O dia em que Apple e Motorola se uniram para lançar um celular










Já houve tempos mais simples na indústria de celulares. Uma época em que Motorola e Apple podiam andar de mãos dadas para a criação e fabricação de um produto, e ninguém acharia esquisito. Na metade dos anos 2000, este foi um relacionamento real, que gerou um filho bastardo: a linha de celulares, ROKR nascida em 2004, há uma década.

A linha deu as caras com o ROKR E1, que entrou para a história como o “pai do iPhone”, criada quando Steve Jobs percebeu que o iPod era um sucesso, e que as pessoas também estavam comprando muitos celulares. A ideia foi simples: “por que não damos um jeito de unir as duas coisas?”, deve ter pensado o executivo na ocasião.

No entanto, naquele tempo, a Apple não fazia a menor ideia de como produzir um celular, apesar de especulações indicarem que a empresa já pensava nessa possibilidade. O produto foi lançado em 2004, mas o planejamento vinha desde 2002, início da explosão do iPod. E o primeiro iPhone sairia apenas em 2007, depois da experiência com a Motorola.

A ideia deu origem a um celular comum, muito longe do conceito que viríamos a ver alguns anos mais tarde com o iPhone, mas com um diferencial. Graças à parceria entre Motorola e Apple, o ROKR tinha um player com suporte às músicas do iTunes, em uma época onde ainda era comum a compra de música.



É engraçado relembrar o que as empresas falaram na ocasião. “Não podemos imaginar uma parceria mais natural do que esta com a Apple, marca que é sinônimo de downloads legais de música e facilidade de uso, e a Motorola, inovadora em tecnologia móvel”, afirmou Ed Zander, CEO da Motorola na época do lançamento do aparelho. “Ser capaz de transferir músicas que você comprou no iTunes para o celular da Motorola aumenta o alcance de mercado para nós e gera novas receitas”, completou.

Jobs também se mostrou empolgado com a oportunidade. “Estamos felizes de trabalhar com a Motorola para permitir que milhões de amantes de música transfiram suas músicas do iTunes em seus PCs para a próxima geração de celulares da Motorola”. Ele esperava que o mercado de telefones móveis alcançaria 1,5 bilhão de pessoas até o fim de 2004, e a ideia era colocar as músicas de sua loja na mão destas pessoas. Parecia uma ideia sensata de negócios. “Achamos que a Motorola é o parceiro ideal para dar o pontapé inicial nisso”, completou o fundador da Apple.

O celular chegou até mesmo a ser lançado e divulgado no Brasil, como mostra o comercial abaixo:



E é claro que foi um fracasso retumbante, tanto é que hoje temos iPhones e Moto X, e não novos ROKRs. O aparelho viria a ser comercializado apenas em 2005, com limite de apenas 100 músicas, o que não é exatamente um ponto a favor, nem mesmo naquela época, quando o armazenamento era mais escasso. Além disso, existiam celulares consideravelmente mais bonitos na época.

O aparelhinho tinha uma tela de com resolução de 176x220 e uma câmera de 0,3 megapixels, permitia toques polifônicos e já tinha suporte a Bluetooth 1.2, além de ser capaz de brilhar no ritmo da música. A linha ROKR ganhou sequências, mas já sem o envolvimento da Apple.

O resultado final da brincadeira: a Apple adquiriu um pouco do know-how de produção de celulares com a Motorola, o que acabou, provavelmente, influenciando a criação do iPhone, lançado alguns anos depois. O produto viria a dominar o crescimento da indústria de smartphones, e desbancaria gigantes da tecnologia móvel como Nokia, Blackberry e, quem diria?, a própria Motorola, que parece finalmente estar se recuperando depois de alguns anos ruins.

E para quem tem a curiosidade, a internet, essa coisa mágica, guarda até hoje o evento de apresentação do Motorola ROKR E1, comandado por Steve Jobs. Para quem tem o tempo necessário para isso, é curioso assistir o vídeo abaixo. Ele começa a falar do celular a partir dos 17 minutos:

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