especuladores a espreita da Oi

Crise financeira coloca Oi na mira dos especuladores
Bilionário egípcio e empresário Nelson Tanure estão interessados na tele

De olho. O bilionário egípcio Naguib Sawiris, dono da Orascom Telecom, quer ter exclusividade na negociação com a Oi -


RIO - Se é na crise que as oportunidades aparecem, o maior processo de recuperação judicial da América Latina surge como uma chance única para especuladores. Mal recorreu à Justiça em busca de proteção contra credores, a Oi já é cortejada por investidores que farejam possibilidade de lucros em empresas combalidas, entre eles um dos homens mais ricos da África e o brasileiro Nelson Tanure, com ampla experiência em negócios deste perfil.
A investida mais explícita veio do Egito. Com uma fortuna de US$ 3,9 bilhões, o segundo homem mais rico daquele país (e 397º do mundo), Naguib Sawiris, afirmou ontem que está preparado para adquirir participação na Oi, desde que obtenha exclusividade na negociação. O bilionário é dono da operadora egípcia Orascom Telecom.

— A Oi precisa de um acionista com forte experiência em telecomunicações para resolver os problemas operacionais além dos financeiros — afirmou ontem, em entrevista à agência Bloomberg.
Não é a primeira vez que Sawiris demonstra desejo de possuir uma operadora brasileira. Há dois anos, o egípcio chegou a se encontrar com o então ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, quando liderava um grupo de investidores interessados em comprar a TIM, negócio que não aconteceu. Outra ligação de Sawiris com o Brasil já foi objeto de interesse da imprensa em várias ocasiões: seria amigo de Naji Nahas, notório especulador do mercado financeiro local.
CELULAR NA TERRA DE KIM JONG IL
Sawiris tem personalidade peculiar. Com 2,5 milhões de seguidores no Twitter, é uma celebridade em seu país. Causou controvérsia em 2008 ao comprar uma licença de operadora celular na Coreia do Norte, país que já visitou em diversas ocasiões, com direito a jantar e foto de mãos dadas com o ditador Kim Jong Il.
Durante a Primavera Árabe, em 2011, ajudou a fundar o partido Egípcios Livres, que advoga a secularização do país e uma agenda liberal. Quando a Irmandade Muçulmana tomou o poder, Sawiris, que pertence à minoria cristã e foi educado em Zurique, deixou o país. Recentemente, gerou manchetes ao dizer que compraria uma ilha na Grécia ou na Itália para ajudar refugiados em fuga da Síria.


No último dia 15, quando já desandavam as negociações com os credores, a gestora Bridge anunciou, por meio de um dos fundos que gere, ter adquirido 4,75% do capital votante da Oi e 10,90% das ações preferenciais, totalizando 5,92% do capital social. Segundo uma fonte a par dos negócios da gestora, o fundo da Bridge teria como investidor o empresário Nelson Tanure.

Nos anos 1990, Tanure fez agressiva aquisição de estaleiros em dificuldades. Em 2009, tornou-se sócio da TIM ao vender sua empresa Intelig à operadora. No início da década passada, Tanure comprou o “Jornal do Brasil” e a “Gazeta Mercantil”. As publicações acabariam deixando de circular alguns anos depois.
Em comunicado ao mercado, a Bridge disse que “a aquisição (...) do fundo sob sua gestão não objetiva atingir percentual de participação acionária em particular”, mas que “objetiva influenciar na estrutura administrativa da Companhia”. Procurado por meio de assessores, Tanure não quis se pronunciar.
Sawiris e Tanure não são os únicos de olho na Oi. Ao menos um grupo de investidores estrangeiro está preparando proposta pelo controle da tele.
— Em parceria com um banco de investimento em Nova York, estamos liderando um grupo formado por um executivo com larga experiência no setor de telecomunicações e por investidores institucionais que vão colocar uma proposta na mesa pela Oi.
ABUTRES À ESPREITA
Jonathan Saragossa, advogado do escritório Nicola, Saragossa e Campos, destaca que o plano de recuperação pode incluir desde a venda de ativos até a entrada de um investidor nacional ou estrangeiro, passando pela venda do controle da empresa.
Outros interessados à espreita são os chamados “fundos abutres”. O Aurelius, fundo americano especializado na compra de papeis especulativos, de empresas em situação financeira difícil, de fato, já entrou na Oi, confirma fonte a par da operação:


— Esses investidores compram ações da Oi a um preço bom e podem se transformar em bom negócio. Estão comprando dívida. O Aurelius comprou títulos da dívida lá fora. Alguns fundos vão sair logo.
Procurado, o Aurelius não comentou o assunto.
Mesmo que a Oi não feche uma eventual venda de parte de seu controle, a recuperação judicial implicará mudança de comando na companhia. Segundo fontes, o plano de recuperação judicial vai prever desconto do valor devido e troca de parte da dívida restante por ações.

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