciou ontem sua quinta operação de venda de torres de telefonia. Dessa vez tratava-se de um lote de 1.641 equipamentos de telefonia móvel comprados pela SBA Torres Brasil por R$ 1,172 bilhão. A operadora já soma quase R$ 7 bilhões em bens vendidos desde o fim de 2012, quando iniciou a estratégia de se desfazer de ativos não-estratégicos para reduzir sua dívida - R$ 30,29 bilhões no trimestre encerrado em março. Desde então, a Oi já vendeu 4.856 torres de telefonia móvel, 6.339 fixas, para a SBA e para a BR Towers, um imóvel e a empresa de cabos submarinos Globenet.

A operadora não revela quantas torres próprias ainda possui, mas em fevereiro a informação era de que planejava vender as cerca de 2 mil torres que ainda lhe restavam. Passaria, assim, a atuar só com o uso de equipamentos alugados.

Segundo a Oi, as vendas de ativos representam um custo entre 7% e 8%, que é inferior ao custo médio de captação de recursos da companhia. No fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários ontem sobre a atual operação, a companhia destacou que a transação reforça e melhora sua flexibilidade financeira, permitindo aumentar os vencimentos e maturidades da dívida, reduzir o custo associado ao financiamento e fortalecer a posição de liquidez.

A ação preferencial da Oi foi cotada ontem a R$ 2,08, alta de 1,96%. Pela manhã, a alta chegou a quase 3%, mas um analista que preferiu não se identificar disse que a variação era resultado da volatilidade apresentada pelas ações da companhia nos últimos meses. "Só ontem [terça-feira] a ação caiu 3,77%", lembrou. No ano, os papéis da operadora acumulam recuo de mais de 40%.

O mercado de torres de telefonia está aquecido globalmente, mas tem se destacado no Brasil desde 2012, quando as operadoras começaram a se desfazer desses ativos por questões financeiras. O Brasil conta atualmente com 56.508 torres de telefonia celular, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). É nesse volume que está o potencial de negócio para venda e terceirização de serviços.

Telefônica Vivo, Claro e TIM e Oi possuem quantidades bem parecidas de torres. Os equipamentos somados da Oi e TNL, que integram o mesmo grupo, atingem 13.746 unidades. Embora os números sejam expressivos, é preciso descontar quantos equipamentos são próprios e terceirizados, o que as empresas não gostam de revelar.



O mercado de torres terceirizadas para empresas especializadas na gestão desses ativos tem crescido nos últimos anos. Essas empresas não só têm adquirido os equipamentos das operadoras, como também constroem sua própria infraestrutura para depois alugar o uso às teles. Só a BR Towers, por exemplo, tinha R$ 1 bilhão investido entre aquisições e construções no ano passado, segundo apurou o Valor.

Uma fonte que atua no setor, mas prefere se manter no anonimato, informou que o mais importante na venda desses ativos para as operadoras é que elas ficam liberadas de fazer investimento (Capex) e que o custo tem pequeno impacto no lucro sobre juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) dessas companhias. No balanço do 1º trimestre da Oi consta que do total de ativos vendidos pela empresa até aquela data, R$ 3,3 bilhões tiveram impacto no Ebitda.

Geralmente, enquanto cada operadora assume o investimento de suas torres, o que pode ser amenizado depois por meio de compartilhamento com concorrentes, para as empresas que só trabalham com esses ativos, como American Tower, SBA e TorreSur, do grupo americano Providence, é possível reduzir significativamente o custo da infraestrutura ao compartilhar o uso com diversas empresas.

A Telefônica Vivo informou ao Valor, por meio de nota, que "foi pioneira na estratégia de compartilhamento e venda de torres, iniciada em 2002. Hoje, das 14.728 torres com antenas da Vivo no país, aproximadamente 90% têm uso compartilhado".

Vale destacar que esses ativos eram considerados estratégicos até há poucos anos. E mesmo hoje, para fazer o compartilhamento, a negociação é demorada e ainda há desconfiança sobre as informações que trafegam nas antenas do vizinho. No caso da venda, os acordos têm sido atrelados ao aluguel do ativo para a operadora por até 20 anos.

De modo geral, as teles aceitaram bem a ideia de venderem suas torres. Não é o caso da Claro, que se mantém firme no propósito de possuir os ativos. Ontem, a companhia informou ao Valor que "não há o interesse da operadora em realizar a venda de suas torres de telefonia para empresas terceiras."

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