Será que é hora de comprar um smartphone 4G?


O esforço do governo e das operadoras para fazer o 4G funcionar nos estádios da Copa - e não deixar na mão os turistas estrangeiros que usam a tecnologia há mais tempo - trouxe uma dúvida para o consumidor brasileiro: será que chegou a hora de trocar o smartphone atual por um aparelho de quarta geração?

Há incentivos para fazer essa migração. O número de modelos 4G disponíveis no Brasil aumentou bastante, o que ajudou a alargar a faixa de preços dos aparelhos. Dá para comprar modelos mais ou menos caros, dependendo do bolso do freguês. A maioria das operadoras também passou a oferecer pacotes de serviços 4G, inclusive pré-pagos, o que torna mais fácil aderir ao padrão.

Mas não se pode perder de vista para o que serve a quarta geração de telefonia celular: acelerar a velocidade de navegação na internet e facilitar o consumo de conteúdo em alta definição. Se você gosta de ver vídeos e jogar no celular ou tem o hábito de baixar muitas músicas ou aplicativos, está na hora de considerar a possibilidade de ingressar no 4G. Mas se o telefone continua sendo uma ferramenta para falar com outras pessoas - com o uso esporádico para outros fins - é melhor ficar no 3G e esperar a quarta geração amadurecer. O 4G não melhora voz. Parte dos consumidores nos grandes centros tem sentido dificuldades para falar dependendo de onde estão, principalmente em ambientes internos.

Vale lembrar que no mundo da tecnologia, as inovações custam caro nos primeiros ciclos, mas os preços tendem a cair rapidamente com os ganhos de escala, ao mesmo tempo em que as eventuais falhas são corrigidas, tornando a própria tecnologia mais confiável.

Cerca de 18 meses atrás, a expectativa de executivos do mercado de telecomunicações era que os smartphones 4G chegariam ao Brasil a preços proibitivos, na faixa de R$ 3,5 mil. Para o bem do consumidor - e do futuro da tecnologia -, as projeções não se confirmaram. O preço médio dos lançamentos da primeira onda ficou em R$ 2,5 mil. Não é nenhuma pechincha, mas não ficou fora da faixa mais alta de preços que já era cobrada dos telefones 3G mais sofisticados.

Muitos modelos continuam concentrados no topo da pirâmide do consumo. O iPhone 5S de 64 gigabytes (GB), da Apple, custa R$ 3.599, e o Galaxy S5 de 16 GB, da Samsung, tem preço sugerido de R$ 2.599. Existem, porém, opções mais em conta. O Optimus F3, da LG, sai por R$ 669 e o Lumia 625, da Nokia, custa R$ 719. Esse é o chamado preço cheio, para aparelhos desbloqueados, que podem ser usados com qualquer operadora.

Quem preferir atrelar a compra dos aparelhos a um plano de serviços - o chamado pós-pago - pode encontrar valores ainda mais baixos, dependendo das ofertas das operadoras. Na Vivo, o Lumia 820, da Nokia, é encontrado a R$ 49 sob um plano de 400 minutos por mês.

Muitos consumidores ainda fazem confusão sobre o uso do 4G. "Alguns clientes acham que estão no 4G só por ter um aparelho compatível com a tecnologia", diz Márcio Fabbris, diretor de marketing da Vivo. Não é assim. Para usufruir das velocidades mais altas, o consumidor precisa comprar um chip 4G - no caso de um aparelho desbloqueado - e começar a pagar um plano para essa tecnologia.

Os preços por megabyte cobrados pelas operadoras não aumentaram na passagem da tecnologia 3G para 4G. Mesmo assim, as tabelas dos serviços de quarta geração são mais altas porque os pacotes envolvem mais megabytes. Por isso mesmo é recomendável que o usuário avalie sua necessidade de uso. Existe o risco de pagar mais por uma capacidade que será subutilizada. O contrário também é verdade. Usuários que fazem uso pesado da infraestrutura podem acabar pagando excedente ou ter a qualidade do serviço reduzida depois de atingir a capacidade do plano.

Em maio, existiam 2,83 milhões de usuários de telefones 4G no Brasil, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Ainda é pouco perto do número total de usuários de telefonia móvel no país - o equivalente a 1,03% das 275,4 milhões de linhas em serviço -, mas o suficiente para mostrar que existe demanda.

A migração para o 4G não é uma questão importante apenas para o consumidor. Existe o aspecto da infraestrutura, que faz uma grande diferença para as operadoras. À medida que os usuários mais ativos - que consomem mais espaço nas redes de telecomunicações - migram para o 4G, mais espaço é liberado nas redes 3G, que em maio concentravam 41,38% dos usuários de celular no país. Isso permite outra mudança: que os usuários de 2G "subam" para a terceira geração, o que representa receita adicional para as operadoras.

A chegada dos turistas estrangeiros para a Copa também suscitou uma dúvida sobre a compatibilidade internacional dos sistemas. É possível a um estrangeiro usar seu celular 4G no Brasil ou, no sentido inverso, um brasileiro falar do exterior?

Depende do tipo de telefone usado. A telefonia móvel compreende várias faixas de frequência, como se fossem dutos invisíveis pelos quais trafegam os dados. Cada tecnologia pode usar várias faixas diferentes. Cabe aos governos escolherem as que forem mais indicadas a seus países. O Brasil escolheu a faixa de 2,5 gigahertz (GHz) para o 4G, a mesma de alguns países da Europa e da Ásia. Nesses casos, a compatibilidade está garantida. Outros países optaram por faixas diferentes. É o caso dos Estados Unidos, que escolheram a de 700 megahertz (MHz). Um turista brasileiro que viajar para Nova York, por exemplo, poderá usar seu aparelho 4G durante a estadia, mas a velocidade ficará restrita ao padrão 3G. Em médio prazo, isso vai mudar. O Brasil fará, entre agosto e setembro, o leilão das faixas de 700 MHz para a telefonia celular. "Esse será o grande impulsionador do mercado", diz Roberto Soboll, diretor de produtos de mobilidade da Samsung.

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