Telefónica esta a um passo' para compra da GVT.



A eventual entrega à francesa Vivendi das ações da Telecom Italia detidas pela espanhola Telefónica seria "um passo" no cumprimento da decisão do ano passado do Cade (Conselho Administrativo de Defesa ), disse nesta quarta-feira (6) o presidente do órgão brasileiro antitruste, Vinícius de Carvalho.

O grupo espanhol fez uma oferta de R$ 20,1 bilhões pela compra da brasileira GVT, controlada pela Vivendi.

A proposta total é de R$ 20,1 bilhões, sendo R$ 11,9 bilhões em dinheiro à vista. A diferença será dada em ações da Vivo, emitidas depois da "combinação" dos negócios. Não está claro se haverá uma fusão.

Em vez de só receber ações da Vivo, a Vivendi também poderá aceitar 8,3% das ações da Telecom Italia, ajudando a Telefónica a reduzir sua participação na operadora italiana –dona da TIM, segunda em clientes no Brasil.



"Eu não sei ainda o quanto a operação reduziria em termos de participação da Telefónica na Telecom Italia, mas do ponto de vista da decisão anterior seria, digamos, um passo", disse Carvalho durante sessão do plenário do Cade.

O conselho determinou em 2013 que a Telefónica se desfaça de sua participação na Telecom Italia ou encontre um sócio, no Brasil, para a Telefônica Brasil, que opera sob a marca Vivo.

Segundo Carvalho, a análise antitruste de uma eventual compra da GVT pela Telefónica seria desvinculada do caso no Cade que envolve a participação da Telefónica na Telecom Italia, que no Brasil é dona da TIM Participações.

"A decisão do Cade [do ano passado] tem de ser cumprida independentemente de qualquer discussão sobre GVT e Telefónica. Isso não é uma venda casada", disse Carvalho, explicando que o cumprimento da decisão referente à Telefónica e Telecom Italia não pode estar condicionada à aprovação da eventual operação com a GVT.

O presidente do Cade disse que recebeu na terça-feira um telefonema do presidente da Telefônica Brasil, Antonio Carlos Valente, para explicar a oferta de compra da GVT.

"Se a oferta (dos espanhóis) for aceita, eles vão notificar e nós vamos analisar, Sem dúvida será uma análise minuciosa, detalhada", disse Carvalho, que preferiu não fazer comentários sobre os efeitos concorrenciais da eventual operação.

TIM

Reportagem da Folha desta quarta-feira mostra que as negociações da Telefónica com a Vivendi se estendiam havia algumas semanas e se intensificaram devido ao avanço das conversas entre Vivendi e Telecom Italia em torno de uma fusão da GVT com a TIM.

Ainda segundo apurou a reportagem, alguns bancos de investimento foram contratados para um acordo entre italianos e franceses, mas ainda não havia uma negociação efetiva.

Para alguns acionistas da Telecom Italia, a oferta da Telefónica seria uma "reação" e um "insulto", porque prejudicaria a TIM mais do que ajudaria a Telefónica a conter o bilionário mexicano Carlos Slim, dono da Claro.

Mas, na Telefónica, há motivos comerciais. Pessoas próximas às negociações dizem que a companhia quer se fortalecer fora de São Paulo na briga pelos clientes de alto poder aquisitivo -alvo para ofertas de TV, internet ultrarrápida e telefonia.

Por isso, seria vantajosa a compra da GVT -que está em mais de 150 cidades com 1,5 milhão de clientes de alto poder aquisitivo comprando banda larga de mais de 15 Mbps e pacotes de TV.

IMBRÓGLIO

A oferta pela GVT está condicionada à aprovação das autoridades competentes: Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e Cade.

No final do ano passado, o Cade aplicou uma multa de R$ 15 milhões contra a Telefónica por ter descumprido um acordo assinado com o órgão em 2010. Esse acordo previa que a Telefónica não ampliaria sua participação na Telecom Italia, dona da TIM.

Naquele momento, a Telefónica detinha 46% de uma empresa chamada Telco, maior acionista da Telecom Italia, com 22,4% de participação. Na prática, isso significava que a Telefónica detinha, indiretamente, 7% da TIM. Como os espanhóis dividiam o controle da líder Vivo com a Portugal Telecom (PT), o Cade entendia que não havia riscos ao mercado.

Mas a Telefónica comprou a fatia da PT, assumindo o controle da Vivo, e, em setembro de 2013, ampliou sua participação na Telco a 66%, passando, indiretamente, a ter 10% da TIM.

Resultado: o Cade aplicou a multa e determinou que a Telefónica buscasse um sócio para a Vivo ou saísse da Telecom Italia.

Como antecipou a Folha, a Telefónica foi à Justiça para anular as decisões do Cade e, agora, com a nova oferta pela GVT, os espanhóis acreditam que poderão voltar ao Cade para resolver seus imbróglios societários.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

4 celulares para curtir TV digital

Android Pie chega ao LG G7 ThinQ.

Driver leadership 0091 - Receptor de TV Digital.zip