A próxima revolução vai estar no celular (e tablets)

A próxima revolução vai estar no celular (e tablets)

O que as revoltas que libertaram alguns países do Oriente Médio, os tumultos de Londres e a compra de parte da Motorola pelo Google possuem em comum? O aparelho celular. Esse mesmo aparelho que no começo dos anos 90 era apenas usado para falar em voz alta em lugares públicos para ser exibido como status social foi capaz de mudar o mundo e ainda está na sua infância. Falo isso porque como veterano da internet (meu primeiro contato com a rede foi em 1993) vejo uma incrível semelhança nesses momentos. O começo da internet foi marcado por alguns fatores como:

-Comprar um computador era caro;
-Conectar-se a internet era caro. Tanto para empresas (alguém lembra que o preço de 1Mbps no Brasil era de R$ 16 mil mensais?) como para os -usuários finais. Tínhamos que esperar a meia noite e os fins de semana para usar a internet discada para a conta telefônica não estourar;
-Fazer páginas em HTML era a última tecnologia e todas as empresas queriam marcar presença na Web;
-As novas empresas .com nasciam e eram a grande novidade. As previsões de um futuro onde todos ficariam conectados e consumindo fizeram essas pequenas empresas que ocupavam garagens valer milhões;
-E finalmente a bolha estourou e poucos sobreviveram.

O tempo passou e o mundo mudou. O cenário hoje está diferente do começo e mais maduro: o preço do PC baixou muito, temos uma grande massa de 2,1 bilhões de pessoas conectadas, empresas .com sólidas e rentáveis, um comércio eletrônico crescente, redes sociais gigantescas e novas formas de acesso além do PC e Laptop. Mas existe algumas coisas em comum:

-Comprar um smartphone é caro;
-Conectar à internet com um smartphone é caro;
-Fazer apps é a última tendência tecnológica (mas não tão fácil quanto criar páginas HTML) e muitas empresas tradicionais como bancos, -companhias aéreas já possuem apps;
-Empresas focadas em geolocalização como o Foursquare com grandes promessas de faturamento estão surgindo (o modelo de negócios aqui ainda está nebuloso como era antigamente);
-Vamos ter outra bolha??

Observando todas essas variáveis em jogo, nada mais certo que apostar todas as fichas na plataforma de celulares. Em se tratando de Smartphones, embora não tenha lançado o primeiro, a Apple saiu na frente com o conceito do iPhone como uma plataforma computacional móvel e não simplesmente um celular. Isso agitou o mercado, pegando gigantes como a Nokia e a Motorola de surpresa. O conceito de terceirizar para o mundo o desenvolvimento de aplicativos, ou apps, pegou carona na filosofia bem sucedida do software livre e trouxe uma enxurrada de programas para o aparelho.

Vendo que o celular se tornou um PC 24h conectado e capaz de organizar eventos que mudam a história de países, o Google resolveu se mexer e comprou o setor de celulares da Motorola uma semana atrás. Embora existam "n" razões para esse negócio, a mais óbvia para mim é que se o Google quiser que os seus usuários possuam uma experiência única ao usar o Android, deve construir um aparelho a altura. Eles não podem ditar como os outros parceiros do Android (Samsung, HTC, LG etc.) fabricam seus modelos, mas se tiverem o controle disso, podem oferecer recursos sofisticados que podem abrir vantagem sobre os concorrentes.

O outro grande nome no mercado é a Nokia, que preferiu fazer uma parceria com a Microsoft e abandonar o seu próprio sistema, o Symbiam. Mas se a Microsoft quer mesmo ter relevância nesse mercado, o passo natural é adquirir a Nokia e montar um aparelho com a sua cara. Isso é uma notícia triste para os outros fabricantes, pois as poucas alternativas que restam são: criar seu próprio OS e loja de Apps, ser um competidor que sempre correrá atrás do dono do sistema operacional ou abandonar o mercado e oferecer aplicativos, conteúdo ou soluções de computação em nuvem.

E se as coisas ainda não pudessem piorar para eles, elas irão. O mesmo cenário de aparelhos celulares é o mesmo de uma nova tecnologia: a IPTV. Essas mesmas empresas que estão ganhando terreno no mercado móvel planejam invadir a sala de estar com uma TV conectada. Existem projetos da Apple TV, Google TV e quem sabe, a Microsoft TV.

O Fator Tablet

O mercado de PCs está sentindo bastante a entrada dos tablets. Com alguns acessórios como este teclado, podemos transformar um iPad2 em um netbook e dar adeus as limitações ergométricas de digitar textos. Em algumas colunas escrevi que o PC iria ser substituido pelos tablets. Muita gente criticou, mas os números atuais não mentem: a Apple vendeu mais iPads que laptops/desktops, a HP quer se desfazer da fabricação de PCs, (o seu próprio CEO falou que o fator tablet não pode ser ignorado) e para concluir, um cientista da IBM que participou do projeto do PC falou que o principal dispositivo dele atualmente é um tablet e que a era do PC chegou ao fim.

teclado-ipad

Não restam dúvidas que o mercado de PCs vai se tornar um nicho e a maioria das vendas vai ser de tablets. A dobradinha Tablet e Celular vai ditar o mercado por alguns anos até que uma nova tecnologia seja criada.

A Microsoft neste cenário

A Microsoft, a gigante de software que já foi a empresa mais valiosa do mercado está com um futuro incerto, pois a presença dela é mais forte nas plataformas PCs e Laptops. O mercado de tablets é uma séria ameaça ao windows, pois os dois sistemas operacionais do momento são o iOs da Apple e o Android do Google. Já existem empresas fazendo planilhas e editores de textos para essas plataformas, o que deixa o Office também de fora. Embora esses programas possuam menos recursos que o Office, a maioria dos usuários não usam todas as funções do Office e um editor com menos recursos pode atender bem.

Contudo, a Microsoft possui tudo que precisa para continuar relevante:

Ela possui data centers e tecnologia de cloud computing e isso é o que vai  mover a indústria de tablets. Ela pode oferecer esses serviços;
A compra da Nokia é um passo natural. Isso permitirá que ela fabrique não só um celular, mas um tablet para rodar o Windows e o Office;
O Office pode ser portado para o Android e o iOs e usar a plataforma de cloud computing para deixar os documentos portáteis;
Com a experiência bem sucedida em video games com X-box e o Kinect ela pode lançar os jogos para os tablets e celulares com o Windows;
Com a compra do Skype, ela possui uma base de dados maior que qualquer operadora de telefonia do mundo;
Recentemente o Skype comprou o group-me, empresa de mensagem de celular.

O Futuro

Não se pode negar o poder que os smartphones e das redes sociais ganharam. E quando governos autoritários se veem com problemas, a primeira coisa a fazer é bloquear o acesso a elas. As ameaças de bloqueio das redes e do uso de mensagens para celulares por parte do governo da Inglaterra lembraram-me do filme V de Vingança, onde viveríamos em um futuro autoritário e sem liberdades.

A tecnologia de celulares ainda tem muito a oferecer e crescer. Ela em muito breve substituirá os cartões de crédito com a tecnologia NFC e isso é apenas o começo.

celular-cartao

A dobradinha celular e redes sociais podem nos trazer grandes benefícios se soubermos usá-los bem. Pegando carona nas revoluções que eles causaram no mundo, porque não unir os Brasileiros em prol de coisas importantes para o nosso país? Podemos começar exigindo menos tributos em equipamentos de tecnologia e telecomunicações. Em plena revolução digital, é inadmissível que tenhamos que pagar no mínimo 2x mais que cidadões de países desenvolvidos por tablets e equipamentos eletrônicos e tenhamos a terceira maior carga tributária em telecomunicações do mundo. Isso vai aumentar a inclusão digital e ajudar a desenvolver nosso país.



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