sistema operacional móvel da Mozilla, o Firefox OS, tentará encontrar espaço em um mercado ultracompetitivo, dominado pelo iOS, da Apple e o Android, apoiado pelo Google.

Contratado para criar aplicativos com conteúdo brasileiro para a nova plataforma móvel, Leonardo Copello, fundador da uTouchLabs, diz que há sim espaço para mais um sistema operacional para celulares e explica como a Mozilla tentará ganhar mercado num segmento em que até gigantes como Microsoft, Nokia e BlackBerry encontram dificuldades.

Smartphones com Android e iOS representam mais de 93% do mercado e grandes corporações, com investimentos bilionários, têm dificuldade em se tornarem relevantes neste setor. Por que com a Mozilla isso seria diferente? No passado, quando o navegador Firefox surgiu, o mercado também era quase que totalmente concentrado em um só produto, o Internet Explorer, o que não impediu que um novo browser, com uma proposta inovadora ganhasse mercado. Se você avaliar a estratégia da Mozilla para smartphones, verá que ela tem grandes chances de sucesso. A principal razão para isso é que o Firefox OS é um sistema para dispositivos intermediários, que serão largamente vendidos nos mundo nos próximos anos. Aqui no Brasil, na Índia, no México, milhões de usuários comprarão seu primeiro smartphone nos próximos anos, que serão também seus primeiros dispositivos de acesso à internet móvel. Para este novo consumidor, um dispositivo ao mesmo tempo poderoso e de baixo custo, como se propõem ser os smartphones com Firefox OS fará todo sentido.

A Mozilla é apoiada por uma comunidade apaixonada de fãs e desenvolvedores, mas não tem a força econômica, por exemplo, de companhias como Apple, Google, Microsoft, Nokia ou BlackBerry. Como competir com estes gigantes? O Firefox OS vai buscar novos mercados, justamente o usuário que está entrando no mundo mobile. Naturalmente, não é uma tarefa de um grupo de desenvolvedores e fãs de código-aberto. Este é um projeto apoiado por uma aliança que, no momento, soma 18 operadoras de telefonia no mundo, como a Telefônica/Vivo, por exemplo, que venderá estes dispositivos no Brasil. Em fevereiro, estive em Barcelona acompanhando o Mobile World Congress (MWC) e o Firefox OS foi a grande sensação do evento. Toda indústria está muito curiosa em torno do potencial deste produto. Fabricantes como LG, Sony, ZTE, Alcatel e Huawei já anunciaram apoio à iniciativa. Então, há uma grande articulação para promover o Firefox OS. É importante lembrar que as operadoras tem interesse em promover novos sistemas operacionais, especialmente um produto em código-aberto, que permita o ingresso de novas classes de consumidores em suas redes e, sobretudo, que lhes permita criar suas próprias lojas de apps, sem submeter-se às rígidas regras da Apple e Google.

O ecossistema de aplicativos é outro obstáculo para o Firefox OS, não? A Mozilla decidiu abraçar apps construídos em HTML 5, que é uma tecnologia que deve dominar esse segmento no futuro e permite uma portabilidade muito grande. Ao adotar o HTML 5, qualquer aplicação que já exista nesta tecnologia pode facilmente ser oferecida para Firefox OS. Além disso, as operadoras devem criar suas próprias lojas de apps para Firefox OS, ampliando a oferta. Minha empresa, aliás, participa dessa iniciativa justamente no desenvolvimento de aplicativos. Há um consenso de que, para fazer sucesso no Brasil, os smartphones com Firefox OS devem possuir muitos apps com conteúdo local e estou criando vários deles, como o app da Copa das Confederações e um aplicativo do canal SporTV.

Ainda não é muito cedo para desenvolver apps em HTML5? Apps construídos nativamente para um sistema operacional não são mais eficientes? Existem sim muitas vantagens em construir apps nativos, afinal isto permite uma integração mais eficaz entre hardware e software. No entanto, o número de desvantagens é muito grande também. Imagine uma empresa que produza um app para iOS, Android, Windows Phone e BlackBerry 10. É uma enorme dor de cabeça dar manutenção em todas estas plataformas, os custos para os desenvolvedores são altíssimos. Por isso, acredito que haverá um movimento progressivo na direção de soluções multiplataformas, como o HTML 5. 

Durante a Campus Party, a INFO testou o Firefox OS. Tivemos a impressão de que o sistema ainda é precário em vários aspectos...  A versão exibida no Brasil e também na MWC, em Barcelona, ainda era uma versão de testes. A Mozilla está aprimorando o sistema operacional, que deve atingir um estágio já bastante maduro neste semestre. Não tenha dúvidas de que, quando estrear, o Firefox OS será um sistema operacional estável e com todas as vantagens de ser uma plataforma aberta.   Isso será muito bom para os consumidores e para toda indústria.

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