porquê GHz e núcleos extras não fazem tanto sentido para o usuário final

No último lançamento que fomos cobrir, dos Lumias 1020 e 925, publiquei o texto e muitos comentaram que era um absurdo cobrar R$ 2,4 mil por um dual-core, mesmo que com uma câmera fantástica. Este foi o ponto onde acredito que precisamos explicar que ter dois, quatro ou oito núcleos não significa tanto assim para o usuário final, mas sim para o sistema operacional e as necessidades dele.

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Processador não é tão relevante para o usuário

Ok, pode parecer caro demais cobrar X mil reais por um smartphone dual-core, mas vocês já pararam para pensar que o iPhone 5S conta com dois núcleos rodando a 1.3 GHz, 1 GB de memória RAM e consegue rodar tão bem quanto os quatro núcleos do Galaxy Note 3 rodando a 2.3 GHz, com 3 GB de memória RAM? A mágica está no sistema operacional e como ele lida com tudo isso. O mesmo acontece com a BlackBerry, que faz o BlackBerry 10 rodar perfeitamente e sem engasgos, em um dual-core. A Microsoft também, com o Windows Phone não necessitando de mais núcleos ou mais que 1.5 GHz para rodar sem um travamento sequer em qualquer parte do Windows Phone 8 ou até no WP 7.8. Não seria muita coincidência que apenas o Android precisa de muito mais do que isso?

O vilão da história, que força esta necessidade, é o sistema operacional. O Android é como o Windows. Ele precisa rodar bem em uma série de fabricantes e por isso ele é abarrotado de "drivers" para que um LG rode, um Samsung também, o HTC consiga o mesmo e por ai vai. Além disso, o Android recebe modificações que algumas empresas instalam, inserindo mais e mais recursos para melhorar a experiência de uso - ao olhar do fabricante, claro. Isto pesa e é esta combinação que faz o Galaxy Note 3, escolhido por ser o Android com hardware mais parrudo da atualidade, necessitar de um processador com clock superior ao que o meu notebook utiliza, para rodar apenas o Android - que é bem mais leve do que o Mac OS X que tenho aqui.

O Android é o alvo deste texto, pois ele é o único que permite tamanha modificação e o único que suas fabricantes criam um hardware monstruoso - sim, é lindo ver que o hardware de um computador está rodando bem em um smartphone/phablet. Ter recursos funcionando ao mesmo tempo que o sistema operacional, como a possibilidade de entender onde estão os olhos do usuário em direção da tela, consome o hardware. Consome muito hardware.

Vamos mudar o foco para o Windows Phone. O Lumia 1020 é o smartphone mais high-end da marca e ele conta "apenas" com um processador dual-core de 1.5 GHz e 2 GB de memória RAM. E é isso que a Nokia precisa para que o sistema operacional rode sem nenhum travamento o tempo todo. Que os jogos rodem muito bem e que a câmera possa trabalhar. Na verdade, ela necessita de menos - ou seja, o 1 GB extra é para trabalhar melhor as imagens de 38 megapixels. Colocar mais dois núcleos rodando em um Lumia, seria desperdício de desempenho e um gasto extra de energia que pode ser retirado. Entenderam?

Olhando para o iOS, temos um exemplo ainda melhor de bom tratamento do sistema operacional. A Apple fabrica o hardware e o software dos seus produtos e o iOS roda apenas nos gadgets da Apple. Isto ajuda muito, já que o iOS não precisa de "drivers" para rodar em outros aparelhos. Além disso, a Apple otimiza o iOS de uma forma que colocar quatro núcleos ainda não é necessário, já que um processador dual-core lida perfeitamente com tudo que existe na App Store. Além disso, a Apple trabalha a parte gráfica do sistema operacional dentro da GPU (placa de vídeo), liberando o processador para outras tarefas. O Google começou a trabalhar desta forma recentemente, mais um exemplo do motivo de tantos GHz extras do lado do Android.

Outro ponto que precisa ser levado em consideração, é a resolução de tela. Os Androids top de linha trazem telas Full HD, que consomem muito mais hardware do que as telas dos iOS, BlackBerry e Windows Phone. Por outro lado, o iPad conta com uma resolução altíssima no modelo Retina e mesmo assim é um dual-core - GPU salva nesta hora, por levar o trabalho para ela.

 Como comprovar isto?

Sabe a melhor forma de comprovar que um dual-core em um sistema (iOS, Windows Phone ou BlackBerry) roda melhor do que um quad-core (ou octa-core, nos Samsung) do Android? Pegue os aparelhos e rode os mesmos aplicativos, como o Facebook, Twitter e WhatsApp. Todos abrem exatamente no mesmo momento e, em algumas ocasiões, mais rápido nos dual-core do que nos Androids. Existem games que rodam até melhor num iPhone de dois núcleos e 1.3 GHz, do que num Android quad-core de 2 GHz, por exemplo - partindo do princípio que temos GPUs semelhantes.

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