TIM tem mais condições de comprar a Oi

A Oi pode vender seus ativos operacionais em Portugal para a Altice, mas a situação financeira da empresa chegou a um ponto de deterioração que a operadora pode perder o protagonismo na consolidação do setor, afirmam analistas de bancos que acompanham esse mercado. A possibilidade de a TIM assumir a dianteira em um movimento de aquisição começou a se fortalecer no fim de novembro, depois de a subsidiária da Telecom Italia vender 6.481 torres de telefonia móvel por R$ 3 bilhões para a American Towers, melhorando a flexibilidade de caixa.

A Oi entrou em negociações exclusivas por 90 dias com a francesa Altice para vender a Portugal Telecom por R$ 7,4 bilhões. O Citi estima que o acordo reduzirá a dívida líquida da Oi em 49% em 2015, para R$ 24,2 bilhões. Mas a operadora pode perder mais de um terço do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) sem ativos operacionais na Europa.

A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, passaria de 4,2 vezes para 3,5 vezes depois da venda dos ativos em Portugal, segundo o Citi. O Itaú calcula que o indicador cairia de 4,3 vezes para 3,1 vezes.

Sem as torres, imóveis e negócios em Portugal, pontos fracos do negócio da Oi ficarão mais visíveis, evidenciando o rápido declínio do negócio - a receita líquida diminuiu 3% nos últimos 12 meses e o Ebitda caiu 16% na comparação anual. A piora reflete a elevada exposição ao negócio de linhas fixas (responsável por cerca de 60% da receita) e um ambiente mais concorrido em TV a cabo e banda larga, assim como o foco em assinantes pré-pagos, menos rentáveis, destaca o Citi. O banco lembra que a empresa está pouco exposta ao segmento de dados móveis, o que limita o potencial de crescimento.

"A melhora do balanço pode estimular a Oi a lançar uma oferta pela TIM, mas é improvável que a empresa tenha capacidade financeira para uma grande e complexa aquisição depois de vender a Portugal Telecom", afirma o analista Lucio Aldworth, do Citi. Para ele, a TIM está em uma posição financeira mais confortável para fazer uma oferta e consolidar o setor.

Em novembro, quando a TIM anunciou a venda das torres, o Credit Suisse publicou relatório afirmando que "um cenário em que a TIM será o veículo de aquisição para a Oi merece séria consideração". Para os analistas Andrew Campbell e Daniel Federle, o momento atual contradiz a maior parte das reportagens feitas no último ano, apontando que a TIM seria alvo de venda e partilha entre suas rivais.

Entre os fatores citados pelo Credit para justificar uma reviravolta no processo de consolidação estão a menor alavancagem para a empresa combinada, o menor prêmio gasto com minoritários, a chance de a Telecom Italia permanecer no país com uma plataforma convergente e a menor resistência de consumidores e do governo.

Independentemente do sentido da consolidação, a venda dos ativos em Portugal é considerada condição primordial para que haja a diminuição de quatro para três operadoras de telefonia no Brasil.

A dívida líquida da Oi é a maior do setor. Estava em R$ 47,8 bilhões no terceiro trimestre, 59 vezes superior aos R$ 791 milhões da TIM e 32 vezes acima de R$ 1,45 bilhão da Vivo. A Oi incorporou os resultados da Portugal Telecom em maio, mas a portuguesa aportou quase € 900 milhões a menos que o previsto na fusão após vir à tona o investimento feito na Rioforte, holding do Banco Espírito Santo (BES), que entrou em colapso.

Na corrida pela Portugal Telecom, os fundos Apax e Bain e a portuguesa Semapa afirmam que seguem disponíveis para negociar com a Oi e competir com a oferta da Altice. Já a empresária angolana Isabel dos Santos registrou oferta pública de aquisição sobre a PT SGPS - holding dona de 25,6% da Oi e da dívida de € 897 milhões da Rioforte. Não há grandes mudanças frente à anterior, de € 1,35 por ação.

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